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Os "construtores" de pontes de Costa na Europa
Um é "smooth operator", outro é "eficaz". O perfil da equipa que António Costa montou em Bruxelas é de gerador de consensos. Um olhar ao chefe de gabinete Pedro Lourtie e ao chefe de gabinete adjunto David Oppenheimer.
Está cada vez mais claro o perfil de presidência do Conselho Europeu pretendido por António Costa. Se criou a imagem de gerador de consensos enquanto primeiro-ministro, ao conseguir governar com apoio parlamentar de todos os partidos de esquerda, a equipa que montou em Bruxelas aponta para no mesmo sentido. O chefe de gabinete é Pedro Lourtie, ex-embaixador português junto da União Europeia, negociador nato com longa experiência nos corredores de Bruxelas, e o chefe de gabinete adjunto será David Oppenheimer, assessor diplomático de Costa quando liderava o Executivo.
"O embaixador Lourtie é muito respeitado nas instituições europeias. Uma das suas indiscutíveis qualidades é de ser capaz de gerar e facilitar consensos, sobretudo em torno de questões mais complexas", considera Vasco Becker-Weinberg, professor de Direito e ex-eurodeputado do CDS-PP, que o conheceu em Bruxelas. Discreto e leal ao Governo do seu País, ou nas palavras de um ex-colega de Lourtie um "smooth operator", tem o potencial de "garantir a presença de Portugal na União Europa e instituição". "É muito eficaz, especialmente no que toca a questões relevantes como pescas, orçamento, fundos", exemplificou a mesma fonte.
Nascido em janeiro de 1971, juntou-se à carreira diplomática em 1995. Com uma longa carreira na diplomacia, chegou a ser secretário de Estado dos Assuntos Europeus em outubro de 2009 e ascendeu a embaixador português junto da União Europeia em abril de 2022. Durante os últimos anos, fortaleceu a imagem de construtor de consensos e desbloqueador. "Cada vez que há um impasse, ele é o tipo que vai perceber quem está a fazer a 'birra' e tira-lhe a 'birra'", afirma quem trabalhou diretamente com ele. E nas palavras de Vasco Becker-Weinberg, os próximos anos não serão fáceis: "pese embora os desafios dos próximos anos, como a guerra na Ucrania ou o alargamento da UE, entre tantos outros, estou certo que o embaixador Lourtie demonstrará essas e outras capacidades que tem, em benefício da construção do consenso entre Estados-Membros e da própria UE."
Entre o currículo, foi representante da União Europeia em Washington nos Estados Unidos e em 2015 foi nomeado representante diplomático de Portugal em Tunes, na Tunísia. Na Bélgica, as ligações de Lourtie são profissionais e familiares. Em 1919, o bisavô Albert Lourtie viajou para Portugal após a sua fábrica de cerveja em Liège ter sido destruída durante a I Guerra Mundial, tendo criado a receita inicial da Sagres. E o pai Pedro Lourtie é uma figura importante da Educação em Portugal, que chegou a tutelar a pasta do Ensino Superior no Governo de António Guterres.
Já David Oppenheimer era assessor diplomático do então primeiro-ministro António Costa desde 2022. Entre as variadas funções, era o elo de primeiro-ministro com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. "Foi essencial na gestão da exigente pasta dos Assuntos Europeus", frisa Vasco Becker-Weinberg, que o conhece há muitos anos. "Como diplomata, tem demonstrado estar à altura dos desafios que tem encontrado. Ao longo dos anos desempenhou de forma exemplar diversas funções no MNE em Lisboa e quando colocado no estrangeiro", acrescenta.
O primeiro-ministro António Costa foi nomeado para a presidência do Conselho Europeu a 27 de junho, mas só toma posse a 1 de Dezembro. Contudo, o trabalho de preparação para o mandato já arrancou.