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Eles estão a fumar menos, elas mais
O número de fumadores do sexo masculino diminuiu nos últimos nove anos, mas o das mulheres aumentou. Os dados mais recentes sobre o consumo de tabaco em Portugal mostram que não houve uma redução significativa no consumo.
Fumar menos. Este foi um dos conselhos do primeiro-ministro António Costa e é um dos objectivos do actual Governo, como de resto tem vindo a ser meta dos anteriores ministros da Saúde em Portugal. Fumar continua a ser a principal causa de morte entre a "mortalidade causada por factores de risco comportamental e evitável". De acordo com as estimativas do Institute for Health Metrics and Evaluation, cerca de 11% das mortes em Portugal são causadas pelo consumo de tabaco. Um número que inclui também os fumadores passivos afectados.
Os dados mais recentes mostram que, no período de um só ano, o consumo de tabaco, incluindo através da exposição passiva ao fumo foi a causa de morte de cerca de 12 mil portugueses.
Os portugueses entre os 50 e os 59 são os que mais mortes registam atribuíveis ao tabaco. Com o avanço da idade, a percentagem de mortes atribuíveis ao tabagismo, por grupo etário, vai diminuindo, devido mortalidade prematura que o tabagismo provoca, alerta o relatório.
Além disso, o estudo sublinha ainda o perigo da exposição ao fumo ambiental, que tem um impacto em termos de mortalidade forte em idades até aos 9 anos de idade e depois a partir dos 30 anos.
Homens estão a fumar menos
Em Portugal existem 1,78 milhões de fumadores com mais de 15 anos. Destes, cerca de 1,16 milhões são homens e 0,6 milhões são mulheres. Por outros números, 27,8% dos homens são fumadores, contra 13,2% das mulheres.
Apesar do avanço masculino, os hábitos parecem estar a seguir caminhos diferentes. Segundo as conclusões apresentadas, os homens estão a fumar menos, registando-se uma diminuição de 27,5% para 23,5% no consumo diário de tabaco pelo sexo masculino. Já o consumo entre o público feminino aumentou, mas mantém-se ainda inferior ao universo masculino, o mais afectado pela mortalidade causada pelo tabagismo.
Cerca de uma em cada dez grávidas fuma na gravidez
Mas o estudo apresentado pela Direcção-geral da Saúde também destaca pontos positivos. Por exemplo, nos últimos nove anos, o número de fumadores que fuma diariamente "registou uma redução de quase 2 pontos percentuais, passando de 18,7% para 16,8%". Além disso, o número de pessoas que deixaram de fumar também aumentou: de 2005 para 2014 o número de ex-fumadores aumentou de 16,1% para 21,7%.
Além disso, os portugueses parecem mais empenhados em deixar de fumar. O número de consultas de acompanhamento para abandonar o tabaco tem aumentado desde 2010, destacando-se um crescimento assinalável em 2014, cita o estudo.
Durante 2014, 92,1% dos residentes em Portugal que deixaram de fumar não tiveram qualquer apoio e apenas 3,6% recorreram a apoio médico ou tomaram medicamentos para deixar de fumar.
O documento sugere ainda que "considerando que os locais de lazer e de trabalho ainda permitem a exposição ao fumo passivo", e que surgem como os locais mais frequentes de exposição ao tabaco, "apesar das medidas de restrição impostas por legislação, há também que reforçar a aplicação destas medidas, de modo a eliminar este tipo de exposição nestes locais". Segundo os dados, as mulheres estão mais sujeitas à exposição do fumo de tabaco no trabalho.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países mais desenvolvidos, contribuindo para seis das oito primeiras causas de morte a nível mundial.
O Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo propõe-se assim a "reduzir a prevalência do consumo de tabaco (diário ou ocasional) na população com 15 ou mais anos em pelo menos 2%, até 2016" a fim de "aumentar a expectativa de vida saudável da população portuguesa, através da redução das doenças e da mortalidade prematura". Entre algumas das sugestões para atingir metas de redução do número de fumadores, a Direcção-geral de Saúde propõe aumentar o preço do tabaco bem como incentivar a realização de intervenções breves e reduzir os custos das terapêuticas para deixar de fumar.