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Indústria de componentes para automóvel prevê crescimento de 1,2% nas receitas em 2021
A Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) prevê um crescimento de 1,2% no volume de vendas em 2021, iniciando assim a recuperação dos efeitos da pandemia de covid-19.
17 de Novembro de 2021 às 17:30
A previsão foi feita por Pedro Pêga, diretor da AFIA, durante o 10.º Encontro da Indústria Automóvel, que decorre hoje em Ílhavo, no distrito de Aveiro.
Em termos de volume de negócios, o responsável referiu que o setor registou uma taxa média de crescimento de 8,1% até 2019, tendo havido uma "quebra acentuada" de 13% no volume das vendas em 2020, ano em que as receitas atingiram 10,4 mil milhões de euros.
"Para 2021 a estimativa é de um crescimento de 1,2%. Oxalá assim seja e que possamos estar a iniciar a recuperação", disse o responsável.
As exportações correspondem a cerca de 83% da produção, o que representa 8,6 mil milhões de euros do volume de negócios.
O diretor da AFIA fez uma caracterização da indústria de componentes automóveis em Portugal, adiantando que atualmente o setor emprega 62 mil trabalhadores distribuídos por 350 empresas que detêm 375 fábricas, localizadas principalmente na zona norte (44%) e centro (36%).
No que se refere aos postos de trabalho, o dirigente disse que a pandemia implicou uma "ligeira redução" de quase mil trabalhadores, devido a "muitos sacrifícios" que várias fabricas encetaram no sentido de manter o pessoal qualificado e a alguns incentivos lançados pelo Governo.
No entanto, admite que este número deverá aumentar a partir do terceiro trimestre deste ano, com o desaparecimento do 'lay-off' simplificado, considerando que as empresas "vão ter de planear estratégias, vão ter que reajustar, especialmente porque o mercado não dá mostras de recuperação".
Pedro Pêga referiu ainda que 98% dos automóveis produzidos na Europa têm componentes produzidos em Portugal, sendo que algumas marcas de veículo elétrico já estão presentes neste universo.
Na mesma ocasião, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, realçou a necessidade de avançar com uma "recomposição muito grande" de todas as estruturas de produção para responder a uma mudança estrutural "muito significativa" no setor, devido ao aparecimento de novos modelos de mobilidade.
"A transformação significativa do modo como produzimos e do modo como nos deslocamos vai ter um impacto provavelmente bastante significativo nesta indústria", referiu o governante, assinalando que a mobilidade elétrica "vai exigir do ponto da produção de veículos menos mão-de-obra e menos componentes".
Durante a sua intervenção por videoconferência, o governante referiu ainda um outro desafio, este "de curto prazo", relacionado com os constrangimentos "muito severos" que se estão a verificar no acesso a componentes críticos e que têm levado a paragens de linhas de produção completas.
"A verdade é que a dimensão da produção se anda a ressentir muito significativamente deste impacto e, por isso, temos também procurado apoiar as empresas do setor em momentos de maior paragem de atividade, designadamente para permitir manter recursos humanos e a mão de obras qualificada", disse.
O ministro defendeu que este momento difícil "exige uma renovada atenção à preservação do potencial produtivo", manifestando-se convicto que nos próximos meses as cadeias de abastecimento se poderão recompor e a capacidade da oferta de componentes poderá vir a acompanhar o aumento da procura.