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Europol precisa da China para conter tráfico de fentanil
A Europol precisa nomeadamente que as autoridades chinesas cooperem na prestação de informação para reprimir os envios postais de Fentanil.
Uma maior cooperação da parte da China é necessária para conter o tráfico de Fentanil na Europa, declarou, esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, a diretora-executiva da Europol, Catherine De Bolle.
Falando ante a Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, a responsável da Agência da União Europeia para a Cooperação Policial considerou assistir-se atualmente a um aumento do tráfico e consumo deste opiáceo obrigando à adoção de medidas reforçadas de prevenção e repressão.
A Europol precisa nomeadamente que as autoridades chinesas cooperem na prestação de informação para reprimir os envios postais de Fentanil, referiu De Bolle.
Só um aumento da cooperação com Pequim, presentemente «muito limitada», segundo disse a diretora-executiva da Europol, permitirá conter o tráfico de Fentanil e evitar uma epidemia de grande risco para a saúde pública à semelhança do que acontece nos Estados Unidos.
De Bolle considerou, igualmente, necessária maior cooperação com «as empresas privadas tecnológicas» detentoras de bases «inigualáveis de dados» que casuisticamente decidem partilhar ou não com as autoridades policiais e judiciais.
A jurista belga disse que estas empresas têm de «respeitar os enquadramentos legais e assumir também a sua responsabilidade social».
Às autoridades policiais europeias só interessam os dados de delinquentes, adiantou De Bolle, designadamente das 25 mil pessoas identificadas como participantes nas atividades ilegais de 821 organizações criminosas que, de acordo com as informações disponíveis relativas a maio deste ano, representam uma grande ameaça de segurança.
A Europol dispõe de «enquadramento jurídico para lidar com grandes conjuntos de dados», mas necessita de uma definição mais clara acerca «das responsabilidades das empresas privadas em matéria de dados e também sobre a utilização da inteligência artificial e de outras ferramentas tecnológicas» na sua atividade policial, adiantou De Bolle.
A diretora-geral da Europol solicitou, ainda, aos eurodeputados apoio para a aprovação de um orçamento de 29,9 milhões de euros em 2025, visando contratar mais pessoal e incrementar capacidades informáticas e em novas tecnologias.
A estimativa orçamental de 2024 da Europol, aprovada pela Comissão Europeia e o Parlamento Europeu em junho cifrou-se em 222 445 162 euros de receitas para 224 953 362 euros em despesas.
A agência sedeada na Haia, nos Países Baixos, foi criada em 1998 para auxiliar as autoridades policiais dos estados europeus, sobretudo na troca de informação e análise designadamente sobre tráfico de drogas e pessoas, crime cibernético, lavagem de dinheiro e contraterrorismo.
Sem poderes executivos e atuando a pedido das autoridades nacionais dos 27 a Europol tem cerca de 1 400 funcionários.
Catherine De Bolle chefia a Europol desde março de 2018, tendo sido reconduzida para um segundo mandato de quatro anos em maio de 2022.