Notícia
Metalurgia admite começar a parar a partir de maio face à escalada dos preços
De acordo com a associação de metalurgia neste momento "grande parte" das empresas do setor "ainda estão a beneficiar das compras coletivas de energia que foram feitas pela própria associação, em 2021, tal como vinham a ser feitas desde 2011, e que produzem efeitos até 30 de abril".
24 de Março de 2022 às 09:08
O setor metalúrgico e metalomecânico está a beneficiar, até final de abril, das compras coletivas de energia feitas em 2021, mas admite reduzir a atividade a partir de maio face aos custos energéticos acrescidos e à falta de matérias-primas.
"Também achamos que corremos o risco a partir de maio, com custos muito elevados de energia e sem matérias-primas suficientes para trabalhar, de algumas empresas terem de reduzir os seus períodos normais de atividade, sem dúvida nenhuma", afirmou o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em declarações à agência Lusa.
De acordo com Rafael Campos Pereira, neste momento "grande parte" das empresas do setor "ainda estão a beneficiar das compras coletivas de energia que foram feitas pela própria associação, em 2021, tal como vinham a ser feitas desde 2011, e que produzem efeitos até 30 de abril".
"O que quer dizer que, neste momento, grande parte das empresas do nosso setor e das associadas da AIMMAP estão ainda a pagar os preços fixos do ano passado, portanto, nalguns casos, cinco, seis vezes menos do que [o preço a que] está agora o mercado", salientou.
Apesar da "situação relativamente salvaguardada" que atualmente vivem, o dirigente associativo prevê que, "a partir do dia 01 de maio, as empresas vão ver os custos de energia aumentar talvez três ou quatro vezes, a não ser que a situação evolua", dada a escalada dos preços energéticos que, entretanto, aconteceu.
Adicionalmente, nota Rafael Campos Pereira, "os fornecedores de energia já não estão disponíveis para fazer preços fixos", pelo que, embora o setor possa continuar a comprar em conjunto, terá de o fazer "com preços indexados, variáveis", e já não ao preço fixo de que até agora beneficiava.
E, embora o peso relativo dos custos energéticos seja inferior na metalurgia e metalomecânica do que noutros setores, como o têxtil, o vice-presidente da AIMMAP diz que há subsetores, como a fundição, na qual a energia "pesa", nomeadamente o gás natural, sobretudo, mas também a energia elétrica.
Neste contexto, o dirigente associativo defende como "fundamental uma resposta a nível europeu -- "e o Governo português também tem de estar empenhado nisso", enfatiza -, com a compra de energia em grupo".
Já no que diz respeito às matérias-primas, a AIMMAP considera também "fundamental que sejam eliminadas as taxas que a Comissão Europeia aplica às importações de fora da Europa", pelo que está "a pressionar no sentido de o Governo, desta vez, tomar uma posição em consonância com essa necessidade da indústria portuguesa".
Paralelamente, acrescenta, a associação setorial europeia "também está a diligenciar nesse sentido junto da Comissão Europeia."
Adicionalmente, a AIMMAP reclama a urgência de "medidas para proteger o emprego", salientando a importância da reativação do 'lay-off' simplificado "para fazer face a estas dificuldades".
Quanto ao argumento do até aqui ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, de que o Governo prefere "dar apoios para que as empresas continuem a laborar do que dar apoios para que os trabalhadores vão para casa", Rafael Campos Pereira refuta: "As nossas empresas não precisam de nenhum estímulo para trabalhar. Acho que o Governo, aí, não está a ver bem o problema. Queremos apenas proteger o emprego e proteger a atividade".
"As empresas trabalhar querem elas. Mais, as empresas têm muitas encomendas, o que acontece é que correm o risco de não lhes poder fazer face porque os custos de energia são incomportáveis e porque as matérias-primas estão em falta", remata.
No setor têxtil, mais de metade das empresas estão já a efetuar paragens temporárias devido à escalada dos preços da energia, segundo avançou na terça-feira a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), que alertou para a iminência de insolvências se não forem implementados mecanismos como o 'lay-off' simplificado.
"O setor é muito resiliente, as empresas resistem o mais que podem, mas, a continuar esta situação durante mais semanas, estou, infelizmente, convencido que vamos ter situações de insolvência por as empresas não terem sido ajudadas, nem ter havido mecanismos para permitir que elas pudessem ajustar-se a esta situação", afirmou o presidente da ATP em declarações à Lusa.
Segundo Mário Jorge Machado, até ao momento, a associação tem apenas conhecimento de um caso de encerramento definitivo, mas "cerca de 50% a 70% das empresas" têxteis estão, atualmente, a efetuar paragens temporárias da atividade, alguns dias por semana, para tentar mitigar os efeitos da escalada dos preços da energia.
"As empresas estão a trabalhar menos dias por mês, na tentativa de esperar que o preço do gás baixe alguma coisa, porque trabalhando aos preços que o gás tem, as empresas têm prejuízo todos os dias. Quanto menos dias de trabalho, menos prejuízos têm", afirmou.
"Também achamos que corremos o risco a partir de maio, com custos muito elevados de energia e sem matérias-primas suficientes para trabalhar, de algumas empresas terem de reduzir os seus períodos normais de atividade, sem dúvida nenhuma", afirmou o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em declarações à agência Lusa.
De acordo com Rafael Campos Pereira, neste momento "grande parte" das empresas do setor "ainda estão a beneficiar das compras coletivas de energia que foram feitas pela própria associação, em 2021, tal como vinham a ser feitas desde 2011, e que produzem efeitos até 30 de abril".
"O que quer dizer que, neste momento, grande parte das empresas do nosso setor e das associadas da AIMMAP estão ainda a pagar os preços fixos do ano passado, portanto, nalguns casos, cinco, seis vezes menos do que [o preço a que] está agora o mercado", salientou.
Apesar da "situação relativamente salvaguardada" que atualmente vivem, o dirigente associativo prevê que, "a partir do dia 01 de maio, as empresas vão ver os custos de energia aumentar talvez três ou quatro vezes, a não ser que a situação evolua", dada a escalada dos preços energéticos que, entretanto, aconteceu.
Adicionalmente, nota Rafael Campos Pereira, "os fornecedores de energia já não estão disponíveis para fazer preços fixos", pelo que, embora o setor possa continuar a comprar em conjunto, terá de o fazer "com preços indexados, variáveis", e já não ao preço fixo de que até agora beneficiava.
E, embora o peso relativo dos custos energéticos seja inferior na metalurgia e metalomecânica do que noutros setores, como o têxtil, o vice-presidente da AIMMAP diz que há subsetores, como a fundição, na qual a energia "pesa", nomeadamente o gás natural, sobretudo, mas também a energia elétrica.
Neste contexto, o dirigente associativo defende como "fundamental uma resposta a nível europeu -- "e o Governo português também tem de estar empenhado nisso", enfatiza -, com a compra de energia em grupo".
Já no que diz respeito às matérias-primas, a AIMMAP considera também "fundamental que sejam eliminadas as taxas que a Comissão Europeia aplica às importações de fora da Europa", pelo que está "a pressionar no sentido de o Governo, desta vez, tomar uma posição em consonância com essa necessidade da indústria portuguesa".
Paralelamente, acrescenta, a associação setorial europeia "também está a diligenciar nesse sentido junto da Comissão Europeia."
Adicionalmente, a AIMMAP reclama a urgência de "medidas para proteger o emprego", salientando a importância da reativação do 'lay-off' simplificado "para fazer face a estas dificuldades".
Quanto ao argumento do até aqui ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, de que o Governo prefere "dar apoios para que as empresas continuem a laborar do que dar apoios para que os trabalhadores vão para casa", Rafael Campos Pereira refuta: "As nossas empresas não precisam de nenhum estímulo para trabalhar. Acho que o Governo, aí, não está a ver bem o problema. Queremos apenas proteger o emprego e proteger a atividade".
"As empresas trabalhar querem elas. Mais, as empresas têm muitas encomendas, o que acontece é que correm o risco de não lhes poder fazer face porque os custos de energia são incomportáveis e porque as matérias-primas estão em falta", remata.
No setor têxtil, mais de metade das empresas estão já a efetuar paragens temporárias devido à escalada dos preços da energia, segundo avançou na terça-feira a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), que alertou para a iminência de insolvências se não forem implementados mecanismos como o 'lay-off' simplificado.
"O setor é muito resiliente, as empresas resistem o mais que podem, mas, a continuar esta situação durante mais semanas, estou, infelizmente, convencido que vamos ter situações de insolvência por as empresas não terem sido ajudadas, nem ter havido mecanismos para permitir que elas pudessem ajustar-se a esta situação", afirmou o presidente da ATP em declarações à Lusa.
Segundo Mário Jorge Machado, até ao momento, a associação tem apenas conhecimento de um caso de encerramento definitivo, mas "cerca de 50% a 70% das empresas" têxteis estão, atualmente, a efetuar paragens temporárias da atividade, alguns dias por semana, para tentar mitigar os efeitos da escalada dos preços da energia.
"As empresas estão a trabalhar menos dias por mês, na tentativa de esperar que o preço do gás baixe alguma coisa, porque trabalhando aos preços que o gás tem, as empresas têm prejuízo todos os dias. Quanto menos dias de trabalho, menos prejuízos têm", afirmou.