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UBS eleva para 3.200 dólares projeção do preço do ouro
Depois de o metal amarelo ter superado o patamar dos 3.000 dólares por onça, o banco suíço reviu em alta a sua estimativa para os preços.
O ouro não tem parado de subir. Muitas casas de investimento projetaram, em finais de 2024, que o preço do metal precioso iria atingir o patamar dos 3.000 dólares por onça este ano, mas poucas esperavam que fosse tão cedo. Foi na passada sexta-feira, 14 de março, que aconteceu. A impulsionar tem estado o clima de incerteza, o que reforça o seu estatuto de valor-refúgio.
As tarifas alfandegárias agravadas que Donald Trump está a impor aos seus parceiros comerciais, as tensões geopolíticas, as compras por parte dos bancos centrais que pretendem diversificar as suas reservas e a perspetiva de mais cortes de juros por parte da Reserva Federal norte-americana este ano – reduzindo potencialmente as "yields" da dívida e tornando o ouro (que não rende juros) mais atrativo – formam o cocktail perfeito para a valorização do metal amarelo.
Além disso, o ouro é um ativo muito procurado também como cobertura contra a inflação e as políticas protecionistas dos EUA poderão intensificar as pressões inflacionistas, o que ajuda adicionalmente o metal precioso.
UBS
Perante isto, o UBS reviu em alta a sua estimativa para os preços do ouro, com o "target" a passar de 3.000 para 3.200 dólares por onça. "No curto prazo, reconhecemos que o mercado entrou em território de sobrecompra, mas consideramos que o espírito dominante junto dos investidores continua a ser de cautela face às ações norte-americanas e de confiança no ouro", refere a análise do banco suíço a que o Negócios teve acesso.
"Os preços do ouro atingiram um novo máximo histórico, nos 3.004,94 dólares por onça. O metal acumula agora uma subida de 14% desde o início do ano, depois de ter registado um ganho de 27% em 2024. A última vez que o ouro tinha superado um limiar de "mil dólares" foi quando superou os 2.000 dólares por onça em agosto de 2020, num movimento de subida impulsionado pela pandemia de covid-19", diz o "research" assinado pelos estrategas Giovanni Staunovo, Wayne Gordon e Dominic Schnider.
"Com o preço agora no nosso 'target' de longa data dos 3.000 dólares, a principal questão que se coloca é saber se o 'rally' irá prosseguir. Achamos que sim, dado que os riscos políticos e a intensificação do conflito comercial continuam a impulsionar a procura por ativos seguros".
No que diz respeito ao conflito comercial, os analistas do UBS elevaram recentemente, de 25% para 35%, a probabilidade de uma guerra comercial mais alargada e não excluem que a situação possa vir a encaixar-se no seu cenário de risco, "sobretudo quando a Administração Trump está em vias de divulgar a sua investigação comercial a 2 de abril".
"Ainda ligado ao comércio está a 'acidificação' dos indicadores de sentimento nos EUA, que levou a uma diminuição das expectativas da Fed para o crescimento este ano, tendo aumentado o risco de perceção de uma recessão", sublinha o "research do UBS.
E o que poderá levar a que o preço do ouro retroceda? Segundo os estrategas do banco suíço, "se o Presidente Trump recuar nas suas políticas comerciais, isso minará as compras defensivas, com o ouro a poder recuar até ao nível de suporte técnico dos 2.850 dólares por onça".
UBS
Mas, por agora, a robustez da aposta no metal precioso mantém-se. "Anteriormente, identificámos novos afluxos nos 'exchange-traded funds' [ETF, fundos que replicam o desempenho de um índice, ativo ou cabaz de ativos] como um requisito para catapultar o ouro para níveis mais altos. E isto está a materializar-se, com o maior ETF de ouro a nível mundial (o SPDR Gold Trust) a reportar 908 toneladas em fevereiro, o seu mais alto nível desde fevereiro de 2023".
"A dinâmica em curso destes afluxos, a par da procura por barras e moedas de ouro, é mais importante do que nunca neste contexto. As compras de ouro por parte dos bancos centrais são também cruciais enquanto apoio estrutural do mercado – e os bancos centrais da China e da Polónia, que foram os maiores compradores em 2024, continuam a aumentar as suas reservas de ouro", frisam os estrategas.
Tal como em 2024, remata a análise, "vemos sinais de que as compras por parte dos gestores de reservas poderão estar de novo perto dos níveis dos últimos anos – em torno das mil toneladas por ano".