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Ex-Presidente dos EUA Jimmy Carter morre aos 100 anos
Carter ocupou o cargo entre 1977 e 1981, tendo sido derrotado por Ronald Reagan. Mais tarde, recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário e diplomático.
O antigo presidente dos EUA Jimmy Carter morreu este domingo aos 100 anos, anunciou a família. O democrata ocupou a presidência dos EUA entre 1977 e 1981, tendo sido derrotado nas eleições por Ronald Reagan quando procurava um segundo mandato.
A presidência de Carter ficou marcada pelo mau estado da economia norte-americana, com a crise do petróleo do final dos anos 1970 a provocar a subida dos preços dos combustíveis e da inflação. O seu mandato também ficou marcado pela crise dos reféns no Irão, em que cerca de 50 cidadãos norte-americanos ficaram retidos durante mais de um ano após a invasão da embaixada dos EUA em Teerão.
Carter acabou por intermediar os acordos de paz entre Israel e o Egito de Camp David, em 1978, e recebeu mais tarde o prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário e diplomático, tendo obtido mais reconhecimento após a presidência dos EUA do que durante o tempo em que ocupou a Casa Branca, assinala a Reuters.
O ex-Presidente dos EUA, natural da Georgia, onde tinha uma plantação de amendoins, era visto como um "outsider" em Washington, quando derrotou Gerald Ford nas eleições de 1976, num país que ainda recuperava do escândalo político de Watergate, que levou à demissão de Richard Nixon e à subida de Ford, o seu vice-presidente, à chefia do Estado.
O seu único mandato foi marcado por importantes acontecimentos no plano internacional. Além dos acordos de Camp David, Carter assinou o tratado que assegurou aos EUA o controlo do Canal do Panamá até 1999.
Após abandonar a Casa Branca, Jimmy Carter fundou o Carter Center em 1982, para promover o desenvolvimento, a saúde e a resolução de conflitos no mundo. Jimmy Carter era caracterizado como um "viajante incansável" que podia ser encontrado em todo o lado: do México ao Peru, passando pela Nicarágua e até Timor-Leste.
Em 2002 recebeu o Prémio Nobel da Paz, designadamente "pelas décadas de esforços infatigáveis com o objetivo de encontrar soluções pacíficas aos conflitos internacionais".
"Jimmy Carter não ficará provavelmente na história americana como o Presidente mais eficaz, mas é certamente o melhor ex-Presidente que o país jamais teve", declarou em dezembro de 2002 o presidente do Comité Nobel, Gunnar Berge, durante a cerimónia solene de entrega do galardão.
Em 2019, e confrontado com uma série de problemas de saúde e várias hospitalizações, tornou-se no primeiro Presidente norte-americano da história a atingir os 95 anos.
A ligação entre Jimmy Carter e o atual Presidente norte-americano, Joe Biden, percorre várias décadas.
Em 1976, Joe Biden, então um jovem senador de Delaware, foi um dos primeiros representantes a apoiar Carter na sua corrida presidencial.
Devido aos seus problemas de saúde, Carter não compareceu à cerimónia de investidura de Biden em janeiro de 2021, na qual participam tradicionalmente os ex-Presidentes dos Estados Unidos.
Poucos meses mais tarde, Jimmy Carter recebeu Joe Biden na sua cidade natal, em Plains na Georgia, onde vivia desde que tinha saído de Washington.
Na altura, surgiu com a mulher Rosalynn, com quem percorreu um casamento de mais de sete décadas, numa imagem ao lado do casal presidencial Biden, Jill e Joe Biden. A paragem de Biden em Plains fez parte de uma viagem pelo estado da Georgia para assinalar os seus primeiros 100 dias no cargo.
"Sentámo-nos e falámos sobre os velhos tempos", disse então Biden. Rosalynn morreu em 2023, aos 96 anos. A última aparição pública de Jimmy Carter foi precisamente no funeral da mulher, em Plains.