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Afinal, era possível evitar a pandemia?

Um relatório independente diz que era possível evitar a pandemia, mas houve demasiados países a ignorar os dados científicos e a "esperar para ver". Faltou liderança global e poder à OMS para agir mais depressa.

O novo coronavírus foi detetado em Wuhan, na China, pela primeira vez. Reuters
12 de Maio de 2021 às 19:11
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Era possível evitar a pandemia criada pela covid-19, de acordo com um estudo independente. Os mecanismos em vigor não deixaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) agir suficientemente depressa, as recomendações do passado foram ignoradas e faltou uma figura de liderança mundial.

Estes sãos alguns dos levantamentos feitos por um estudo independente encomendado pela OMS e liderado por duas ex-figuras políticas mundiais: Helen Clark, ex-primeira ministra neozelandesa, e Ellen Johnson Sirleaf, ex-presidente da Libéria.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, as líderes do estudo consideram que o alerta foi demasiado lento e que o mês de fevereiro de 2020 foi "de oportunidades perdidas para evitar a pandemia, enquanto alguns países preferiram esperar para ver", em vez de agir prontamente em prol da prevenção. Por isso mesmo, "só quando as unidades de cuidados intensivos ficaram sem camas disponíveis é que os países tomaram medidas", e aí já era demasiado tarde.

Em parte, a reação chinesa é utilizada como termo de comparação pela rapidez e eficácia na acção. Quando o vírus desconhecido foi detetado, as autoridades de Wuhan (o epicentro da pandemia) emitiram um alerta que foi rapidamente acolhido pelas regiões vizinhas e pela OMS. Mas, segundo Ellen Johnson Sirleaf, "os sistemas [da OMS] que deveriam validar e responder a este alerta foram demasiado lentos e não operaram à velocidade suficiente, imposta pelo agente patogénico respiratório de rápido contágio".

A OMS foi "atrasada e não ajudada pelos procedimentos e regulações de segurança", acrescentou Helen Clark ao jornal, criticando os protocolos implementados em 2007, que obrigam a OMS à confidencialidade e à verificação das ações, acabando por custar tempo precioso.

Também as recomendações tecidas em situações passadas foram ignoradas. "Existem muitas avaliações de crises sanitárias passadas que incluem recomendações sensíveis, mas estão em estantes nas caves da ONU e dos governos a apanhar pó… O nosso relatório mostra que a maioria dos países não estavam, simplesmente, preparados para a pandemia", explica Ellen Johnson Sirleaf.

Outro dos problemas levantado pelo estudo foi o da falta de liderança global. Segundo as autoras, houve países que negligenciaram a gravidade do vírus, levando à perda de vidas, enquanto outros, mais proativos e focados nos dados científicos, foram capazes de abrandar a entrada do vírus no país e mitigar os seus efeitos – como é o caso da China.

Assim, o relatório recomenda a criação de um "concelho de ameaças de saúde global" que deve ser encabeçado por chefes de Estado e estar atento a possíveis ameaças à saúde global. Já a OMS, diz o relatório, deve ter maior poder em matérias de saúde global e melhor financiamento, ao passo que os seus directores-gerais e regionais deverão passar a cumprir apenas um mandato de sete anos.

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