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Vitória de Trump “não é o fim do mundo”, defende Rogoff

Dois dias depois da vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas, Kenneth Rogoff vem por água na fervura. Eleição "não é o fim do mundo", considera. Economia está bem e o impacto na política monetária será diminuto, acredita. A dúvida está no protecionismo.

Pedro catarino
07 de Novembro de 2024 às 11:27
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Dois dias depois das presidenciais nos Estados Unidos, o economista norte-americano Kenneth Rogoff considera que a vitória de Donald Trump "não é o fim do mundo". A economia está a crescer bem, a política monetária não vai sofrer na mão de Trump, considera. A dúvida está no impacto do agravamento das tarifas comerciais e nas instituções políticas.
 
"É uma pena que alguém tivesse de ganhar estas eleições", ironizou. "Houve uma guinada à esquerda do partido Democrático, foi um problema da administração Biden, e isso [explica] parte do que aconteceu na eleição", afirmou o conceituado professor de Harvard. 
 
Kenneth Rogoff falava na conferência "O Poder de Fazer Acontecer 2.0" do Negócios, que decorre nesta quinta-feira, 7 de novembro, em Lisboa, e que é dedicada aos desafios da inteligência artificial (IA).
 
"Faço parte de uma pequena minoria dos professores da costa oeste que acredita que a vitória de Trump não é o fim do mundo", admitiu, referindo-se à eleição de Donald Trump para 47.º presidente dos EUA, na passada terça-feira. "A economia, mesmo com a desregulação e com a redução dos impostos, está muito bem", acrescentou.
 
Recorde-se que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou recentemente que a economia dos Estados Unidos cresça 2,8% este ano e 2,2% no próximo, o que compara com um crescimento de apenas de 0,8% e de 1,2% na Zona Euro, respetivamente. Rogoff já tinha considerado que os Estados Unidos se destacam pela positiva, numa entrevista ao Negócios
 
Depois, olhando para a frente, o ex-economista-chefe do FMI afirmou que "o impacto de Trump na política monetária não será muito grande". Numa altura em que o mandato de Jerome Powell se aproxima do fim (termina no próximo ano), Rogoff antecipa que o novo presidente dos Estados Unidos indique um novo governador da Fed "razoável". 
 
Se não o fizer ou se tentar interferir na política monetária da reserva federal norte-americana, "os mercados vão esmagá-lo", com uma depreciação do dólar e um aumento dos juros, avisou Kenneth Rogoff.
 
"Não vejo um problema imediato na Fed", diz o economista, que, no curto prazo, "não tem muito para onde ir", a não ser cortar as taxas de juro em 25 pontos base nas próximas reuniões. O problema pode estar no médio e longo prazo. A Fed poderá de lidar com novos picos inflacionistas algures dentro dos próximos "sete-oito anos" - uma tendência que será alimentada também por outras crises e pressões orçamentais, afirmou Rogoff, tal como tinha indicado na entrevista ao Negócios.
 
"Como defendemos a Europa, o Médio Oriente e Taiwan com um ajustamento orçamental? Alguma coisa vai ter de acontecer. As despesas militares vão ter de aumentar", considerou, defendendo que Kamala Harris, se tivesse vencido as eleições, também só teria de o fazer. "Vamos ver a dívida disparar", admitiu.

 
Impacto do agravamento das tarifas  


A dúvida de Kenneth Rogoff sobre o impacto de uma nova administração Trump na economia norte-americana e europeia está no agravamento das tarifas comerciais. "É muito disruptivo", admitiu. Mas "no balanço final, não sei que impacto terá", frisou o professor.
 
Outra dúvida está na possibilidade de Trump "minar as instituições" políticas, disse Kenneth Rogoff. Mas admitiu que também existiam alguns riscos políticos com uma vitória de Harris, nomeadamente no Senado, considerou Rogoff.

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