Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

New Balance rompe com gestora de lojas em Portugal. Empresa planeia lojas próprias em 2022

A New Balance decidiu romper com o distribuidor oficial e proprietário das lojas da marca desportiva na Península Ibérica, o que poderá levar ao encerramento de duas dezenas de espaços comerciais. Empresa quer abrir lojas próprias em Portugal já em 2022.

  • ...

A New Balance, que fornece equipamentos a clubes como o FC Porto, Liverpool, Sevilha ou AS Roma, decidiu não renovar o acordo com a distribuidora oficial e proprietária das lojas da marca desportiva em Portugal e Espanha, em face de uma dívida superior a seis milhões de euros por parte da empresa, o Experience Group.

A parceria para as vendas a retalho da marca desportiva na Península Ibérica, iniciada em 2013, chega ao fim depois de a New Balance ter anunciado que o atual contrato de licenciamento que expira no próximo dia 31 de dezembro não vai ser renovado.

O El País noticia, esta quarta-feira, que a New Balance vai fechar, nas próximas semanas, as 22 lojas físicas espalhadas por Portugal e Espanha, para direcionar o foco da estratégia para o comércio online, o que, de acordo com o El Día de Valladolid, poderá colocar em risco mais de 500 empregos diretos.

Ao Negócios, fonte oficial da New Balance na Península Ibérica afirmou que a empresa é alheia a essa decisão, que pertence antes à proprietária das lojas, o Experience Group, e revelou que planeia inclusive abrir lojas próprias em Portugal e Espanha no próximo ano, mas sem facultar mais detalhes.

"Não há planos para mudar a nossa estratégia comercial e tencionamos abrir uma série de lojas em todo o mundo nos próximos anos", reforçou a mesma fonte, apontando que os produtos da marca vestuário e calçado desportivo vão continuar a estar disponíveis nas lojas multi-marca com as quais a empresa tem acordos de fornecimento, após o termo da parceria com o Experience Group.

Com efeito, a história está longe de ser simples, atendendo a que circulam informações distintas relativamente ao que vai suceder às lojas geridas pelo Experience Group e aos seus trabalhadores, quando expirar o contrato de licenciamento que lhe permitia comercializar produtos da empresa com sede em Boston em toda a Península Ibérica.

Ao abrigo da concessão, a New Balance cedia a marca e proporcionava o merchandising e o mobiliário necessários aos espaços comerciais geridos pelo Experience Group, dedicados em exclusivo à venda de produtos da empresa norte-americana. 


Segundo o El País, no país vizinho, as lojas já entraram em liquidação esta semana estando a praticar descontos nos artigos da marca entre 40 e 50%, e que, a partir da próxima segunda-feira, vão chegar a 70% em todas as lojas.

No entanto, este não é o cenário em Portugal. Se bem que o Governo proibiu práticas comerciais com redução de preço em estabelecimentos comerciais até 9 de janeiro, para evitar ajuntamentos em face do crescente número de casos de covid-19, funcionários de duas lojas contactadas pelo Negócios garantiram não ter qualquer informação sobre futuras liquidações ou relativamente a um potencial encerramento.

Ao abrigo da parceria, a Alfico, subsidiária espanhola da New Balance, assegurava o fornecimento de mercadoria às lojas do Experience Group com condições de pagamento muito específicas, mas desde 2019, ainda antes da pandemia, o Experience Group tem acumulada uma dívida superior a seis milhões de euros. Ao Negócios, a New Balance garante que a Alfico deu flexibilidade ao Experience Group para saldar a dívida, mas que esta nunca cumpriu com os planos de pagamento definidos.

Assim, já este ano, a New Balance levou a cabo um estudo sobre o progresso do negócio em Espanha e, após analisar a informação facultada pelo Experience Group, informou-a, em julho, com meio ano de antecedência, que, como previsto, no contrato, acordo de concessão da licença iria expirar a 31 de dezembro, refere a mesma fonte.


Dada a falta de pagamento dos valores em dívida, a Alfico colocou termo aos contratos de fornecimento em outubro, mas, de acordo com a New Balance, ofereceu aos dirigentes do Experience Group a possibilidade de continuar a providenciar-lhes mercadoria, ainda que sob diferentes condições de pagamento.

Em face do sucedido, o Experience Group recorreu para a justiça, mas um tribunal de primeira instância espanhol decidiu, no passado dia 15, negar provimento às medidas cautelares, com imposição de custos ao queixoso, na sequência da ação intentada contra a Alfico.

Segundo a imprensa espanhola, o Experience Group processou a Alfico por forçar a rescisão unilateral do contrato de licença e gestão e pela demora de meses devido a restrições "artificiais" na entrega de encomendas.

A Alfico foi vendida pela sua dona, Ana Scheidgen, CEO da New Balance em Espanha, à empresa sediada em Boston em 2016.

Três anos antes, a empresária tinha montado o Experience Group, que agora a processa, para a exploração das vendas a retalho da New Balance em Espanha e Portugal a par com dois sócios especialistas no setor.

Scheidgen pôde manter o duplo papel (de CEO da filial da New Balance Iberia e de sócia e conselheira do Experience Group), como parte do acordo da venda da Alfico à New Balance International, algo considerado estratégico na altura da assinatura, há cinco anos.

O Experience Group, que além das 22 lojas opera uma app em Espanha, tem uma faturação anual na ordem dos 30 milhões de euros.

Segundo o jornal El Independiente, o Experience Group alega que o contrato se renova automaticamente a cada cinco anos no quadro de um plano estratégico até 2025, algo que, argumenta, Scheidgen deve saber, já que tal terá sido aprovado pelo conselho de administração da empresa.


Ver comentários
Saber mais bens de consumo economia negócios e finanças New Balance Informação sobre empresas comércio
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio