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Procura de crédito por empresas na Zona Euro cai para mínimos históricos

O impacto do aumento das taxas de juro na procura e no crescimento económico contribuíram para esta queda. A tendência decrescente deve manter-se no trimestre atual, ainda que de forma menos acentuada, segundo o inquérito do BCE.

BCE aumentou oito vezes as taxas de juro desde julho de 2022 para travar a inflação. Aumentos vão continuar.
Wolfgang Rattay/Reuters
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A procura de empresas na Zona Euro por crédito bancário caiu para mínimos históricos no segundo trimestre, segundo o inquérito do Banco Central Europeu (BCE) levado a cabo junto de uma amostra de várias instituições financeiras da região e publicado esta terça-feira. Portugal seguiu a tendência tendo registado uma "queda ligeira".

"A procura das empresas por empréstimos registou uma forte queda no segundo trimestre, caindo para mínimos históricos", ou seja desde que este tipo de sondagens começaram a ser realizadas pela autoridade monetária em 2003, refere o BCE.

Esta queda da procura por parte das companhias "reflete o impacto do aumento das taxas de juro na procura e no crescimento económico". Além disso, "também o investimento fixo", ou seja a acumulação de ativos físicos por parte das empresas também contribuiu para este resultado.

Mas não foram só as empresas. Também as famílias reduziram de foram expressiva a sua procura pelo crédito à habitação. Ainda assim, esta queda trimestral ficou abaixo da diminuição da procura nos dois últimos dois trimestres.

"As taxas de juro mais elevadas, o 'outlook' sobre o abrandamento do mercado imobiliário e a falta de confiança do consumidor", têm justificado esta procura por parte das famílias, justifica o banco central liderado por Christine Lagarde.

Olhando para o terceiro trimestre, os 158 bancos inquiridos pelo BCE apontam para  a continuação de uma diminuição da procura das empresas pelo crédito bancário, ainda que de forma menos acentuada.

No que diz respeito às famílias, a amostra de instituições financeiras da região acredita que  haverá "uma nova redução, embora menos acentuada da procura pelo crédito à habitação" e uma nova queda da procura pelo crédito ao consumo.

Portugal segue esta tendência. Um inquérito semelhante levado a cabo pelo Banco de Portugal (BdP) junto de um total de cinco instituições financeiras, três contemplaram uma queda ligeira na procura por parte das empresas, enquanto um banco refere que chegou mesmo a registar uma queda considerável e outro defende que a concessão de crédito a companhias "permaneceu praticamente inalterado".

Olhando para a evolução da procura nos próximos três meses, três instituições financeiras acreditam que a procura das empresas "diminuirá ligeiramente", enquanto duas apontam para que a concessão de crédito se mantenha "praticamente inalterada".

Já no que diz respeito aos empréstimos a particulares, três bancos nacionais referem que o crédito à habitação nos últimos três meses caiu ligeiramente, enquanto dois defendem que não houve alterações face ao período homólogo.

Em matéria de crédito ao consumo e outros empréstimos a particulares, a esmagadora maioria das instituições financeiras inquiridas (4) acreditam que o cenário manteve-se inalterado, enquanto apenas uma notou uma "dimunuição ligeira".

Nos próximos três meses, dois bancos acreditam que os empréstimos para a compra de casa devem cair ligeiramente, dois apontam para que o cenário se mantenha inalterado e um admite mesmo que este tipo de empréstimos aumente.

Relativamente ao crédito ao consumo e outros empréstimos a particulares, duas instituições financeiras apontam para uma queda ligeira, enquanto as outras três não acreditam que haja mudanças na procura.

Critérios de concessão de crédito  vão continuar a apertar

Os bancos endureceram os padrões de todos os tipos de crédito, a empresas e famílias, no segundo trimestre, pela perceção de um risco maior e aumento das taxas de juro.

Cerca de 14% dos bancos sondados pelo BCE disseram ter reforçado as condições de crédito a empresas no segundo trimestre (cerca de 27% endureceram as condições no primeiro trimestre).

Numa perspetiva histórica, "o endurecimento acumulado desde o início de 2022 foi substancial" e os resultados desta sondagem mostram um "enfraquecimento significativo dos empréstimos" desde o outono, disse o BCE.

Os bancos também endureceram substancialmente os padrões de crédito às famílias para a compra de casa.

Cerca de 8% dos bancos disseram que tornaram mais rigorosas as condições dos empréstimos para a compra de casa (cerca de 19% já o tinham feito no primeiro trimestre).

Segundo o inquérito, os bancos da zona do euro preveem apertar um pouco mais as condições de crédito para empresas e consumidores no terceiro trimestre e manter os padrões de crédito imobiliário.

O BCE fez este inquérito, que realiza quatro vezes ao ano para compreender melhor os empréstimos dos bancos, entre 19 de junho e 4 de julho junto de 158 bancos da Zona Euro.

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