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Fidelidade coloca 500 milhões em dívida perpétua. Paga juro de 7,75% até 2029

A seguradora esteve no mercado, tendo conseguido arrecadar o montante pretendido. O juro de 7,75% é pago até 2029. Depois desta data, a dívida pode ser reembolsada pelo emitente. Se não for, já estão estipuladas as condições para o novo cupão.

João Cortesão
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A Fidelidade colocou 500 milhões de euros em nova dívida subordinada Tier 1. Em contrapartida, a seguradora paga, semestralmente, uma taxa de juro fixa, até 2029, de 7,75%. A procura foi três vezes superior à oferta, sendo que a emissão captou o interesse de mais de 120 investidores institucionais, o que a Fidelidade garante que "reforçou a sua solvência, atualmente já muito sólida".

Estes títulos são uma forma de dívida perpétua, o que significa que poderão não ter uma data de vencimento definida, ficando a remunerar juros aos investidores até que o emitente decida avançar com o reembolso antecipado, o que poderá acontecer ao fim de cinco anos. O reembolso é acionado, mediante se verifiquem um de três cenários relacionados com requisitos de solvência. 

Neste caso, as obrigações são reembolsáveis a partir de 2029, data até à qual o juro é de 7,75%. A partir daqui, se a Fidelidade decidir não resgatar a dívida do mercado, o juro será redefinido, de cinco em cinco anos, tendo em conta o "mid-swap" do euro, mais uma margem.

As obrigações subordinadas qualificam como fundos próprios para efeitos de apuramento do rácio de solvência. Com este montante em carteira, a seguradora poderá recorrer a despesas de capital e operacionais em valor equivalente, que serão utilizadas para financiar ou refinanciar, em todo ou em parte, projetos que já existam a surgir, que se enquadrem no Quadro de Financiamento Verde da Fidelidade, de acordo com a Bloomberg.

"O grande interesse demonstrado pelos investidores internacionais nesta operação é um voto de confiança na solidez e, sobretudo, na estratégia de crescimento da Fidelidade e no nosso plano de transformação", diz Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, citado em comunicado. "Com esta emissão reforçamos os nossos rácios de capital e garantimos uma estrutura diversificada de investidores alinhados com a nossa visão de longo-prazo, acompanhando as estratégias de capital das nossas principais congéneres europeias e mundiais que há muito vêm recorrendo a este mecanismo".

Esta terça-feira, o Negócios já tinha noticiado que a empresa estava a preparar esta emissão, tendo estado, para tal, a auscultar investidores institucionais.

Esta foi a primeira vez que a seguradora emitiu este tipo de obrigações, numa operação na qual estiveram a trabalhar o Caixa Banco de Investimento (BI), o Citibank e o Morgan Stanley. "As receitas líquidas da emissão serão utilizadas para a otimização da estrutura de capital do grupo", indica a agência de rating Fitch numa nota sobre a emissão.

A Fitch atribuiu um rating de BBB-, ou seja o primeiro nível de investimento de qualidade, às propostas de obrigações perpétuas subordinadas. Refere que os títulos são classificados três níveis abaixo do rating de longo prazo da Fidelidade, que está em A-, "refletindo o seu pressuposto de recuperação de 'poor' (dois níveis) e o risco de incumprimento 'moderado' (um nível)", explica.

Há um mês a Fidelidade suspendeu os planos para colocar uma participação minoritária da Luz Saúde em bolsa. A seguradora detém 85% do capital e a ideia seria abrir o capital através da venda de uma posição minoritáriaApesar do elevado interesse suscitado junto dos investidores, o preço não terá sido atrativo para a seguradora.

A própria Fidelidade está a considerar fazê-lo no próximo ano. No relatório e contas de 2023, a seguradora indica o objetivo de estar cotada em bolsa em 2025, tendo já iniciado "os trabalhos necessários". Três mil milhões de euros deverá ser o valor de referência a apresentar aos potenciais candidatos a investir, nomeadamente fundos de pensões e "private equities".

(Notícia atualizada às 15h30 com citação do CEO)

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