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Governador do Banco de França pede "mobilização geral" da Europa contra tarifas
Villeroy de Galhau apontou que a Europa e França precisam "urgentemente de sair de uma certa indiferença económica" e que a reposta "só pode ser coletiva".
O governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, pediu esta quarta-feira uma "mobilização geral", instando os europeus a intensificarem uma resposta coletiva face aos Estados Unidos da América e Paris a manter a sua trajetória orçamental.
Segundo o governador francês, o aumento das tarifas anunciado a 2 de abril pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, vai afetar, sobretudo, o crescimento e a inflação norte-americana, mas que a União Europeia (UE) deve estar à altura e reforçar a sua economia.
François Villeroy de Galhau considera que a vitória contra a inflação está "praticamente assegurada", com a sua aproximação ao objetivo de 2%, mas que as decisões de Washington exigem "escolhas económicas mais duras".
"Hoje, o nosso nível de jogo não está à altura do desafio", alertou, na missiva anual enviada ao Presidente francês, Emmanuel Macron, e aos presidentes das câmaras alta (Senado) e baixa (Assembleia Nacional) do parlamento do país, citada pela agência France-Presse (AFP).
Nesse sentido, apontou que a Europa e França precisam "urgentemente de sair de uma certa indiferença económica" e que a reposta "só pode ser coletiva".
No entender do responsável do Banco de França, a guerra comercial afetaria diretamente o crescimento da zona euro em 0,25 pontos este ano, sendo que França está menos exposta que a Alemanha ou a Itália.
Por outro lado, admitiu que o efeito sobre a inflação pode ser "muito ligeiro, ou negativo".
A justificação do responsável francês passa pelo impacto de o processo de redução de inflação estar mais avançado na Europa, pela descida dos preços dos produtos de base, pela valorização do euro e por as medidas de resposta da UE serem limitadas aos EUA, ao contrário das medidas norte-americanas, dirigidas a todo o mundo.
Assim, o governador acredita que o Banco Central Europeu (BCE) tem margem para continuar a trajetória de redução das taxas de juro diretoras, iniciada em junho de 2024.
Para França, a sugestão é um controlo da despesa pública e manter-se "no bom caminho" para um défice de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, contra 5,8% em 2024 e estimando os 3% em 2029.
"Não podemos continuar a financiar as nossas despesas correntes a crédito, temos de estar preparados coletivamente para trabalhar mais e melhor e para fazer as reformas europeias necessárias para aumentar o nosso crescimento potencial de 1% para 1,5% ao ano até 2030", insistiu, citado pela agência noticiosa francesa.