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Guerra da Ucrânia fez acionar os alarmes de defesa da UE

As despesas militares da UE e na NATO estão a aumentar e as previsões apontam para que esta tendência prossiga nos próximos tempos. Perante ameaças cres- centes e um mundo mais hostil, a UE quer reforçar as suas capacidades de defesa e debate formas de financiamento. Próximo executivo comunitário deverá ter um inédito comissário para a Defesa.

O próximo executivo comunitário poderá ter um comissário para a Defesa.
O próximo executivo comunitário poderá ter um comissário para a Defesa. Remko de Waal/EPA
22 de Abril de 2024 às 15:00
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As despesas militares na União Europeia (UE) atingiram um nível recorde em 2022, ano da invasão russa da Ucrânia. Segundo dados da Agência Europeia de Defesa (ainda não há dados para 2023), os 27 gastaram naquele ano 240 mil milhões de euros em defesa, um aumento de 6% face a 2021.

Trata-se de uma subida pelo oitavo ano consecutivo. Seis Estados-membros aumentaram mesmo o seu gasto em mais de 10%. Na Suécia, por exemplo, esta despesa disparou em cerca de 30%. Polónia, Letónia e Lituânia, próximos das fronteiras russas, foram alguns dos países que mais despesa militar fizeram em função do produto interno bruto (PIB).

Em geral, as despesas atingiram uma média de 1,5% do PIB no conjunto dos 27, aquém dos 2% fixado no âmbito da NATO, apesar de nem todos os membros da UE pertencerem à aliança militar. A Agência de Defesa da UE estima que os gastos com defesa vão crescer ainda mais, em cerca de 70 mil milhões de euros, até 2025.

A tendência para aumentar as despesas é semelhante no seio da NATO. Segundo os últimos dados da organização atlântica, os gastos com defesa em 2023 aumentaram cerca de 11%, face ao ano anterior, por parte do conjunto dos aliados europeus e do Canadá.

Aposta na defesa europeia vai aumentar

A defesa é uma área de competência nacional. Apesar de haver alguma cooperação, a guerra na Ucrânia contribuiu para mudar a abordagem dos líderes europeus, levando a UE a reforçar as suas capacidades.

A Agência Europeia de Defesa recomenda que os 27 coordenem melhor os planos de investimento nesta área, gastem os recursos de forma mais eficiente, reduzam a fragmentação e duplicação de meios, e tornem os sistemas de armas e defesa mais interoperacionais.

Face a crescentes tensões geopolíticas e desafios para a segurança europeia, e perante a possibilidade de Donald Trump vencer as presidenciais retomando uma senda isolacionista, os líderes europeus querem aumentar a prontidão e as capacidades de defesa europeia, investindo em conjunto e comprando “europeu” (em vez de fora da UE).

Prova de que os tempos mudaram, a Comissão apresentou recentemente a primeira Estratégia Industrial de Defesa Europeia. O objetivo é que os 27 passem a investir mais e melhor, incluindo compras conjuntas de pelo menos 40% dos equipamentos de defesa, até 2030. Bruxelas propõe mobilizar 1,5 mil milhões de euros do orçamento da UE durante o período 2025-2027 para implementar a estratégia.

Eurobonds para a defesa?

A forma de encontrar os investimentos massivos considerados necessários para fortalecer as capacidades da UE tem sido alvo de debate. Vários países como a França, Polónia e Estónia defendem a importância destes financiamentos, incluindo através da emissão de eurobonds, opção que tem apoio de eurodeputados e alguns comissários. Mas países mais frugais, como a Alemanha, não consideram imprescindível esta opção. O debate vai fazendo o seu caminho.

Outra ideia que tem sido discutida e poderá avançar é da criação do cargo de comissário para a Defesa no próximo executivo comunitário. Ursula von der Leyen prometeu que esse posto será criado se for reconduzida presidente da Comissão Europeia.

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