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Mesmo sem mais medidas, OE 2025 já tem quase 6 mil milhões de despesa comprometida

Assumindo apenas medidas já tomadas pelo Governo e pela oposição, o Orçamento do Estado para o próximo ano terá de acomodar 5,8 mil milhões de euros de despesa. Só atualização normal das pensões pesa quase um quinto da nova despesa. Tal não significa que meta de ligeiro excedente esteja em causa.

Lusa
31 de Agosto de 2024 às 14:44
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O montante é significativo, mas terá de ser acomodado no Orçamento do Estado para 2025. A despesa já comprometida com medidas herdadas do passado, com novas tomadas pelo Governo e com as que foram aprovadas pela oposição no Parlamento já vai nos 5.773 milhões de euros, de acordo com o Quadro de Políticas Invariantes (QPI) enviado pelo Ministério das Finanças ao Parlamento esta sexta-feira, 30 de agosto.

O documento detalha as medidas que somam à despesa deste ano e foi uma novidade introduzida em 2020 com a alteração à Lei de Enquadramento Orçamental para oferecer maior transparência ao processo de feitura dos orçamentos do Estado. É uma espécie de ponto de partida para a discussão entre Governo e partidos do documento que será mais tarde apresentado à Assembleia da República com o prazo limite do dia 10 de outubro.

Este ano, o QPI traz uma novidade, com o Ministério das Finanças a detalhar qual o montante de despesa já comprometida que é da responsabilidade do Governo e qual a fatia da responsabilidade da oposição com medidas aprovadas à revelia do Executivo.

Pensões pesam mais de 1,5 mil milhões

A despesa prevista com pensões, como de resto acontecia nos anos anteriores, é a que representa a previsão do valor mais elevado a somar ao gasto deste ano. Para 2025, Joaquim Miranda Sarmento, reserva um acréscimo de 1.510 milhões de euros.

Esta cifra resulta de dois fatores: por um lado o aumento da pensão média e a variação do número de pensionistas – o chamado efeito composição, que vale 477 milhões de euros. Por outro, está a promessa de atualizar as pensões cumprindo as regras previstas. De acordo com a legislação, a fórmula tem como indicadores a variação real do produto interno bruto (PIB) e a variação média dos últimos 12 meses da inflação, sem habitação, registada a 30 de novembro do ano anterior à atualização. Para esta parcela, o Governo reserva 1.033 milhões de euros.

A despesa com pessoal também tem um peso expressivo nestas previsões, superior a mil milhões de euros. Para este resultado concorrem dois fatores: o aumento decorrente do acordo de rendimentos para a Função Pública (referencial de 4,6%), que representa mais 597 milhões de euros de despesa; as progressões, promoções e o aumento do salário mínimo nacional, que conjugados apresentam um acréscimo de 448 milhões de euros.

Mas nem tudo são despesas. Só pelo facto de aumentar a despesa com salários e pensões, os cofres do Estado deverão arrecadar mais 728 milhões de euros em receita de IRS e contribuições para a Segurança Social. Também estão previstas poupanças de 350 milhões de euros com as parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias.

Destas medidas carry-over, ou seja, já herdadas, a despesa cresce 3,5 mil milhões de euros.

No entanto, neste quadro não estão contabilizadas medidas do lado da receita. Ou seja, este acréscimo de despesa não significa que o ligeiro excedente orçamental esperado pelas Finanças esteja comprometido.

Medidas da oposição pesam menos de metade das do Governo

Como referido, neste documento o Governo fez questão de distinguir que medidas acrescem despesa das que foram aprovadas pelo Executivo e das que foram aprovadas pelos partidos da oposição à sua revelia.

Do lado das iniciativas do Governo, contam-se o IRS Jovem (1.000 milhões de euros); o aumento da consignação do IRS (40 milhões); a isenção do IMI e do Imposto do Selo para compra de casa por jovens até aos 35 anos (60 milhões de euros) ou o aumento do complemento solidário para idosos (CSI) aprovado em junho deste ano (70 milhões de euros). São, no entanto, os acordos com professores (177 milhões de euros) e com as forças de seguranças e defesa (165 milhões de euros) que mais pesam depois do IRS Jovem.

Ao todo, destas iniciativas com origem no Executivo, o impacto somado é de 1.512 milhões de euros.

Das medidas aprovadas pelos partidos da oposição à revelia do Governo, o Ministério das Finanças contabiliza um impacto de 740 milhões de euros. Ou seja, cerca de metade do valor dos compromissos assumidos pelo Executivo. Neste pacote estão incluídas iniciativas como o alívio do IRS proposto pelo PS e aprovado com os restantes partidos da esquerda e a abstenção do Chega (450 milhões de euros); a extensão da redução do IVA da eletricidade (110 milhões de euros) e a isenção de portagens nas ex-Scut (180 milhões de euros).

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