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Moedas adia votação da proposta de flexibilização das parcerias com privados para renda acessível

O presidente da autarquia decidiu adiar a votação da proposta que ia ser discutida esta quarta-feira em reunião de câmara. Vereadores da oposição discordavam dos valores propostos para as rendas, que consideram muito altos. Moedas lamenta que “mais uma vez” não tenha havido “condições para aprovar” a proposta.

#50 - Carlos Moedas
Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt 17 de Janeiro de 2024 às 13:54

Carlos Moedas decidiu esta quarta-feira adiar a discussão e votação em reunião de câmara da proposta que tinha agendado para flexibilizar as parcerias com privados para a construção, em terrenos municipais, de habitação para arrendamento acessível. Num comentário ao Negócios, o presidente da autarquia sublinha que está em causa "um complemento ao esforço público feito por privados que iria ajudar centenas de famílias de professores, polícias, enfermeiros e outras profissões que já não conseguem pagar renda em Lisboa", mas que "infelizmente, mais uma vez, não tivemos condições para o aprovar."

 

Tal como noticiado esta quarta-feira, a ideia é abandonar o atual modelo de concessões e optar pela venda em hasta pública do direito de superfície durante 90 anos, de terrenos municipais onde venha a ser construída habitação para arrendamento. Além de vários requisitos, nomeadamente relacionados com prazos de construção ou número de fogos, a exigência é a de estes serem depois colocados no mercado com aplicação das regras do Programa de Arrendamento Acessível (PAA), praticado a nível nacional, nomeadamente pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, que prevê valores 20% abaixo dos praticados no mercado.

 

E foi a questão da renda que mais críticas levantou por parte dos partidos da oposição, já que as regras do PAA são diferentes das aplicadas atualmente pelo município para o arrendamento acessível, previstas em regulamento municipal, e que levam em conta os rendimentos líquidos das famílias.

 

Os vereadores do PS apresentaram uma proposta alternativa, não levantando objeções de relevo à mudança de modelo, mas insistindo em que as regras para a renda devem ser as mesmas que o município agora já pratica. "Os preços de mercado em Lisboa estão muito altos e uma renda de 900 euros, que é o que resulta da aplicação da redução de 20% à renda de mercado de um T1, não pode ser considerada uma renda acessível, isso é inaceitável", explicou ao Negócios Inês Drummond, vereadora socialista.

 

O facto de a proposta de Carlos Moedas prever que também estes futuros inquilinos seriam abrangidos pelo apoio municipal à renda, caso os seus rendimentos o justificassem, não convenceu. "Isso é a prova de que as rendas não são acessíveis" e "não faz qualquer sentido a câmara fazer parcerias com privados e depois ainda ter esse gasto anual", insiste Inês Drummond.

 

O PCP também apresentou uma proposta idêntica no que se refere às rendas e Paula Marques, vereadora Independente eleita pela Coligação Mais Lisboa, tem uma posição semelhante. "Definimos em tempos um conceito de renda acessível, que não acompanhava o conceito indexado ao mercado e que é o que faz mais sentido que o município continue a praticar", sublinha em declarações ao Negócios. Além disso, refere que outro fator de preocupação é o facto de, no futuro, os promotores "poderem vir a alienar a sua posição sem uma prévia autorização da câmara".

Carlos Moedas não entrou em explicações aos vereadores quando decidiu adiar o tema e retirá-lo da ordem de trabalhos. Num comentário enviado ao Negócios, o presidente da autarquia lamenta a posição da oposição.

"Lisboa tem hoje um dos maiores programas públicos da Europa para renda acessível e apoiada que ascenderá a 800 milhões de euros de investimento até 2028. Durante anos, o PS nunca conseguiu ter um modelo que trouxesse para a solução a contribuição dos privados", refere Moedas, que remata: "Hoje estávamos preparados para trazer um complemento ao esforço publico feito por privados que iria ajudar centenas de famílias de professores, policias, enfermeiros e outras profissões que já não conseguem pagar renda em lisboa. Infelizmente, mais uma vez, não tivemos condições para o aprovar." 

Atualmente, recorde-se, o executivo da Câmara de Lisboa é composto por 17 membros: sete eleitos pela coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) — que são os únicos com pelouros atribuídos –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

 

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