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Director da PJ vai fazer queixa contra "superjuiz" Carlos Alexandre
O director nacional da Polícia Judiciária vai apresentar uma queixa no Conselho Superior de Magistratura contra o juiz Carlos Alexandre devido a comentários do magistrado a propósito da legalização de uma cidadã brasileira.
O director nacional da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, vai apresentar uma queixa no Conselho Superior de Magistratura contra Carlos Alexandre.
A notícia é avançada esta quinta-feira, 27 de Abril, pelo jornal Público, que explica que em causa estão comentários feitos pelo magistrado a propósito da legalização de uma cidadão brasileira, namorada de um narcotraficante.
Os comentários do chamado "superjuiz" – responsável por megaprocessos como a Operação Furacão, Operação Marquês, Face Oculta, Apito Dourado ou Monte Branco, que levaram à detenção de Ricardo Salgado e de José Sócrates – foram feitos durante o interrogatório de um inspector da Judiciária suspeito de passar informações a traficantes, a troco de dinheiro, que foi entretanto acusado.
Ricardo Macedo, inspector-chefe, estava a ser interrogado pelo juiz quando contou que um informador preferiu receber como recompensa da sua colaboração a legalização da namorada, cidadã brasileira de 23 anos, em vez de ser pago em dinheiro.
"O dr. Almeida Rodrigues a assinar um pedido para que uma brasileira ficasse como cidadã nacional por compensação de ter sido prestado um bom serviço à polícia? Não me revejo em nada disso e vou reponderar essa parte paga", terá reagido Carlos Alexandre, referindo-se ainda aos juízes que "se seguram" quando a polícia lhes pede cooperação.
As críticas de Carlos Alexandre, divulgadas pelo semanário Sol, mereceram a censura do director da PJ, que foi o responsável pelo pedido de legalização da brasileira. "O juiz não sabe o que está a dizer. Desconhece a lei e faz comentários totalmente desajustados", reage Almeida Rodrigues.
De acordo com o mesmo jornal, este não é o único comentário que está a ser criticado. Durante o mesmo processo, Carlos Alexandre afirmou que trabalha com uma funcionária em quem não confia. "Chegámos a este ponto no Central", diz. "Tenho aqui uma pessoa em quem não confio. Não sei quem pôs cá esta nova funcionária, nem porquê, mas isto há-de terminal mal – ou para mim ou para ela", terá dito.