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Adultos portugueses são pouco qualificados e apostam menos na educação
Portugal é um dos três países da OCDE onde mais de metade dos adultos não completou o ensino secundário. A frequência em formações não oficiais sobe, mas a OCDE lamenta que a participação em processos formais de educação tenha vindo a cair.
O abandono escolar tem vindo a cair, as novas gerações são mais qualificadas, mas um problema de fundo não se resolve de um dia para o outro: Portugal é um dos três países da OCDE – juntamente com a Turquia e com o México – onde mais de metade dos adultos entre os 25 e os 64 anos não completaram o ensino secundário.
E apesar do crescente interesse e valorização da aprendizagem, a percentagem de adultos envolvidos em projectos de educação formal tem vindo a cair, revela um relatório divulgado esta sexta-feira pela OCDE.
A "falta de interesse" é a razão apontada por três em cada cinco portugueses para justificar o facto de não participarem em actividades de formação e educação. Mas o desinteresse já foi maior: em 2007, 90% dos não participantes davam essa justificação.
"Este aumento notável na vontade de participar pode reflectir a falta de alternativas, dada a falta de oportunidades de trabalho depois da crise económica. Mas também pode indicar mais consciência sobre o valor da aprendizagem em Portugal", lê-se no relatório que define recomendações para reforçar as qualificações dos portugueses.
No entanto, este aumento na vontade de aprender não se traduziu num salto proporcional na formação realizada nos 12 meses anteriores ao inquérito. A participação em educação formal caiu, contrariando o aumento na educação não formal.
Os dados revelam que a participação em acções de educação formal passou de 7% em 2007 para 10% em 2010, tendo depois caído para 4% em 2016.
"Alguns parceiros referem que a recuperação recente da economia – e o enorme número de empregos criados no turismo nos últimos dois anos – poderão ter levado os adultos a desistir ou não prosseguir formação, privilegiando um acesso imediato ao emprego – mesmo que seja um emprego pouco qualificado ou precário".
A elevada percentagem de desemprego de longa duração e os baixos salários podem ser factores de desmotivação.
Inversamente, a participação em iniciativas de formação não oficiais passou de 23% em 2007 para 44% em 2016. O relatório sugere que este aumento pode estar relacionado com as 35 horas de formação anual que as empresas estão obrigadas a garantir desde a revisão do Código do Trabalho de 2009.