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BES afunda mais de 10% e já perde 23% na semana (act)
As acções do banco estão a acentuar a tendência negativa numa sessão em que a cotação das obrigações do banco está também em forte queda. Os investidores temem os efeitos do atraso no reembolso de investimentos no banco suíço do Grupo Espírito Santo.
As acções do Banco Espírito Santo estão a acentuar a queda e já desvalorizam mais de 10% na sessão de hoje, sendo penalizadas pela queda dos títulos de dívida do banco, numa altura em que os atrasos no reembolso de títulos de dívida do banco suíço do Grupo Espírito Santo está a afastar os investidores dos títulos ligados ao grupo.
As acções do BES caem 10,7% para 57,6 cêntimos, com mais de 57 milhões de títulos transaccionados. É já a terceira sessão de fortes quedas para o banco ainda liderado por Ricardo Salgado, que na semana acumula uma desvalorização de 23,4%.
Os títulos estão assim a negociar já bem abaixo do preço que os investidores pagaram pelas novas acções (65 cêntimos) no aumento de capital concretizado em Junho.
A queda das acções do Espírito Santo Financial Group é ainda mais acentuada, com os títulos a descerem 11,58% para 1,291 euros.
Esta queda ocorre no dia em que o Negócios avança que alguns clientes do Banque Privée Espírito Santo, o banco de gestão de fortunas que o Grupo Espírito Santo (GES) tem na Suíça, estão a começar a organizar-se para avançarem em conjunto com queixas contra a instituição e a Espírito Santo International (ESI), "holding" de topo do GES.
Em causa está o facto de terem em atraso o reembolso de investimentos realizados em papel comercial da ESI e de outras sociedades do grupo que, alegam, lhes foram apresentados pelo banco suíço do GES como produtos sem risco, mas que agora estão sob a ameaça de incumprimento.
Dívida em mínimos
A contribuir para a queda das acções esta quarta-feira está a desvalorização dos títulos de dívida do BES. Segundo a Bloomberg, as obrigações subordinadas com maturidade em Novembro de 2023 estão a cair 4,87 cêntimos para 88,49 cêntimos, a cotação mais baixa de sempre.
"As notícias dos últimos dias estão a confirmar as suspeitas dos investidores sobre a dimensão dos problemas no topo do grupo", disse à Bloomberg Roger Francis, analista do Mizuho International, acrescentando que "há uma grande incerteza no mercado com as notícias de falhas nos pagamentos".
O banco que está a atrasar o reembolso de dívida aos clientes não é detido pelo BES, sendo antes controlado pelo GES. A ESFG, detida pelo GES, controla 25% do capital do banco ainda liderado por Ricardo Salgado.
Efeito positivo da nova gestão durou pouco
Na sexta-feira, 4 de Julho, as acções do BES chegaram a ganhar mais de 8% após ser noticiado que Vítor Bento iria ocupar o lugar de Ricardo Salgado à frente do banco. Nesse dia, as acções do BES fecharam a negociar nos 0,752 euros, resultado da subida de 8,20%. Durante a sessão, chegaram a avançar mais de 9%, tocando nos 0,759 euros.
Esta segunda-feira, os títulos do banco regressaram às quedas e acumulam, entretanto, três sessões de perdas. O mercado está agora a avaliar o BES em 3.240 milhões de euros.
Recorde-se que os títulos do BES têm vindo a ser fortemente penalizados devido às alterações que a instituição vai realizar no seio da administração. Primeiro, surgiu a instabilidade provocada pelo anúncio da saída de Ricardo Salgado e da indefinição sobre quem seria o seu sucessor na liderança da instituição. De seguida, surgiu mais uma notícia negativa para o banco. O Grupo Espírito Santo (GES) está sob pressão para encontrar financiador para os 900 milhões de euros de papel comercial subscrito pela Portugal Telecom. Uma aplicação que vence a 15 e 17 de Julho.
E hoje a notícia de que alguns clientes do Banque Privée Espírito Santo, o banco de gestão de fortunas que o Grupo Espírito Santo (GES) tem na Suíça, estão a começar a organizar-se para avançarem em conjunto com queixas contra a instituição e a Espírito Santo International (ESI), "holding" de topo do GES, volta a pressionar as acções.
No meio da tensão, o Banco Espírito Santo já perde 38,6% desde o início do ano, e está a ser determinante para o facto do PSI-20, que chegou a subir quase 18% no ano, no início de Abril, já estar em terreno negativo.
(notícia actualizada às 12h10 com mais informação e novas cotações)