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Vítor Virgínia: Os desafios da saúde são globais

Para Vítor Virgínia, director-geral da MSD, os grandes desafios em contexto de saúde não podem ser vistos apenas numa perspectiva nacional. É fundamental que haja partilha de conhecimento e de experiências de especialistas das mais diversas áreas da saúde.

21 de Junho de 2016 às 11:00
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O grande objectivo da Be Well Global Health Conference é suscitar a reflexão sobre os grandes desafios da saúde a nível global, ajudando a encontrar caminhos para o futuro", diz Vítor Virgínia, director-geral da MSD em Portugal que organiza, juntamente com o Negócios, este evento a 1 de Outubro no Meo Arena em Lisboa com o apoio da Fundação Gulbenkian e da Câmara Municipal de Lisboa. Acrescenta que quer "trazer uma nova dinâmica e abordagem às conferências de saúde em Portugal, queremos ir mais longe: temos como objectivo colocar Portugal no mapa das grandes conferências de saúde a nível mundial". Licenciado em Gestão pela European University entrou para a empresa em 1989 e lidera a MSD em Portugal desde 2014.

Quais são os principais objectivos da Be Well Global Health Conference?
O grande objectivo da Be Well Global Health Conference é suscitar a reflexão sobre os grandes desafios da saúde a nível global, ajudando a encontrar caminhos para o futuro. Todos sabemos que a saúde atravessa um período peculiar e complexo, com investigação inovadora de enorme potencial que suscita grandes expectativas sobre a capacidade de propiciar mais vida e saúde, matéria que exige tomadas de decisão, relativamente ao acesso em larga escala a estes novos fármacos e tecnologias de saúde. Vivemos uma época de grandes desafios na saúde, que não podem ser vistos apenas numa perspectiva nacional. É fundamental que surjam momentos de partilha de conhecimento e de experiências de especialistas das mais diversas áreas da saúde. O facto de contarmos com grandes nomes internacionais, que se destacaram nas suas áreas específicas de actuação, é muito importante para o enriquecimento da discussão.

Quais são os grandes desafios actuais na área da saúde tendo em conta tanto as prioridades de saúde pública como as patologias mais relevantes?
O século XX, em particular as suas últimas décadas, e este início do século XXI têm sido extraordinários na evolução da ciência e da medicina, com aumento significativo da longevidade, da capacidade de fazer frente à doença e de melhoria do bem-estar. Estes resultados derivam de esforços enormes de investimento em investigação e de-senvolvimento e do funcionamento dos sistemas de saúde.

Se olharmos para o caso do VIH/SIDA, por exemplo, vemos o grande avanço que já foi alcançado, mas a nível da utilização dos antibióticos ainda há um longo caminho a percorrer. No domínio da oncologia afigura-se que podemos estar no dealbar de uma nova era (note-se que o Presidente Obama no seu último discurso do Estado da Nação comparou o actual desafio da luta contra o cancro com o projecto de o homem ir à Lua, para concluir que não há nenhum motivo para não atingirmos o objectivo!).

A um outro nível, as pandemias, como recentemente a do vírus do ébola ou agora a do zika, constituem um desafio enorme para as sociedades e são um estímulo para a procura de vacinas o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, os sistemas de saúde têm de encontrar formas de se tornarem mais eficientes. A tecnologia e a inovação aplicadas à saúde podem ser um dos caminhos e esse será um dos temas a abordar na conferência.

Um dos temas será sobre as pandemias. Há de facto hoje maiores probabilidades de pandemias? Como se enfrentam?
A globalização trouxe-nos a possibilidade de nos deslocarmos com maior facilidade por todo o mundo, trazendo na mesma medida uma maior deslocação de microorganismos entre países. A melhor forma de enfrentarmos as pandemias é através de uma estratégia global, assente em pressupostos de solidariedade e de políticas comuns. Para um problema à escala mundial, teremos de responder da mesma forma. Também neste domínio o desafio é inovarmos na procura de soluções para problemas que são novos e que exigem uma resposta. Por exemplo, a OMS lançou um fundo de emergência para resposta rápida a situações como as de uma epidemia. Todos estaremos de acordo que é preciso mais conhecimento e investigação e que devemos apostar na prevenção.

Um outro olhar é sobre as consequências sociais da desigualdade? Os ricos vivem mais tempo e com mais saúde?
Essa é a conclusão do estudo realizado por Richard Wilkinson, nos países e sociedades em que o fosso entre ricos e pobres é maior, as diferenças de saúde entre os grupos são também elas maiores. Quanto maior a igualdade, melhor são os resultados em saúde da população em geral.

A propósito de diversas questões, tem-se sustentado que riqueza e saúde têm uma relação biunívoca. Em inglês a tradução tem uma leitura mais directa: health =wealth=health. A saúde, além do bem e do valor para cada pessoa, é essencial para trabalhar e criar emprego e produção e, por seu turno, e em termos estatisticamente validados, a riqueza traduz-se na possibilidade de aceder a melhores condições de saúde. Quanto a países, é também importante relacionar a longevidade com a qualidade de vida porque, como bem identificou o recente Relatório da Gulbenkian, os anos acima de 65 anos passados em boa saúde são muito menos em Portugal do que noutros países da Europa Ocidental com longevidade não muito diferente.

Jorge SAMPAIO
Ex-Presidente da República
A saúde global é a chave do desenvolvimento sustentável Foi com todo o gosto que aceitei o honroso convite para presidir à próxima Be Well Global Health Conference, que decorrerá em Lisboa, a 1 de Outubro, na convicção certa de que esta iniciativa dará um importante contributo para pensarmos o futuro da saúde global.

O propósito deste encontro é precisamente o de suscitar uma reflexão conjunta sobre os desafios da saúde global no século XXI, alimentada por um leque – que se espera muito diversificado – de participantes, designadamente: profissionais de saúde, incluindo os sectores e as especialidades tradicionais, mas também as novas funções e profissões que combinam as áreas da saúde, das novas tecnologias e das engenharias; prestadores de cuidados de saúde, seja do sector público seja do privado; investigadores; académicos; representantes de organismos nacionais e de organizações internacionais; organizações da sociedade civil e associações de pacientes; media, etc.

Pela minha parte, move-me a firme convicção de que a saúde global e a educação são duas componentes-chave do desenvolvimento sustentável, havendo uma responsabilidade partilhada pela provisão destes dois bens públicos a nível mundial.

Estou certo de que a próxima Be Well Global Health Conference marcará um tempo forte na reflexão sobre o futuro da saúde global e abrirá pistas interessantes para afrontar os desafios e aproveitar as oportunidades que temos à nossa frente.

JORGE SOARES
DIRECTOR DO GULBENKIAN PROGRAMME FOR INNOVATION IN HEALTH
Os grandes temas para o futuro da saúde O desenvolvimento das sociedades está directamente associado com o potencial de inovação e de expansão do conhecimento.
A Be Well Global Health Conference surge em 2016, pela primeira vez em Portugal, como um grande fórum de discussão de temáticas que ambicionam ocupar espaços relevantes na inovação e, por isso, antecipam valor para o futuro da sociedade.

Neste fórum cruzar-se-ão profissionais de saúde de todas as áreas, desafiados para pensar a medicina nas suas múltiplas inter-relações e influências para lá do seu sector de especialização.

O fórum aborda grandes temas que identificam preocupações que determinarão o futuro da saúde e convocam os seus profissionais para enfrentá-las de um modo inovador: as pandemias como expressão da saúde global, as mudanças sociais e os seus efeitos na saúde, o "big data", e a felicidade como elemento que é decisivamente influenciado pela saúde.

A mobilidade dos cidadãos, as modificações climáticas e as assimetrias na organização e qualidade dos serviços de saúde vêm proporcionando a eclosão de doenças infecciosas que não respeitam fronteiras, constituindo um factor de preocupação na regulação transnacional e uma das mais importantes questões do que se designa por saúde global.

As desigualdades sociais têm particular influência na saúde dos cidadãos e afectam os padrões das doenças num dado período de tempo. A necessidade de promover a justiça, abordando as determinantes da saúde como um compromisso ético colectivo, é um desafio da saúde pública do futuro.

Muitos sectores da sociedade já beneficiam de sistemas de análise de dados que relacionam, em forma de rede, informação muito complexa, que ajuda o modo como os cidadãos devem orientar vários dos seus comportamentos. O benefício do "big data" e a reflexão sobre a partilha de dados pessoais é outro elemento destacado desta conferência.

A saúde é possivelmente o factor mais importante para a felicidade humana. A complexidade das relações entre os dois conceitos conclui, de um modo arrojado e motivador, esta conferência.




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