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Grupo que salvou a Dielmar ganha 7 milhões do Fundo de Resiliência
O projeto Valérius 360º, do grupo de Barcelos, é um dos três novos investimentos, juntamente com a LBM Carpintarias e a Bettery, que tiveram luz verde do Fundo de Capitalização e Resiliência do PRR, que injeta 10,8 milhões de um total de 15,4 milhões de euros.
O Programa de Recapitalização Estratégica do Banco Português de Fomento (BPF) concluiu mais três acordos de investimento, nas empresas Valérius – Têxteis, LBM Carpintarias e Bettery, num montante total de 15,4 milhões de euros, dos quais 10,78 milhões de euros correspondem a financiamento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), revela o BPF, esta quarta-feira, 6 de dezembro, em comunicado.
"A operação de investimento no projeto Valérius 360º, da Valérius – Têxteis, totaliza 9,9 milhões de euros, dos quais 6,93 milhões são investidos pelo FdCR e o restante pela Rúbrikexpansiva – Unipessoal, uma empresa situada em Barcelos", detalha o banco liderado por Celeste Hagatong.
Recorde-se que a Valérius ostenta na lapela o orgulho de ter feito a Dielmar renascer das cinzas, depois de esta empresa de Castelo Branco ter ido à falência após uma década a acumular prejuízos.
No ano passado, o grupo liderado por José Manuel Vilas Boas Ferreira pagou 275 mil euros para ficar com o recheio da fábrica e a propriedade industrial e intelectual da Dielmar, incluindo a própria marca, que emprega atualmente cerca de 200 pessoas e já gera lucros.
Relativamente ao projeto Valérius 360º, o BPF explica que a estratégia de investimento prevê a subscrição de obrigações convertíveis em ações preferenciais, com direito a voto, com uma maturidade de oito anos.
Situada em Barcelos, a Valérius – Têxteis dedica-se à produção e comercialização de vestuário de média a alta qualidade, com um foco significativo na exportação, tendo iniciado o Valérius 360º em 2019.
"Trata-se de um projeto diferenciador, com um forte compromisso com a economia circular, ao alavancar resíduos têxteis para a produção de novos produtos têxteis. Empenhada em reduzir o impacto ambiental da indústria têxtil, a Valérius prevê que, dentro de dois anos, mais de 50% das suas peças sejam produzidas a partir de têxteis recuperados e, em cinco anos, a reciclagem represente 100% do seu negócio", descreve.
Um investimento estratégico que visa "fortalecer a estrutura de capital da empresa, respondendo às necessidades de investimento em equipamentos fixos, fundo de maneio e reembolso de empréstimos", tratando-se de um passado "essencial para sustentar o crescimento projetado da Valérius nos próximos anos" e que "reflete uma abordagem proativa e estratégica para o futuro da empresa no mercado têxtil global", considera o BPF.
Para José Manuel Vilas Boas Ferreira e Fátima Pinho, presidente e CFO do grupo Valérius, respetivamente, o investimento do FdCR "representa a consolidação do Projeto Valérius 360, que está relacionado com a sustentabilidade e totalmente assente na circularidade. O nosso objetivo é reverter a pegada de carbono para um valor próximo do zero até 2030", sinalizam.
Já Pedro Abreu e Castro, gerente da Rúbrikexpansiva, considera que este "é um grande desafio" para a empresa o investimento efetuado em conjunto com o BPF no projeto 360 da Valérius.
"A economia circular é já o presente e a Valérius está, sem dúvida, na linha da frente no que se refere à produção de fios reciclados e sustentáveis e à comercialização de roupa verde. A participação no presente programa junto com o BPF é a oportunidade para poder, de forma concentrada e intensiva, investir nesse projeto garantindo, estamos convencidos, o seu sucesso e crescimento", afirma Pedro Abreu e Castro.
Investimento de 3,5 milhões na maiata LBM Carpintarias
No caso da LBM Carpintarias, o montante total da operação na empresa da Maia ascendeu a 3,5 milhões de euros, dos quais 2,45 milhões são investidos pelo FdCR e o restante pela Flexdeal.
A estratégia de investimento prevê a entrada no capital da empresa e a subscrição de obrigações não obrigatoriamente convertíveis em capital, com uma maturidade de sete anos, revela o BPF.
Constituída em 2007, a LBM Carpintarias dedica-se à fabricação e montagem de soluções para clientes empresariais que procuram implementar projetos para espaços comerciais, lojas e stands para feiras e exposições, nacionais ou internacionais, assim como outro mobiliário em madeira para todos os fins.
"Este investimento estratégico permitirá à LBM Carpintarias não só consolidar a sua presença no mercado nacional, como também expandir a sua atividade em feiras e exposições internacionais, fortalecendo assim a sua competitividade e reconhecimento no setor de carpintaria e design de interiores", explica a mesma fonte.
"Alinhado com os objetivos estratégicos e operacionais da empresa", esteve investimento "sublinha o seu compromisso com a inovação, assegurando a continuidade do seu crescimento e o desenvolvimento de soluções criativas e sustentáveis", frisa.
Pedro Barbosa, CEO da LBM Carpintarias, reflete sobre os desafios e oportunidades enfrentados pela empresa num contexto global em constante mudança, especialmente sob o impacto da pandemia de covid-19. Inspirando-se nas palavras de Lao Tzu, afirma: "Uma jornada de mil quilómetros precisa de começar com um simples passo".
O CEO da LBM Carpintarias vê a pandemia não apenas como um desafio, mas como um ponto de partida para uma transformação significativa: "É com o Banco Português de Fomento, numa parceria de relevância importantíssima na forma de alavanca de crescimento, que nos permitiremos transformar e desenvolver competências, continuar a capitalizar o potencial da nossa empresa e produzir resultados positivos enquanto caminhamos em ambientes absolutamente dinâmicos", conclui.
Bettery de Oeiras investe 2 milhões com 1,4 milhões do FdCR
Finalmente, a Bettery, empresa constituída em 2007 e sediada em Oeiras, subscreve um investimento de dois milhões de euros, em parceria com a Flagrantopportunity, entidade do grupo Flexdeal, dos quais 1,4 milhões de euros são financiados pelo FdCR.
De acordo com a informação fornecida pelo BPF, a estratégia de investimento na Bettery inclui a participação no capital da empresa e a subscrição de obrigações não obrigatoriamente convertíveis em capital, com uma maturidade de oito anos.
A Bettery é uma startup portuguesa de biotecnologia que se baseia na ciência para proporcionar melhorias no rendimento físico e mental, através de produtos de nutrição inovadores e avançados com base 100% vegetal.
"A crescente preocupação da população com a saúde e bem-estar estão patentes nas tendências atuais de maior procura por parte dos consumidores nas áreas da suplementação e nutrição", com a Bettery a disponibilizar "um portfólio variado de produtos nutricionais assente na satisfação de seis necessidades: proteína vegetal, energia, imunidade, relaxamento, melhoria do sono e recuperação", garante o BPF.
Este investimento de dois milhões de euros visa "desenvolver produtos nutricionais avançados, alinhando-se com a tendência de inovação e resposta às necessidades de saúde e bem-estar dos consumidores".
Alexandre Pita de Abreu, fundador e CEO da Bettery, expressa que "os acionistas fundadores, gestores e colaboradores da Bettery celebram com entusiasmo a entrada do Fundo de Capitalização e Resiliência no capital da companhia", considerando que "este movimento permitirá fortalecer laços e impulsionar juntos o caminho promissor que a Bettery tem pela frente".
Já Alberto Amaral, CEO da Flexdeal, partilha a perspetiva de um coinvestidor ativo no âmbito do programa Recapitalização Estratégica, afirmando que "é com entusiasmo que a Flexdeal, no papel de coinvestidor, vê formalizadas as primeiras operações do programa Recapitalização Estratégica (Janela A)".
"Com base na importância destes programas para o fomento da economia, a Flexdeal tem como objetivo ultrapassar os 30 milhões de euros de investimento global, tornando-se um coinvestidor de referência para as PME portuguesas e para o BPF", remata Alberto Amaral.
Quase 100 dos 200 milhões do fundo foram já comprometidos em 16 empresas
Com 16 operações de investimento aprovadas até agora pelo BPF ao abrigo do Programa de Recapitalização Estratégica, que totalizam 99,3 milhões de euros, significa isto que quase metade da dotação global do programa (200 milhões de euros) está já comprometida.
"Destas aprovações, já foram contratualizadas operações de investimento que ultrapassam os 78,7 milhões de euros (39,4% da dotação total do programa), distribuídos por 12 empresas", adianta o BPF.
Lançado com uma dotação inicial de 1,3 mil milhões de euros, distribuídos por quatro instrumentos distintos – Programa Consolidar, Programa de Recapitalização Estratégica, Programa de Venture Capital e Programa Deal-by-Deal –, o Fundo de Capitalização e Resiliência registou um total de operações aprovadas no valor de 999,3 milhões de euros, ou seja, 76% da sua dotação total.
"Destas foram já contratualizados 557 milhões de euros, representando um impacto de 42,2% sobre a alocação total do fundo e cerca de 127 milhões de euros já foram efetivamente entregues às empresas", detalha a mesma instituição.
"Os investimentos que realizamos são um claro indicativo do nosso compromisso em impulsionar o crescimento sustentável e a competitividade das empresas portuguesas. Através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estamos não apenas a apoiar o acesso ao financiamento essencial para alavancar projetos empresariais. O nosso objetivo é assegurar que um número maior de empresas viáveis tenha as condições necessárias para crescer e competir num cenário económico global cada vez mais desafiador", enfatiza Ana Carvalho, CEO do BPF.