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Rio: "Economia já está a definhar"

O novo líder do PSD reconhece que é mais difícil fazer oposição quando a economia está a crescer, mas avisa que "há país para lá da economia". E deixa perguntas no ar: "Na saúde está tudo bem? Na educação está tudo bem? Na política florestal está tudo bem?"

Miguel Baltazar/Negócios

O presidente do PSD considera que a economia portuguesa não está assim tão bem como revelam os indicadores, embora admita que é mais difícil fazer oposição quando a economia está a crescer. A economia "já está a definhar", disse aos jornalistas à margem de uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa. 

"É verdade que é sempre mais fácil fazer oposição quando a economia corre mal do que quando não corre mal", começou por admitir quando questionado sobre como vai fazer oposição com a economia a crescer, uma dúvida que já se colocava antes do Congresso. O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou na quarta-feira que o PIB cresceu 2,7% no ano passado, ao ritmo mais alto desde 2000. 

Os bons indicadores não parecem, porém, assustar Rui Rio. "E
m primeiro lugar, a economia não está a correr tão bem assim e há oposição para lá da economia", justificou o líder social-democrata.

"Há vida para lá da economia, há país para lá da economia e não é apenas porque a economia neste momento está a crescer, está a crescer cada vez menos - diga-se de passagem já está a definhar -, que tudo o resto em Portugal está bem", acrescentou sem avançar números. 

O Governo prevê um abrandamento da economia para este ano - no relatório do Orçamento do Estado esperava que o PIB crescesse este ano menos oito décimas do que em 2017. Os analistas projectam que o crescimento este ano fique em torno de 2,3%/2,4%, o que ainda será a segunda melhor marca dos últimos 11 anos.    

"Aquilo que a oposição deve fazer é saber identificar o que não está bem para obrigar o Governo a fazer bem. É isso que vamos fazer e não ficarmos apenas agarrados à taxa de crescimento do PIB ou à taxa de desemprego que ainda é mais importante", explicou. 

Questionado sobre o facto de o Presidente da República ter classificado de "bons" os dados conhecidos esta semana, Rio admitiu que "é preferível que os dados sejam bons do que sejam maus", mas considerou que não vai ficar preso aos números.

"Eu não vou deixar de conseguir fazer oposição porque há alguns indicadores que estão bons", garantiu. "Há muitos outros indicadores, muitas outras áreas – na saúde está tudo bem? Na educação está tudo bem? na política florestal está tudo bem? Não está e sabemos que não está". 

Lembrando até que seria natural que estivesse concentrado na economia por causa da sua formação académica, o presidente do PSD assegurou que não vai estar apenas concentrado neste assunto. "Não vamos olhar só para  a economia, apesar de eu ser economista e até ter tendência para isso, e de ser muito importante".

Turbulência está a "atenuar" 

Rio falou também sobre a "turbulência" que o PSD vive desde que foi eleito e que se acentuou com a eleição de Fernando Negrão para líder da bancada parlamentar.

Considerando que a turbulência se está a "atenuar", o líder dos sociais-democratas elogiou a forma como decorreu o debate quinzenal de quarta-feira, onde Fernando Negrão se estreou no frente-a-frente com António Costa. 

Estes "debates mais tranquilos, mais calmos e mais esclarecedores" são melhores para o país, sustentou. "Pode ser menos apelativo para as TV's, mas para o povo é mais esclarecedor". 

"Espero que o normal sejam debates esclarecedores e pausados", afirmou. 

Quanto a resistências de deputados em colaborar com a nova liderança, Rio defendeu que não pode obrigar ninguém a participar. "
Conto com 89 deputados mas não posso obrigar a colaborar quem não quer colaborar", afirmou, garantindo que o "machado de guerra [entre o próprio e Santana] está enterrado desde o Congresso". 

Questionado sobre se devem recnunciar, Rio remeteu a decisão para cada um dos parlamentares. "A consciência deles é que dirá. E também dependem da forma como estão contra. Podem estar um bocadinho contra ou muito contra", afirmou, admitindo que a partir da próxima semana irá ao Parlamento falar com os deputados. 

(Notícia actualizada às 12:55)
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