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Um mergulho no Alentejo e o gene do sindicalismo

O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa saiu de Montemor-o-Novo com seis anos, mas o regresso faz-se várias vezes por ano. Gastronomia, piscinas e monumentos pelos olhos de António Chora.

31 de Julho de 2012 às 00:01
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Foram só seis anos, é verdade. Mas o homem que luta pelos direitos de 3.600 trabalhadores da Autoeuropa nunca mais quebrou os laços com Montemor-o-Novo, de onde, ainda criança, seguiu para a Moita.

António Chora, coordenador da comissão de trabalhadores da fábrica da Volkswagen em Palmela, regressa ao Alentejo com regularidade e não dispensa um passeio pela história, pela gastronomia e pelas referências turísticas da cidade do concelho de Évora. "É um daqueles sítios que ainda merece que se saia da auto-estrada para se ver", diz, em forma de cartão-de-visita, o sindicalista.

Apreciador de um bom mergulho, Chora aponta as piscinas municipais como um local de passagem obrigatória. "As melhores do Alentejo", referencia.

No topo de Montemor-o-Novo ergue-se o castelo, o "postal da cidade", e que foi recinto da vila medieval, tendo sido progressivamente abandonado pela população a partir do séc. XV. Na rota dos pontos históricos, António Chora procura, também, a paz e o recolhimento da visita ao largo e Igreja da Nossa Senhora da Visitação. "Dali, consegue-se ver a cidade toda", diz o sindicalista. O momento pode ser ainda para comprar uma iguaria do local, o mel, ou pagar uma promessa.

Mas passear pela localidade alentejana é também uma caminhada pelas raízes da sua formação.

A Câmara Municipal tem muitas histórias e, nalgumas delas, foi buscar a inspiração para o caminho operário e sindicalista que seguiu. "Aprendi muito com as concentrações de operários agrícolas que ali reclamavam melhores salários e mais condições de trabalho", relembra Chora. Uma lição que tem replicado ao longo dos muitos anos de sindicalismo que já leva.

M as, para António Chora, Montemor-o Novo também é a uma teia de ruelas por onde gosta de deambular e onde se consegue abstrair da azáfama da Baixa-da-Banheira (Moita), onde reside.

O passeio pela cidade do concelho eborense inclui, também, um roteiro gastronómico, em que o sindicalista destaca "O Cantinho da Pintada", numa aldeia a quatro quilómetros do centro, e onde pontificam meia dúzia de casas. A escolha não se faz só pelo que se come lá dentro, como pelo que se vê fora do restaurante. "Têm um quintal com patos, galinhas, borregos e perus. É bom para as crianças se distraírem enquanto esperam. Os meus filhos adoravam e agora o meu neto também gosta muito", enfatiza.

Quanto aos petiscos que não se devem perder, Chora aponta, sem hesitar, para o coelho à caçador e o ensopado de pézinhos de porco ou de borrego, regado com um bom vinho regional. Para finalizar a jornada, o sindicalista aconselha, ainda, um passeio retemperador na barragem dos Minutos.

Perfil: O sindicalista não alinhado

António Chora é um sindicalista, um pouco fora da lógica ortodoxa que, muitas vezes, pontifica em Portugal. Nas negociações com a empresa, raramente dirá não, à partida. Prefere a negociação: "O que ganharemos em troca se aceitarmos o que estão a pedir?".

A postura tem-lhe valido muitas críticas, mas a julgar pelas sucessivas eleições para a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, também granjeia um largo número de seguidores. Deputado municipal na Câmara da Moita e dirigente do Bloco de Esquerda, tem sido uma voz crítica dentro da CGTP.

Ainda há pouco tempo, na eleição de Arménio Carlos, falou de "negociatas de gabinete", defendendo que, em organizações como a CGTP, se "devem disputar lugares com mérito próprio".

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