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Angela Merkel continua a defender a sua política face à Rússia e à Ucrânia

Merkel recusou admitir a possibilidade de ter subestimado o Presidente russo Vladimir Putin, mas salientou que, pelo contrário, foi ele quem cometeu um "dramático erro de julgamento" com a invasão da Ucrânia.

Clemens Bilan / Lusa-EPA
27 de Novembro de 2024 às 07:02
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A ex-chanceler alemã Angela Merkel, que governou a Alemanha entre 2005 e 2021, defendeu na terça-feira a sua política em relação à Rússia e à Ucrânia, na apresentação do seu livro de memórias 'Liberdade'.

Todas as suas decisões visaram "evitar" o que aconteceu com a invasão russa da Ucrânia em 2022, frisou Merkel, durante a apresentação do livro que durou quase duas horas e que decorreu no Teatro Alemão de Berlim.

A apresentação concentrou-se em grande parte na juventude de Merkel na antiga República Democrática Alemã (RDA) e na sua chegada, como a primeira mulher na história alemã, a chanceler.

"Pessoalmente, em retrospetiva, não me parece um erro", destacou Merkel, quando questionada sobre a decisão de manter relações com a Rússia após a anexação da Crimeia em 2014, que atribuiu não só a interesses económicos, mas também políticos.

Nos mesmos termos, falou sobre a sua oposição na cimeira da NATO de 2008 em Bucareste em abrir caminho para a adesão da Ucrânia e da Geórgia à aliança, uma vez que o alargamento não teria favorecido a segurança de Kiev.

O processo de adesão teria sido lento e durante esse período a Ucrânia não teria sido abrangida pela cláusula de defesa mútua da NATO e teria sido vulnerável à agressão russa, pelo que a integração na aliança não teria significado um "bónus de segurança", garantiu.

Pelo contrário, com as negociações de Minsk II em 2015 "a situação acalmou", segundo a antiga governante, citada pela agência Efe.

Merkel recusou admitir a possibilidade de ter subestimado o Presidente russo Vladimir Putin, mas salientou que, pelo contrário, foi ele quem cometeu um "dramático erro de julgamento" com a invasão da Ucrânia, já que quase três anos após o seu início não está mais perto de vencer a guerra.

Questionada sobre outras críticas frequentes ao seu mandato, como o estado em que ficaram as Forças Armadas, Merkel reconheceu que não conseguiu "impor" medidas como o investimento de 2% das despesas militares na defesa, mas que isso não se deveu tanto a ela ou seu partido, União Democrata Cristã (CDU), ou aos detratores destas políticas na altura, como os Verdes.

Muitos dos problemas que lhe são atribuídos, como o baixo investimento em infraestruturas, são "sistémicos", sublinhou a ex-chanceler, que saudou o facto de hoje ter sido finalmente reconhecida a necessidade de reformas nestas áreas.

Merkel defendeu ainda a sua decisão de acolher requerentes de asilo que chegaram à Alemanha em 2015, maioritariamente provenientes da Síria, dizendo estar ciente desde o início de que se tratava de uma "grande tarefa".

A seguir, para "resolver o problema", negociou o acordo União Europeia-Turquia para o regresso dos refugiados, para que a situação fosse "sustentável e não destruísse a UE", explicou.

No entanto, reconheceu que a questão migratória deu asas ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que segundo as sondagens poderá ficar em segundo lugar nas próximas eleições antecipadas de 23 de fevereiro.

Entre as suas poucas confissões, Merkel lamentou "não ter conseguido fazer o suficiente para travar as alterações climáticas" durante os seus 16 anos à frente do Governo alemão.

Além disso, contrariando o imperativo de austeridade que a tornou conhecida no sul da Europa durante a crise do euro, defendeu a suspensão na Alemanha, no atual contexto global, do mecanismo conhecido como travão da dívida, a fim de fazer os investimentos necessários.

 
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