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Mondlane "totalmente aberto" ao diálogo para sanar crise pós-eleitoral em Moçambique
Presidente anunciou consensos sobre termos de referência para discutir reformas estatais, incluindo alterações à lei eleitoral, após encontro com quatro líderes de forças partidárias.
O antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane manifestou-se esta terça-feira, 28 de janeiro, uma vez mais, aberto ao diálogo com o chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo, para pôr fim à crise pós-eleitoral no país, dizendo que até agora não foi contactado.
"Não fui ainda contactado [para o diálogo], (...) quando for convidado vou apresentar os meus pontos de vista, já passei várias vezes esta mensagem (...) o único problema é que, neste momento, ele [Daniel Chapo] está vedado e não quer abrir espaço nesta mesa de diálogo", declarou à comunicação social o político moçambicano, durante uma visita a pessoas feridas nas manifestações e que estão no Hospital Central de Maputo.
O Presidente moçambicano está em diálogo com partidos políticos para discutir reformas estatais, incluindo a alteração da lei eleitoral e da Constituição da República, iniciado pelo anterior Presidente, Filipe Nyusi, em face da crise pós-eleitoral no país.
Na segunda-feira, Chapo anunciou consensos sobre termos de referência para discutir reformas estatais, incluindo alterações à lei eleitoral, após encontro com quatro líderes de forças partidárias, no âmbito do diálogo em curso no país.
"Estivemos com as lideranças, trabalhamos durante a tarde no âmbito do segmento do diálogo político e temos termos de referências para trabalhar já no documento que pode terminar, depois de todo o consenso formulado, com assinaturas, como um compromisso concreto das lideranças com representação na Assembleia da República", declarou Chapo.
Mondlane reafirmou hoje que "boa parte" das reformas em causa fazem parte de ideias que ele tem veiculado há anos e, consequentemente, contribuir para esse diálogo não seria um problema.
"Eu estou totalmente aberto para isso", frisou o político, que, durante a tarde, também visitou o bairro de Bobole, onde foi recebido por milhares de pessoas, num dos pontos em que os confrontos entre a polícia e os manifestantes foram mais intensos nos arredores de Maputo.
Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.
Venâncio Mondlane não reconhece os resultados proclamados das eleições gerais de 9 de outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo, já empossado como quinto Presidente de Moçambique.
De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.