Notícia
O Homer Simpson que há em nós
Por muito que confiemos na razão para guiar as nossas decisões, a irracionalidade é parte integrante da forma como funcionamos e pensamos.
16 de Setembro de 2010 às 17:20
Por muito que confiemos na razão para guiar as nossas decisões, a irracionalidade é parte integrante da forma como funcionamos e pensamos.
Partindo desta premissa, o autor do aclamado best-seller Predictably Irrational lançou recentemente um novo livro que explora o poder das decisões irracionais, a par dos seus efeitos positivos e negativos tanto na vida pessoal como na profissional. E as conclusões são surpreendentes
Imagine que o seu clube desportivo ganhou o campeonato e que, nessa mesma noite, tem um jantar marcado com a sua sogra. Como está eufórico e a boa disposição reina, decide, num acto irreflectido, comprar um ramo de flores e oferecê-lo à senhora. Um mês depois, volta a ter de jantar com a mãe da sua mulher e recorda-se do seu acto gentil e galanteador. E volta a comprar flores, repetindo o gesto e dando início ao que se irá tornar, sem ser intencional, um ritual mensal.
Ou seja, o que não era mais do que uma emoção absolutamente transitória, acabou por se cristalizar num hábito que irá perdurar no futuro. Não servindo este artigo para dar dicas de como agradar a sogras, a primeira ideia que daqui podemos retirar é a de que, apesar de neste cenário em particular, o hábito ser algo positivo, quando as emoções são negativas e se transformam neste tipo de cascatas emocionais, os resultados poderão ter implicações sérias e nefastas. A probabilidade de perpetuarmos um hábito negativo, quando a tomada de decisão é feita à luz de estados de mau humor ou de moral em baixa, é enorme, porque, na verdade, apesar de sermos considerados seres racionais, a irracionalidade reina muitas vezes.
Se não é suficientemente egocêntrico para não o admitir, decerto que muitas vezes considera que o seu cérebro é...bem, digamos, burro. E a novidade é que poderá ter toda a razão. Para o psicólogo e especialista em economia comportamental Dan Ariely, os nossos cérebros são estúpidos mediante variadas formas, simplesmente porque temos uma predisposição para a irracionalidade. A boa notícia é que esta irracionalidade tem um lado positivo. E é sobre os nossos actos irracionais e o peso que estes têm na nossa tomada de decisão que o autor do famoso bestseller Predictable Irrational, brinda agora os seus muitos seguidores com uma espécie de sequela, denominada The Upside of Irrationality: The Unexpected Benefits of Defying Logic at Work and at Home.
O professor da Duke University, a par de muitos dos seus colegas que estão a desenvolver a área da economia do comportamento, estão a descobrir que, apesar de serem muitas as vezes em que somos irracionais, a irracionalidade é previsível, ou seja, segue um padrão. E alguns dos seus aspectos podem até ser úteis para a sociedade. A título de exemplo, são muitas as vezes que sacrificamos o nosso próprio bem-estar em prol do dos outros. E, adicionalmente, estarmos conscientes das formas mediante as quais somos irracionais negativamente, poderá ajudar-nos a compensar, de maneira mais eficaz, o facto de os nossos cérebros não obedecerem, sempre, a actos de racionalidade.
O objectivo principal deste livro e de acordo com o próprio autor “é o de percebermos como é possível retirar o melhor do bem e o menor dos males de nós mesmos quando tomamos decisões relativamente a questões tão díspares como as nossas finanças, os nossos relacionamentos, a forma como encaramos o trabalho e a nossa própria vida pessoal”. E, no que respeita às motivações que nos movem, a ideia é aceitar que “não somos tão hiper-racionais como o Dr.Spock, mas semelhantes ao falível, míope, vingativo, emocional e parcial Homer Simpson.
Resta saber porquê.
O dinheiro é um incentivo demasiado caro para motivar as pessoas
As experiências feitas por Ariely com diferentes níveis de salários e performances levaram-no a concluir que as recompensas financeiras podem, na verdade, constituir um “pau de dois bicos”. “Apesar de motivarem as pessoas para trabalharem melhor, quando se tornam grandes demais, acabam por ser contraproducentes e, na maioria das vezes, prejudicam a própria performance”, escreve Ariely. As pesquisas comprovam que quando as pessoas começam a obter recompensas demasiado grandes, são motivadas pela quantidade de dinheiro que lhes está prometido, pelo stress inerente à sua obtenção e pelo medo de não o conseguirem alcançar, ao invés de se concentrarem na tarefa que têm em mãos.
Leia aqui o resto do artigo do VER
Partindo desta premissa, o autor do aclamado best-seller Predictably Irrational lançou recentemente um novo livro que explora o poder das decisões irracionais, a par dos seus efeitos positivos e negativos tanto na vida pessoal como na profissional. E as conclusões são surpreendentes
Ou seja, o que não era mais do que uma emoção absolutamente transitória, acabou por se cristalizar num hábito que irá perdurar no futuro. Não servindo este artigo para dar dicas de como agradar a sogras, a primeira ideia que daqui podemos retirar é a de que, apesar de neste cenário em particular, o hábito ser algo positivo, quando as emoções são negativas e se transformam neste tipo de cascatas emocionais, os resultados poderão ter implicações sérias e nefastas. A probabilidade de perpetuarmos um hábito negativo, quando a tomada de decisão é feita à luz de estados de mau humor ou de moral em baixa, é enorme, porque, na verdade, apesar de sermos considerados seres racionais, a irracionalidade reina muitas vezes.
Se não é suficientemente egocêntrico para não o admitir, decerto que muitas vezes considera que o seu cérebro é...bem, digamos, burro. E a novidade é que poderá ter toda a razão. Para o psicólogo e especialista em economia comportamental Dan Ariely, os nossos cérebros são estúpidos mediante variadas formas, simplesmente porque temos uma predisposição para a irracionalidade. A boa notícia é que esta irracionalidade tem um lado positivo. E é sobre os nossos actos irracionais e o peso que estes têm na nossa tomada de decisão que o autor do famoso bestseller Predictable Irrational, brinda agora os seus muitos seguidores com uma espécie de sequela, denominada The Upside of Irrationality: The Unexpected Benefits of Defying Logic at Work and at Home.
O professor da Duke University, a par de muitos dos seus colegas que estão a desenvolver a área da economia do comportamento, estão a descobrir que, apesar de serem muitas as vezes em que somos irracionais, a irracionalidade é previsível, ou seja, segue um padrão. E alguns dos seus aspectos podem até ser úteis para a sociedade. A título de exemplo, são muitas as vezes que sacrificamos o nosso próprio bem-estar em prol do dos outros. E, adicionalmente, estarmos conscientes das formas mediante as quais somos irracionais negativamente, poderá ajudar-nos a compensar, de maneira mais eficaz, o facto de os nossos cérebros não obedecerem, sempre, a actos de racionalidade.
O objectivo principal deste livro e de acordo com o próprio autor “é o de percebermos como é possível retirar o melhor do bem e o menor dos males de nós mesmos quando tomamos decisões relativamente a questões tão díspares como as nossas finanças, os nossos relacionamentos, a forma como encaramos o trabalho e a nossa própria vida pessoal”. E, no que respeita às motivações que nos movem, a ideia é aceitar que “não somos tão hiper-racionais como o Dr.Spock, mas semelhantes ao falível, míope, vingativo, emocional e parcial Homer Simpson.
Resta saber porquê.
O dinheiro é um incentivo demasiado caro para motivar as pessoas
As experiências feitas por Ariely com diferentes níveis de salários e performances levaram-no a concluir que as recompensas financeiras podem, na verdade, constituir um “pau de dois bicos”. “Apesar de motivarem as pessoas para trabalharem melhor, quando se tornam grandes demais, acabam por ser contraproducentes e, na maioria das vezes, prejudicam a própria performance”, escreve Ariely. As pesquisas comprovam que quando as pessoas começam a obter recompensas demasiado grandes, são motivadas pela quantidade de dinheiro que lhes está prometido, pelo stress inerente à sua obtenção e pelo medo de não o conseguirem alcançar, ao invés de se concentrarem na tarefa que têm em mãos.
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