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Vendas de casas novas na China recuperam após 15 meses de quedas

É a primeira vez, desde 2007, que os dados de outubro ultrapassam os de setembro. Ambos os meses são tradicionalmente movimentados no mercado imobiliário chinês.

A Evergrande foi responsável pelo início da crise que se vive no setor imobiliário da China.
Wu Hao/ EPA
01 de Novembro de 2024 às 07:52
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As vendas de casas novas na China aumentaram 0,9%, em termos homólogos, em outubro, após 15 meses consecutivos de quedas, de acordo com dados divulgados hoje pelas autoridades do país asiático.

Os dados, citados pelo portal de notícias local The Paper, correspondem às transações de vendas que são registadas na plataforma digital do ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, e mostram uma aceleração de 12,5%, em relação a setembro.

É a primeira vez, desde 2007, que os dados de outubro ultrapassam os de setembro. Ambos os meses são tradicionalmente movimentados no mercado imobiliário chinês.

O crescimento é especialmente notório nas quatro principais cidades do país (Pequim, Xangai, Shenzhen e Cantão), onde o número de vendas e compras registadas na referida plataforma aumentou 14,1% em relação ao ano anterior, no caso das casas novas, e 47,3%, no caso das propriedades em segunda mão.

De acordo com um porta-voz do ministério, os dados refletem uma "inércia positiva" com vista a travar a queda do mercado e a estabilizá-lo, graças às medidas anunciadas por Pequim nos últimos meses.

O índice oficial dos preços imobiliários de outubro deverá ser divulgado a 15 de novembro. Este indicador acumula 16 meses consecutivos de descidas no que toca às novas habitações.

Em meados do outubro, o ministro da Habitação da China, Ni Hong, garantiu que o setor já tinha "atingido o fundo do poço" e anunciou a expansão do programa de financiamento de projetos imobiliários, que atingirá o equivalente a cerca de 562 mil milhões de dólares (516 mil milhões de euros), até ao final de 2024, oferecendo um maior acesso ao crédito para os promotores concluírem obras em curso.

O Governo chinês vai também permitir que as autoridades locais utilizem fundos especiais para adquirir terrenos e propriedades não vendidas, para converter estas últimas em habitações a preços acessíveis.

Em maio, as autoridades já tinham lançado um vasto pacote de medidas para tentar reanimar o setor, com milhares de milhões de euros em empréstimos para projetos de habitação subsidiada ou a redução das entradas exigidas para a compra de casas, aumentando também o número de pessoas que podem ser consideradas compradores de primeira habitação.

Desde então, muitas cidades chinesas anunciaram medidas para facilitar a compra de casa.

A situação financeira das empresas imobiliárias chinesas piorou depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares (303 mil milhões de euros).

Em resposta à crise, o governo anunciou nos últimos meses uma série de medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores.

Foi dada prioridade à conclusão dos projetos comprados em planta, uma questão que preocupa Pequim devido às suas implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

No entanto, o mercado não está a responder: as vendas comerciais medidas por área útil caíram 24,3%, em 2022, e mais 8,5%, em 2023.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia da Chin é precisamente a crise no setor imobiliário, cujo peso no Produto Interno Bruto do país - somando fatores indiretos - foi estimado por alguns analistas em cerca de 30%.
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