“Quem é que tem um mealheiro?”, pergunta a educadora Ana Cruz da Escola Básica Quinta da Alegria, em Lisboa, a uma turma de 20 alunos entre os 4 e os 6 anos. “Eu!”, pode ouvir-se de todos quase em uníssono. É a partir do pré-escolar, por ser uma “idade que é uma janela para o mundo e em que dá para falar de tudo” que Ana Cruz pensou: “porque não falar do dinheiro e das moedas” e dos temas da literacia financeira? “Há 10 ou 12 anos, porque achei que era importante sensibilizar as crianças, especialmente no dia mundial da poupança” a 31 de outubro, conta ao Negócios. E se na altura foi pioneira e chegou a influenciar outras educadoras da mesma escola, como conta Fátima Pacheco, agora o Ministério da Educação vem formalizar estas práticas através de um guião.

O documento (que pode consultar no final deste artigo ou aqui), apadrinhado pelos três supervisores financeiros — Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Banco de Portugal (BdP) e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) — está dividido em quatro áreas: planeamento e gestão do orçamento, produtos financeiros básicos, poupança e ética. “O grande objetivo era que a literacia financeira fosse trabalhada no contexto de vida das crianças nas salas do jardim de infância e que não fosse uma área à parte, ou uma disciplina específica”, diz uma das autoras, Lourdes Mata, professora especializada em Educação na Infância.