O Teatro Nacional D.Maria II suspendeu a programação para o próximo ano por se considerar incapaz de promover um plano de actividades “realista e viável” depois das medidas de austeridade e dos cortes levados a cabo pelo Executivo.

Num comunicado assinado pelo director artístico da instituição, Diogo Infante, o Teatro D.Maria II indica que a austeridade governamental e os cortes orçamentais atingiram o teatro num "um valor acumulado em 2012 na ordem dos 36%, agravado pelo aumento da taxa do IVA (23%)".

“Perante este cenário, torna-se impossível elaborar um plano de actividades realista e viável para 2012, pelo que nos vemos obrigados a assumir publicamente a nossa incapacidade para honrar compromissos de programação com produtores, encenadores e actores, e com o próprio público, com quem estamos necessariamente implicados numa relação de proximidade e confiança, resultado do trabalho produzido nos últimos anos”, indica o director artístico da instituição da capital no comunicado enviado às redacções.

Criticando o facto de o corte financeiro ao teatro situado no Rossio ter sido muito superior ao dos restantes teatros nacionais, Diogo Infante diz mesmo que as dificuldades financeiras terão sido afectadas por um erro de cálculo.

Segundo o comunicado, o director artístico tentou sensibilizar a tutela mas, “até à data”, "o Secretário de Estado da Cultura [Francisco José Viegas] revelou-se impotente para, junto do Ministério das Finanças ou do Primeiro Ministro, encontrar uma solução que corresponda a uma vontade política de manter em actividade o primeiro teatro do país".

A obra de William Shakespear, “Lear”, com Eunice Muñoz e com estreia marcada para 10 de Maio de 2012, é uma das obras que ficam “seriamente comprometidas” com a suspensão da programação, indica o documento enviado às redacções.

O Negócios tentou contactar a Secretaria de Estado da Cultura mas, até ao momento, ainda não obteve uma resposta.