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Contas externas melhoram em agosto mas saldo segue negativo com colapso do turismo

Na balança de bens o défice diminuiu 3.118 milhões de euros face ao período homólogo, mas o excedente da balança de serviços reduziu-se em 6.527 milhões de euros.

As regiões de turismo estão a lançar campanhas para atrair o mercado inter  no, que vai assumir maior peso este ano.
Paulo Calado
19 de Outubro de 2020 às 11:39
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As contas externas portuguesas continuam com saldo negativo até agosto, embora seja menos negativo do que o registado até julho, revelam os dados publicados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.

 

O saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em 887 milhões de euros negativos nos primeiros oito meses do ano, o que representa uma deterioração acentuada face ao período homólogo. Entre janeiro e agosto de 2019 as contas externas registaram um saldo positivo de 1.146 milhões de euros.

 

Apesar deste agravamento devido aos efeitos da pandemia, em agosto deste ano a evolução foi positiva. Nos primeiros sete meses deste ano o saldo era negativo em 1,7 mil milhões de euros.

 

Agosto é habitualmente o melhor mês para as contas externas portuguesas devido ao efeito do turismo. O mesmo aconteceu em 2020, mas no acumulado do ano o saldo continua a ser negativo, o que levanta a dúvida sobre se Portugal vai fechar o ano com um défice nas contas externas, o que já não acontece há nove anos. Desde 2012 que as contas externas de Portugal registam um excedente, mas sem um perfil anual linear: o ano começa com um défice que depois passa a excedente no saldo acumulado no final do ano. 

 

Turismo provoca rombo de 5,6 mil milhões

 

Segundo o Banco de Portugal, o saldo verificado até agosto "resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital".

 

Na balança de bens o défice diminuiu 3.118 milhões de euros face ao período homólogo, mas o excedente da balança de serviços reduziu-se em 6.527 milhões de euros.

 

"Esta redução foi, na maior parte, justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 5602 milhões de euros", explica o Banco de Portugal, explicando que "até agosto, as exportações de bens e serviços decresceram 23,6% e as importações diminuíram 18,4%".

 

Juntando bens e serviços, as exportações e as importações registaram decréscimos homólogos de 25,3% e 15,7% respetivamente.

 

A balança de rendimento primário deu um contributo positivo já que o défice reduziu-se em 1.227 milhões de euros nos primeiros oito meses do ano, para 2.380 milhões de euros, devido em grande medida, à "redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes".

 

Em sentido inverso, o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 93 milhões de euros, "devido à evolução das transferências correntes", enquanto o saldo da balança de capital cresceu 242 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, "em resultado, sobretudo, de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários".

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