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Moody's volta a cortar rating da segunda maior promotora imobiliária da China

A Moody's afirmou que a descida da classificação reflete o agravamento das perspetivas da Vanke nos próximos seis a 12 meses, face à fraqueza das vendas e à pressão sobre as margens, de acordo com um comunicado.

Reuters
14 de Agosto de 2024 às 08:32
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A agência de 'rating' Moody's desceu a classificação da dívida da Vanke, o segundo maior promotor imobiliário da China, para "B1", numa nova despromoção, depois de ter sido desclassificada para o estatuto de "lixo", em março.

A Moody's afirmou que a descida da classificação reflete o agravamento das perspetivas da Vanke nos próximos seis a 12 meses, face à fraqueza das vendas e à pressão sobre as margens, de acordo com um comunicado.

A agência disse acreditar que as vendas do promotor vão cair cerca de 30% em termos homólogos, este ano. Até agora, a previsão era de 25%, mas o valor caiu 35%, nos primeiros sete meses do ano, para cerca de 147 mil milhões de yuan (18,696 mil milhões de euros).

A isto junta-se uma nova queda de 20%, até 2025, acrescentou o relatório, ao considerar que o controlo dos investimentos para proteger a liquidez vai implicar uma diminuição das vendas, com os descontos que teria de oferecer como estímulo a afetar também as margens de lucro.

As obrigações da Vanke passam assim de "Ba3" ("têm elementos especulativos e estão sujeitas a um risco de crédito significativo") para o escalão de "B" ("são especulativas e estão sujeitas a risco de crédito elevado"). 

Embora o vice-presidente da Moody's, Kaven Tsang, assinale "riscos financeiros devido às necessidades substanciais de refinanciamento da Vanke", reconheceu igualmente a "capacidade demonstrada para obter financiamento garantido a longo prazo junto dos bancos chineses", o que "alivia parcialmente os riscos".

A agência considerou que o plano de redução da dívida da Vanke será insuficiente se não for acompanhado de uma venda de ativos que seria marcada pela incerteza da crise do mercado imobiliário chinês. 

Durante o primeiro semestre do ano, a Vanke efetuou pagamentos das obrigações, tanto na China como no estrangeiro, num total de cerca de 15,5 mil milhões de yuan (1.971 milhões de euros), e a Moody's considerou que a liquidez da empresa se mantém a um "nível adequado" para os próximos 12 a 18 meses. 

A descida da dívida da Vanke para o estatuto de "lixo" foi um rude golpe para os investidores interessados no setor, uma vez que se tratava de um dos poucos promotores imobiliários estatais que ainda tinha uma notação de crédito favorável, depois do colapso de gigantes privados como a Evergrande e a Country Garden, face às respetivas crises de dívida. 

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares. 

Nos últimos meses, perante a situação, o Governo anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores, cuja prioridade era concluir projetos vendidos em planta, uma questão que preocupa Pequim pelas implicações na estabilidade social, dado que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

No entanto, o mercado não está a reagir: as vendas comerciais medidas por área útil caíram 24,3%, em 2022, e mais 8,5%, em 2023, enquanto os preços das casas novas caíram em dezembro ao ritmo mais rápido em quase nove anos.
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