Notícia
"Portugal é a coroa da estratégia para o sul da Europa". Aceleradora europeia fixa-se em Aveiro
CEO da aceleradora europeia diz ao Negócios que Portugal tem a vantagem de ser uma porta de entrada para a Europa, uma forma de expansão dentro do mercado europeu e uma porta de saída para novos mercados.
Chama-se Startupbootcamp e apresenta-se como uma aceleradora europeia de startups. Foi criada pelo brasileiro Kauan Von Novack, estabecida nos Países Baixos e agora prepara-se para chegar a Portugal, fixando-se na cidade de Aveiro.
Atualmente com presença em mais de 20 países, a Startupbootcamp já acelerou mais de 1.700 startups um pouco por todo o mundo, unindo-as a investidores e mentores.
"Começámos há 15 anos como aceleradora, mas hoje já somos mais que isso. Somos dos maiores investidores em tecnologia no mundo e somos construtores de ecossistemas de inovação", diz Kauan Von Novack, ao Negócios, já depois da distinção do Financial Times.
E qual a razão de chegar agora a território português? "Portugal é muito importante para nós. Portugal é a coroa de uma estratégia que temos para o sul da Europa. Já temos presença em Milão, Roma e Florença, mas queremos expandir muito mais no sul da Europa e isso inclui os Balcãs e a Península Ibérica", confessa Kauan no arranque da conversa.
O CEO da Startupbootcamp segue então a visão que Portugal tem vindo a destacar nos últimos anos. "Portugal é uma porta de entrada e uma porta de saída. Uma porta de entrada para empresas do mundo inteiro que querem entrar no continente europeu, especialmente o Brasil, mas também uma porta de saída para muitas empresas que se estabelecer noutros locais e ir para outros mercados".
E para a aceleradora europeia é Portugal que vai liderar todas as operações do sul europeu. "O sul da Europeu, em questão de inovação e tecnologia, está a crescer duas vezes mais rápido que o norte. Queremos usar as aprendizagens dos últimos 10 anos para não repetir no sul os erros do norte, mas também para conseguir que as fronteiras sejam mais empoderadas". Portugal será, segundo Kauan, a porta de entrada no mundo.
Atualmente, a Startupbootcamp possui 32 fundos no mundo e é com estes que ajudam as startups de tecnologia a levantar capital. "No fim de contas, queremos gerar desenvolvimento económico para onde vamos". É com essa ideia em mente, e também nos 10 fundos que estão na Bolsa de Valores de Amesterdão, que Kauan conta ao Negócios que a ideia é "ter uma perna em Portugal e lançar o nosso próprio fundo com investidores portugueses". No fundo, a Startupbootcamp quer "combinar duas forças: o investimento global e o investimento local para acelerar o desenvolvimento económico da região".
E como surge a decisão de descentralizar para Aveiro? Tal como foi feito noutros países, o foco da aceleradora não é estar em cidades como Lisboa ou Porto. "Nos Emirados Árabes Unidos escolhemos ir para Abu Dhabi e nos Estados Unidos fomos para Nova Iorque", diz, acrescentando que "o modelo de entendimento da Startupbootcamp não está nos centros super-saturados, onde muitas vezes já é tudo confuso".
"Somos developers, criadores de ecossistema. Criamos o nosso próprio sucesso e vamos para locais que nos acolhem, mas que também vê o nosso potencial". E foi isso mesmo que viram em Aveiro, onde vão realizar a Future XPO que, como Kauan explica, "é a personificação de trazer um ecossistema à vida".
Com esta exposição, a Startupbootcamp pretende "mostrar o futuro e futuros possíveis e almejáveis", afastando-se das típicas conferências tecnológicas com robôs. "Não somos agentes passivos de um setor tecnológico que muda e não temos interesse em moldar esse futuro. Pelo contrário. Somos agentes ativos e conseguimos usar a tecnologia para moldar o futuro. Por isso é que criámos a Futuro XPO", adianta o CEO.
Em Aveiro, a conferência vai centrar-se em três eixos-chave: Indústria e Energia, Inteligência Artificial, Saúde e Bem-estar. No evento estarão presentes startups portuguesas e outros que fazem portefólio internacional.
"Já temos um portefólio composto e fundos ativos, não vamos só aumentar o que existe em Aveiro. Queremos atrair para Aveiro este ecossistema de inovação. A ideia é usar Portugal como uma forma de expansão e existe um potencial gigantesco de dinamizar a região de Aveiro", sublinha.