Notícia
E se ela acabar?
Todos temos de pensar que a água é um bem que está disponível nas sociedades desenvolvidas, mas que pode não o estar no futuro
04 de Junho de 2012 às 09:00
Hoje, a gestão dos recursos hídricos para assegurar a disponibilidade de água para o futuro da humanidade implica a procura de soluções cada vez mais sustentáveis. Estas começam em todo o trabalho de mitigação em prol da diminuição das emissões de gases com efeito de estufa, principalmente nos sectores da energia e dos transportes, que está e deve continuar a ser feito.
Mas também têm de ser tomadas medidas para o uso eficiente da água, começando pela alteração de mentalidades. Todos temos de pensar que é um bem que disponível nas sociedades desenvolvidas, que pode não estar no futuro. E não nos podemos esquecer que uma parte significativa da população mundial ainda não tem acesso a água potável para suprir as suas necessidades, nem acesso a condições de saneamento básico.
Uma das medidas mais urgentes a tomar é, segundo Alexandra Serra, presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), a introdução pelos "estados e instituições responsáveis pela gestão da água, de medidas de adaptação nos processos de planeamento e gestão dos recursos hídricos".
É, assim, necessário ter em conta a incerteza das variáveis quando se instala um sistema de fornecimento de água, pois este tem de responder de forma resiliente e robusta às alterações do ciclo hidrológico. É preciso que garanta o fornecimento de água potável, mesmo em anos de seca, por exemplo. A resiliência tem a ver com a rapidez de resposta do sistema em relação a uma situação extrema.
Se um sistema de abastecimento de água for alimentado por uma única origem é menos robusto do que se o for por duas origens, água subterrânea e de uma albufeira. Este dado é importante para a região alentejana, por exemplo, por esta ser muito vulnerável a situações de seca prolongada em zonas muito dependentes de águas subterrâneas.
Por causa da incerteza prevista para o futuro devido às alterações climáticas, já há companhias a estudar novos modelos de seguros. Alexandra Serra refere que estas têm trabalhado com os agentes económicos e utilizadores de água para lançar novos instrumentos para minimizar o risco dos efeitos das alterações climáticas. Isso passará pelo lançamento de apólices que abranjam situações de catástrofes naturais com perda de colheitas, destinadas a minimizar os prejuízos dos clientes.
Os planos de prevenção e contenção contra cheias e inundações também são cada vez mais essenciais, principalmente em zonas onde a sua ocorrência possa ter efeitos mais graves, como é o caso de certas áreas dos concelhos de Loures e Mafra, como foi salientado no Seminário Ambiente Urbano e Riscos na Área Metropolitana de Lisboa, que decorreu recentemente no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Deve haver mais estudos, prevenção e preparação das zonas vulneráveis às inundações.
"É um dos vectores em que a gestão dos recursos hídricos mais se deve concentrar, tal como nos planos de contingência contra secas", salienta Alexandra Serra. A de 2005 é um bom exemplo da forma como um plano de contingência bem estruturado, com a envolvência de todos os utilizadores, contribuiu para superar dificuldades. Foi muito grave e quase ninguém deu por ela.
Produção de ostras no Tejo
Projecto-piloto investiga viabilidade comercial da actividade
Está actualmente a decorrer um projecto-piloto de investigação sobre a viabilidade de produção de ostras no Estuário do Tejo e determinação da adequação da qualidade da água do estuário para a produção de bivalves.
Investigar a viabilidade de desenvolvimento da ostra portuguesa, no estuário do Tejo e avaliar as suas condições de crescimento e a taxa de sobrevivência para uma futura exploração comercial é um dos objectivos do estudo. Por isso está a ser analisada a qualidade da água na zona escolhida como potencial zona de produção, de modo a averiguar se as condições actuais são compatíveis com o a actividade ostreícola em termos comerciais. Também está a ser investigada a influência da poluição difusa na qualidade da água do estuário e identificadas as potenciais medidas preventivas.
Mudanças climáticas afectam Alpes
Milhares de metros cúbicos de água foram removidos de um glaciar para evitar uma catástrofe
A bela cidade de Saint-Gervais-les-Bains é um resort popular das zonas alpinas para a prática de esqui, que vive essencialmente do turismo. Só que, durante uma inspecção de rotina realizada em 2010 ao glaciar Tête Rousse, foram detectados 65 mil metros cúbicos de água, um volume significativo retido numa cavidade do seu interior. Se o glaciar se rompesse, em apenas 15 minutos um volume imenso de água poderia submergir o vale inteiro, o lar de cerca de três mil pessoas. Em 1892, um vazamento semelhante tinha morto 175 pessoas no mesmo local. Por isso, a necessidade de vazar a cavidade do glaciar era urgente. Tratava-se de uma operação delicada, devido ao risco constante da ocorrência de avalanches. Outro problema era a altitude a que iria decorrer a operação, 3200 metros, somente acessível de helicóptero. Os engenheiros perfuraram 55 metros através do gelo para alcançar o depósito de água. Três meses depois o problema estava resolvido, após terem sido retirados 48 mil metros cúbicos de água, o que contribuiu para baixar a pressão exercida internamente sobre o gelo do glaciar.
Oceano Árctico liberta metano
Cientistas detectaram concentrações elevadas de gases junto à superfície das águas
Segundo um relato de cientistas no jornal Nature Geoscience, a superfície do oceano Árctico pode estar a libertar volumes significativos de metano para a atmosfera. Os cientistas voaram num avião preparado sobre a região e detectaram concentrações elevadas de gases com efeito de estufa junto à superfície das águas.
Durante os voos, realizados cima dos 82 graus de latitude norte, os instrumentos de pesquisa do avião detectaram a presença de metano, aparentemente originado a partir das águas do oceano. Os sinais tornavam-se mais fortes quando o voo era efectuado a baixa altitude. "Fomos surpreendidos pelo valor dos níveis de metano sobre o Árctico a baixa altitude", co autor do estudo, Eric Kort, do Laboratório de Propulsão a Jacto do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.
Mas também têm de ser tomadas medidas para o uso eficiente da água, começando pela alteração de mentalidades. Todos temos de pensar que é um bem que disponível nas sociedades desenvolvidas, que pode não estar no futuro. E não nos podemos esquecer que uma parte significativa da população mundial ainda não tem acesso a água potável para suprir as suas necessidades, nem acesso a condições de saneamento básico.
Uma das medidas mais urgentes a tomar é, segundo Alexandra Serra, presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), a introdução pelos "estados e instituições responsáveis pela gestão da água, de medidas de adaptação nos processos de planeamento e gestão dos recursos hídricos".
Se um sistema de abastecimento de água for alimentado por uma única origem é menos robusto do que se o for por duas origens, água subterrânea e de uma albufeira. Este dado é importante para a região alentejana, por exemplo, por esta ser muito vulnerável a situações de seca prolongada em zonas muito dependentes de águas subterrâneas.
Por causa da incerteza prevista para o futuro devido às alterações climáticas, já há companhias a estudar novos modelos de seguros. Alexandra Serra refere que estas têm trabalhado com os agentes económicos e utilizadores de água para lançar novos instrumentos para minimizar o risco dos efeitos das alterações climáticas. Isso passará pelo lançamento de apólices que abranjam situações de catástrofes naturais com perda de colheitas, destinadas a minimizar os prejuízos dos clientes.
Os planos de prevenção e contenção contra cheias e inundações também são cada vez mais essenciais, principalmente em zonas onde a sua ocorrência possa ter efeitos mais graves, como é o caso de certas áreas dos concelhos de Loures e Mafra, como foi salientado no Seminário Ambiente Urbano e Riscos na Área Metropolitana de Lisboa, que decorreu recentemente no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Deve haver mais estudos, prevenção e preparação das zonas vulneráveis às inundações.
"É um dos vectores em que a gestão dos recursos hídricos mais se deve concentrar, tal como nos planos de contingência contra secas", salienta Alexandra Serra. A de 2005 é um bom exemplo da forma como um plano de contingência bem estruturado, com a envolvência de todos os utilizadores, contribuiu para superar dificuldades. Foi muito grave e quase ninguém deu por ela.
Produção de ostras no Tejo
Projecto-piloto investiga viabilidade comercial da actividade
Está actualmente a decorrer um projecto-piloto de investigação sobre a viabilidade de produção de ostras no Estuário do Tejo e determinação da adequação da qualidade da água do estuário para a produção de bivalves.
Investigar a viabilidade de desenvolvimento da ostra portuguesa, no estuário do Tejo e avaliar as suas condições de crescimento e a taxa de sobrevivência para uma futura exploração comercial é um dos objectivos do estudo. Por isso está a ser analisada a qualidade da água na zona escolhida como potencial zona de produção, de modo a averiguar se as condições actuais são compatíveis com o a actividade ostreícola em termos comerciais. Também está a ser investigada a influência da poluição difusa na qualidade da água do estuário e identificadas as potenciais medidas preventivas.
Mudanças climáticas afectam Alpes
Milhares de metros cúbicos de água foram removidos de um glaciar para evitar uma catástrofe
A bela cidade de Saint-Gervais-les-Bains é um resort popular das zonas alpinas para a prática de esqui, que vive essencialmente do turismo. Só que, durante uma inspecção de rotina realizada em 2010 ao glaciar Tête Rousse, foram detectados 65 mil metros cúbicos de água, um volume significativo retido numa cavidade do seu interior. Se o glaciar se rompesse, em apenas 15 minutos um volume imenso de água poderia submergir o vale inteiro, o lar de cerca de três mil pessoas. Em 1892, um vazamento semelhante tinha morto 175 pessoas no mesmo local. Por isso, a necessidade de vazar a cavidade do glaciar era urgente. Tratava-se de uma operação delicada, devido ao risco constante da ocorrência de avalanches. Outro problema era a altitude a que iria decorrer a operação, 3200 metros, somente acessível de helicóptero. Os engenheiros perfuraram 55 metros através do gelo para alcançar o depósito de água. Três meses depois o problema estava resolvido, após terem sido retirados 48 mil metros cúbicos de água, o que contribuiu para baixar a pressão exercida internamente sobre o gelo do glaciar.
Oceano Árctico liberta metano
Cientistas detectaram concentrações elevadas de gases junto à superfície das águas
Segundo um relato de cientistas no jornal Nature Geoscience, a superfície do oceano Árctico pode estar a libertar volumes significativos de metano para a atmosfera. Os cientistas voaram num avião preparado sobre a região e detectaram concentrações elevadas de gases com efeito de estufa junto à superfície das águas.
Durante os voos, realizados cima dos 82 graus de latitude norte, os instrumentos de pesquisa do avião detectaram a presença de metano, aparentemente originado a partir das águas do oceano. Os sinais tornavam-se mais fortes quando o voo era efectuado a baixa altitude. "Fomos surpreendidos pelo valor dos níveis de metano sobre o Árctico a baixa altitude", co autor do estudo, Eric Kort, do Laboratório de Propulsão a Jacto do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.