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Mars fecha acordo para comprar dona da Pringles por 36 mil milhões
Descrito como o negócio do ano, a aquisição, se obtiver aval dos reguladores, vai criar um gigante dos "snacks". Mars espera efetivar a compra até junho do próximo ano.
A Mars, dona dos chocolates com o mesmo nome, dos M&M's, Twix ou dos Snickers, fechou, esta quarta-feira, um acordo para a compra, por 35,9 mil milhões de dólares (32,5 mil milhões de euros ao câmbio atual), da Kellanova, criada em 2023 depois do grupo Kellogg's ter separado o negócio dos "snacks" dos cereais.
O grupo norte-americano aceitou pagar 83,50 dólares por ação, uma oferta sensivelmente 70% superior ao valor a que os títulos da Kellanova, dona de marcas como a Pringles e Pop-Tarts, estavam a ser negociados há apenas alguns meses, diz o Financial Times, sinalizando que se trata de um valor invulgarmente elevado no setor, especialmente estando em causa uma empresa beliscada pelo crescente número de consumidores que, por razões de saúde, tem mais cuidados com a alimentação.
E na sequência do anúncio, a Kellanova seguia esta quarta-feira a valorizar 7,44% para 80,04 euros.
A compra, que inclui dívida (no valor de sensivelmente 6 mil milhões de euros), é descrita como um dos negócios do ano, na medida em que abre caminho à criação de um gigante dos "snacks", razão pela qual arrisca ficar na mira das autoridades da concorrência dos Estados Unidos. Há, no entanto, analistas que apontam que, em face de uma sobreposição limitada dos produtos que oferecem, não deverá enfrentar problemas de maior.
A Mars, um dos maiores grupos familiares do mundo, com vendas anuais acima de 50 mil milhões de dólares, justifica o apetite pela Kellanova com o facto de permitir ao conglomerado diversificar o seu portefólio, com o acrescento de mais "snacks" salgados.
"Ao recebermos o portefólio de crescentes marcas globais, temos a oportunidade substancial de fazer com que a Mars desenvolva ainda mais um negócio sustentável de 'snacks' que seja adequado para o futuro", afirmou o CEO da Mars, Poul Weihrauch.
"Esta é realmente uma combinação histórica com uma adequação cultural e estratégica atrativa", afirmou, por seu turno, Steve Cahillane, presidente e CEO da Kellanova, que fatura 13 mil milhões de dólares ao ano.
De acordo com dados da GlobalData, citados pela Reuters, a Mars tem uma quota de mercado nos Estados Unidos que ronda os 4,5%, enquanto que a Kellanova está ligeiramente abaixo, nos 3,9%. A líder do mercado é a Pepsi com 9%, seguida pela The Hershey Company com 4,7%. Com a aquisição feita a Mars deverá assim subir ao lugar cimeiro do pódio.
A aquisição figura como a maior já feita pela Mars, ultrapassando, em termos de valor, a do fabricante de pastilhas elásticas Wrigley, em 2008, por 23 mil milhões de dólares.
Uma vez que o acordo esteja completo, que se estima que seja na primeira metade de 2025, a Kellanova passará a fazer parte da Mars Snacking e ficará sediada em Chicago, sob a liderança de Andrew Clarke.
Em maio, a TOMS Capital Investment Management tinha adquirido uma participação "significativa" na Kellanova e estava em conversações com a empresa para melhorar o retorno dos acionistas.
Por isso, de acordo com os termos da aquisição, a Mars terá de pagar uma taxa de rescisão de 1,25 mil milhões de dólares caso os reguladores chumbem o negócio, enquanto a Kellanova terá de pagar 800 milhões de dólares à Mars caso o seu "board" mude a recomendação favorável para que a operação se concretize.
O setor de alimentos embalados tem visto nos últimos um aumento de fusões e aquisições, numa altura em que as empresas tentam escalar a dimensão do negócio para evitar a perda de quota de mercado para outras marcas que praticam preços mais baixos.