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China exige a EUA que devolva pandas-gigantes

Pode ser uma manifestação da chamada "diplomacia dos pandas" exercida por Pequim, ou uma coincidência: mas vai deixar de haver pandas em território norte-americano até ao início de 2024.

Kevin Lamarque / Reuters
28 de Setembro de 2023 às 19:52
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Os pandas-gigantes que vivem nos Estados Unidos da América estão todos a voltar para a China, no que pode ser uma face do esfriar das relações entre os dois países. O último caso é o dos pandas do Jardim Zoológico de Washington, cujo retorno está marcado para dezembro, mês em que expira um acordo de aluguer que durou três anos. 

A capital dos EUA irá juntar-se assim a outros zoos do país como Atlanta, San Diego e Memphis que já devolveram os seus animais à China ou se preparam para o fazer no início de 2024.

A agência noticiosa Bloomberg detalha que estas devoluções podem ser uma manifestação da chamada "diplomacia dos pandas", que foi usada ao longo dos anos para recompensar países amigos, castigar países adversários ou conseguir favores. Os pandas-gigantes são sempre cedidos - não vendidos - a outros países pela China, pelo que a sua custódia total só pertence ao país asiático. Em troca, a China recebe milhares de dólares. 

"Existe alguma importância no facto de todos os pandas nos EUA voltarem para a China em 2024", relata Elena Songster, professora da Universidade de Saint Mary na Califórnia e autora de Panda Nation, acerca da "diplomacia dos pandas". "Eles têm um plano. Eles sabem o que estão a fazer", garante. 

O primeiro panda-gigante chegou aos EUA em 1972 sob a presidência de Richard Nixon, que normalizou as relações com a China. Mas essa diplomacia não se sente apenas em território norte-americano: em 2013, um estudo mostrou a correlação entre acordos de urânio China/França e o empréstimo de pandas chineses ao país europeu. 

Em abril, nas redes sociais chinesas surgiram acusações contra o zoo de Memphis por maltratar Ya Ya. O panda-gigante vivia nos EUA desde 2003 e regressou após várias associações se terem queixado que Ya Ya parecia ter sarna e estava magro. Contudo, o governo chinês não apoiou essas declarações, garantindo que o zoo norte-americano tinha cuidado bem do animal. 

A Bloomberg adianta que há outras razões que podem justificar o regresso dos animais, como terem chegado à idade de voltar à China (os exemplares em Washington têm mais de 23 anos, menos a cria de três), ou o país estar a construir uma rede de parques nacionais que assegura a sua conservação e reprodução. 

Não é claro se o Jardim Zoológico de Washington ficará sem pandas muito tempo: em novembro, o presidente chinês Xi Jinping é esperado no Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico em São Francisco, e a questão dos pandas-gigantes nos EUA pode ser uma questão a abordar. 

Em Portugal, não é possível ver pandas-gigantes, mas na capital espanhola, sim: no Zoo Aquarium, vive um par de pandas que já conseguiu ter duas crias por inseminação artificial.
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