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Roberta Metsola reeleita presidente de um Parlamento Europeu mais dividido

Maltesa Roberta Metsola foi reeleita, com maioria absoluta, para um novo mandato de dois anos e meio à frente do Parlamento Europeu. Metsola conseguiu o melhor resultado de sempre, apesar de o Parlamento Europeu estar agora mais dividido.

Roberta Metsola conquistou 562 dos 623 votos válidos, conseguido a maior percentagem de votos favoráveis de sempre.
Ronald Wittek/EPA
16 de Julho de 2024 às 11:37
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A maltesa Roberta Metsola foi reeleita esta terça-feira presidente do Parlamento Europeu. A reeleição da atual líder para um novo mandato renovável de dois anos e meio estava praticamente garantida, mas Roberta Metsola reconhece que não terá vida fácil, num Parlamento mais dividido.

A confirmação da reeleição de Roberta Metsola aconteceu na sessão plenária constitutiva, em Estrasburgo, onde tomou posse o novo Parlamento Europeu saído das eleições europeias de maio, que conta com 21 portugueses. Roberta Metsola conseguiu reunir 562 votos dos 699 eurodeputados presentes, numa eleição que decorreu por voto secreto (sem lugar para abstenções). A votação contou apenas com 623 votos válidos, já que houve votos brancos e nulos. 

A reeleição de Metsola foi conseguida com a maior percentagem de votos favoráveis de sempre (90%), depois de ter feito um mandato pouco controverso. Em 2022, Roberta Metsola tinha conseguido 458 votos dos então 705 eurodeputados, sucedendo ao italiano David Sassoli, que morreu durante o mandato na sequência de uma pneumonia.

Além da democrata-cristã Roberta Metsola proposta pelo Partido Popular Europeu (PPE), a eurodeputada espanhola do grupo da Esquerda Irene Montero apresentou também a sua candidatura ao cargo na noite anterior à votação, tendo conseguido 61 votos.

Para assegurar a reeleição, as candidatas precisavam de conseguir apoios da maioria dos eurodeputados (mais de 50%), ou seja, 361 votos, tendo em conta que, este ano, o número de eurodeputados no Parlamento Europeu voltou a aumentar, de 705 para 720. Caso não houvesse maioria à primeira, a votação teria de ser repetida até haver consenso. 

Concluída a votação, Roberta Metsola, com 45 anos, torna-se a segunda presidente do Parlamento Europeu a ser reeleita para um segundo mandato. Em 2022, tornou-se a pessoa mais nova de sempre a liderar este órgão legislativo da União Europeia (UE). Foi também a primeira maltesa e a primeira mulher em duas décadas a assumir a liderança do Parlamento Europeu.

O primeiro mandato ficou marcado também pelo "Qatargate", um escândalo de corrupção que envolveu altos membros do Parlamento Europeu, entre os quais a antiga vice-presidente grega Éva Kaïlí. O apoio à Ucrânia e as medidas de mitigação da subida dos preços na Europa foram também foco do primeiro mandato de Roberta Metsola no Parlamento Europeu.

Numa mensagem dirigida aos eurodeputados após ser reeleita, Roberta Metsola referiu, dirigindo-se sobretudo aos eurodeputados de extrema-direita, que "a polarização na sociedade conduziu a políticas de maior confronto e até a violência política". "Temos de ir além desse pensamento de soma nula que exclui as pessoas. Fomentar a raiva e ódio em vez de criar esperança. Acreditamos que o conforto dessas políticas fáceis não oferece soluções", afirmou.

Roberta Metsola disse ainda que os eurodeputados do novo Parlamento "partilha a responsabilidade de deixar a Europa num sítio melhor" do que aquele em que o encontraram. A transição climática e a transição digital foram duas prioridades destacadas no discusso da presidente reeleita, assim como o reforço da competitividade europeia e da política social europeia.

Além da eleição da Presidente, os 720 eurodeputados vão ainda eleger esta tarde os 14 vice-presidentes da Mesa do Parlamento Europeu. Entre os nomes avançados, não consta nenhum português, ao contrário do que aconteceu em 2022, com a eleição do socialista Pedro Silva Pereira para a Mesa do Parlamento Europeu.

Já a eleição dos questores, que estão responsáveis pelas "questões administrativas e financeiras dos deputados ao Parlamento Europeu" vão ser eleitos na manhã desta quarta-feira.

Um Parlamento Europeu mais dividido

No rearranjo de forças políticas que saiu das eleições de maio, o PPE - a família política europeia do PSD e CDS-PP - e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) - onde está incluído o PS - mantiveram-se como as principais forças políticas do Parlamento Europeu. Já os liberais do Renovar a Europa perderam força, passando de terceira força mais votada para quinta.

Já os Patriotas da Europa, o novo grupo político de extrema-direita - onde está o Chega -, passaram a terceira força política, enquanto os Conservadores e Reformistas Europeus, que também integram partidos de extrema-direita ocuparam o quarto lugar. Esse reforço da extrema-direita na Europa conduziu a reequilíbrio de forças e a um Parlamento mais dividido.

Além dos Patriotas da Europa e dos Conservadores e Reformistas Europeus, a extrema-direita conta ainda com outro grupo político no Parlamento Europeu, embora seja consideravelmente mais pequeno: a Europa das Nações Soberanas, que perdeu membros com o aparecimento dos Patriotas da Europa. Há ainda outros dois grupos: Verdes e a Esquerda.

Assim, a nova composição do Parlamento Europeu conta com 188 eurodeputados do PPE, 136 do S&P, 84 dos Patriotas de Esquerda, 78 dos Conservadores e Reformistas Europeus, 77 do Renovar a Europa, 53 dos Verdes, 46 do grupo da Esquerda e 25 da Europa das Nações Soberanas.

Além da viragem mais à direita, o novo Parlamento Europeu é composto na maioria por novos eurodeputados (54%). Pela primeira vez em 45 anos, este é também um Parlamento Europeu com menos melhores face à anterior composição (39% de mulheres). Só o grupo dos Verdes é paritário, com 50,9% de mulheres.


*A jornalista viajou para Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu
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