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Candidata de Barcelos à compra da Dielmar quer ter 1.000 trabalhadores em Marrocos

A Valérius, que foi a única a apresentar uma proposta de compra da falida empresa de vestuário de Alcains, já conta com 300 pessoas a laborar na unidade africana e alerta que dentro de uma dúzia de anos Portugal não vai ter mão-de-obra para trabalhar na indústria têxtil.

José Manuel Vilas Boas Ferreira recuperou a antiga Outex, em Vila do Conde, para instalar a fábrica do projeto Valérius 360.
José Manuel Vilas Boas Ferreira, líder do grupo Valérius. Paulo Duarte
08 de Janeiro de 2022 às 11:48
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Nascido em Barcelinhos, freguesia de Barcelos, José Manuel Vilas Boas Ferreira, de 55 anos, tornou-se empresário a meio da primeira década deste século, com a compra de duas fabricantes de componentes para automóveis - a Inoveplástika (peças plásticas) e a Henfilgon (pintura e acabamentos), tendo dois anos depois salvo a têxtil Valérius, nome do grupo que se tornou um colosso industrial.

 

Desde então que tem vindo a resgatar da falência uma série de empresas, como a Fábrica de Calçado Campeão Português, (Camport), a Ambar (produtora de artigos de papelaria, de material escolar e de brinquedos pedagógicos), a Delcon (do falido grupo Ricon, que detinha a marca Gant em Portugal), que deu lugar à Sartius, e outras que estavam insolventes, como a Covidel, a Lima Têxtil ou a Filobranca.

 

Agora quer salvar a Dielmar, com o grupo Valérius a ser o único candidato a apresentar uma proposta para a compra da histórica empresa de vestuário de Alcains, no concelho de Castelo Branco.

 

A proposta do grupo de Vilas Boas ascende a 250 mil euros e prevê a criação de 200 postos de trabalho.

 

"A empresa sempre disse que enquanto existirem pessoas, que são os nossos maiores ativos, vai continuar a querer ter essas pessoas. Na realidade, temos trabalho para elas", explicou Patrícia Ferreira, filha de Vilas Boas e CEO da Valérius, em entrevista ao Jornal Têxtil.

 

"Por isso, sempre que existirem pessoas e nós pudermos, efetivamente, ser uma mais-valia para elas, vamos continuar. E se não for a Dielmar, certamente que será outra empresa", atirou a mesma gestora.

 

"Portugal ficar como o centro de desenvolvimento e a produção passar para Marrocos"

 

Patrícia Ferreira considera problemática a sucessão nesta indústria. "O número de costureiras a entrar é pouco, por isso, o que fizemos foi investir em Marrocos: montámos uma unidade produtiva de confeção e uma unidade da Valérius 360 no país", revelou.

 

Já tem "cerca de 300 pessoas na confeção" marroquina, "mas a ideia é ter um crescimento até mil pessoas nos próximos cinco anos", adiantou.

 

Patrícia Ferreira considera que a ideia de que a Valérius é apenas uma empresa de confeção está ultrapassada. "Todas as empresas que continuarem com este ‘mindset’ provavelmente dentro de 10 anos não vão existir, porque não se pode ser apenas mais uma empresa", afirmou, ainda na mesma entrevista ao Jornal Têxtil.

 

"Daí também a unidade em Marrocos, porque sentimos que vai ser difícil utilizar mão-de-obra portuguesa na confeção", sinalizou, alertando que "as pessoas que estão neste momento a confecionar têm 48/50 anos e a nova geração não quer entrar neste processo, por isso, daqui a 10/15 anos não vamos ter mão-de-obra para trabalhar na indústria têxtil".

 

"O que estamos a preparar é, como aconteceu noutros países, Portugal ficar como o centro de desenvolvimento - ao nível da matéria-prima e inovação - e a produção em si passar para Marrocos, porque podemos não ter essa capacidade ou vamos ter de guardar as nossas linhas para processo ‘made-to-order’ ou para processos que vão ser mais diferenciadores", concluiu a CEO da Valérius, que dá emprego, "no mínimo, a 2.500 pessoas" no nosso país.

 

 

 

 

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