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Investimento acelera e compensa quebra nas exportações

Os dados detalhados do PIB para o segundo trimestre indicam que o consumo das famílias mal avançou, numa subida de 0,2%, mas com algum retorno à realização de compras importantes.

João Cortesão
30 de Agosto de 2024 às 11:16
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A aceleração do investimento, com aumentos mais substanciais de compras de material de transporte e de outras máquinas e equipamentos, e também um crescimento muito ligeiro nos gastos das famílias, permitiram manter o PIB à tona no segundo trimestre apesar do impacto negativo das exportações.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma nesta sexta-feira que a economia se limitou nos meses da primavera a avançar 0,1%, com a variação face ao segundo trimestre do ano passado a ficar em 1,5%.

A justificar esta evolução esteve a procura interna, explica o INE, com crescimento do investimento. Já o consumo das famílias, embora tenha mantido um contributo positivo, abrandou. A despesa das famílias limitou-se a subir 0,2%, num forte abrandamento. Ainda assim, houve recuperação nos gastos com compras importantes, que estavam em quebra no início do ano.

De acordo com a informação agora detalhada, o impacto da balança de bens e serviços foi bastante negativo no segundo trimestre, e ditaria uma quebra de 0,4% no PIB sem compensação do lado da procura interna. Esta, porém, deu um impulso de sentido contrário superior, suficiente para fazer avançar o PIB em 0,5% sem o efeito negativo da procura externa líquida. O resultado foi os 0,1% de subida do PIB em cadeia, na prática em estagnação.

O que aconteceu foi uma subida mais forte nas importações, que avançaram 1% após quebra no período imediatamente anterior, sendo que as exportações estagnaram, num aumento de apenas 0,2% neste período. Foram essencialmente os serviços a ditar estas evoluções, perante um crescimento nulo nas exportações de bens e uma ligeira quebra nas importações de bens.

O INE assinala que de abril a junho, registaram-se entretanto pelo sexto mês consecutivo ganhos nos termos de troca, com o deflator das importações a descer -2,1% e o das exportações a subir 0,7%, na comparação com igual período do ano passado.

Mas, apesar do impacto negativo da procura externa líquida, o facto de o investimento ter voltado a crescer apoiou os dados da economia. O INE explica que, em cadeia, o investimento total avançou 1,6% (-3,6% no trimestre anterior). Considerando a formação bruta de capital fixo, a subida foi de 1,2% face aos meses iniciais do ano (-3,0% no trimestre anterior). 

O investimento em construção - que tem o maior peso no PIB - continuou a diminuir, com duas descidas consecutivas de 0,5% em cadeia. Mas, em compensação, o investimento em material de transporte avançou 4% e aquele que foi feito noutras máquinas e equipamentos cresceu 4,2%. Também o investimento em produtos de propriedade intelectual teve uma subida ligeira, de 0,2%. Todas estas classificações de investimento estavam no início do ano em quebra. 

Já do lado do consumo privado, o INE mostra que as despesas das famílias registaram um abrandamento considerável, após crescimentos trimestrais de 0,7% e 1% no final de 2023 e início do corrente ano, passando agora a um crescimento de apenas 0,2%, na variação em cadeia.

Esta evolução reflete uma estagnação de gastos com bens não duradouros e serviços, rubrica em que a despesa das famílias se limitou a subir 0,1%. Ainda assim, observa-se algum retorno a compras importantes, que tinham quebrado no início de ano. No segundo trimestre, as famílias subiram os gastos com bens como veículos, mobiliário ou eletrodomésticos em 1,7%, ao maior ritmo desde o início de 2023. 

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