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Quem são os novos game-changers da banca?

O futuro da banca pede cada vez mais modelos que potenciem o legacy a partir de tecnologias disruptivas.

24 de Outubro de 2022 às 19:18
Nuno Sousa, Financial Services Director da Claranet Portugal
Nuno Sousa, Financial Services Director da Claranet Portugal
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Os investimentos em tecnologia realizados pela banca nas últimas décadas deixaram um legado de infraestruturas que, com o tempo, foram perdendo a sua óbvia natureza de facilitador do desenvolvimento de negócio.

 

O que era tecnologia de ponta há alguns anos é hoje uma herança tecnológica que, bem feitas as contas, poderá colocar mais riscos do que benefícios às instituições – seja pela falta de capacidade para lidar com volumes cada vez mais elevados de informação, pelos naturais constrangimentos de atualização e suporte, ou pela impossibilidade de acompanhar as ferramentas de inovação que ditam os serviços e os produtos mais avançados.

 

A tudo isto convém juntar a questão da cibersegurança e do compliance associado aos dados, num contexto em que o perímetro de qualquer instituição bancária se alargou até ao dispositivo móvel de qualquer utilizador, exigindo novas tecnologias, novas utilizações dessas novas tecnologias e… novos comportamentos dos utilizadores e clientes.

 

A comparação com as Fintech é, por isso, inevitável. Mais ágeis que as instituições ditas tradicionais, aproveitam a sua pequena dimensão e o conceito de "born-digital" para inovar num curto espaço de tempo e adaptar-se rapidamente a contextos adversos, construindo uma base de clientes jovens e "always connected".

 

À partida, esta imagem de inovação e de disrupção será suficiente para assumir as Fintech como as verdadeiras game-changers da banca – e cujos passos todos deverão seguir para continuar a prosperar e crescer no setor. Não creio, no entanto, ser bem assim.

 

Mais do que seguir modelos de atuação baseados exclusivamente nas tecnologias mais recentes e simplesmente substituir todas as infraestruturas, a banca precisa rapidamente de alcançar um equilíbrio entre as novas soluções tecnológicas, os processos de inovação e os cruciais ativos de que dispõe – clientes e respetivo histórico de informação. Para o conseguir, podemos olhar para um modelo de atuação baseado em três etapas:

 

1 – Legacy + Cloud

É quase impossível a uma instituição financeira ignorar os seus sistemas legacy e centrar todo o investimento em novas infraestruturas, completamente desligadas das que existem no interior da organização.

 

Por estes dias é crucial ter uma parte significativa dessa infraestrutura e dos respetivos dados em plataformas de Cloud – por todas as razões de agilidade, capacidade, segurança e custos -, mas essa aposta deve ser feita desenvolvendo também soluções para potenciar os ativos guardados nesses sistemas legacy.

A ligação e gestão das diferentes plataformas trará, à partida, um enorme valor-acrescentado face às Fintechs: a capacidade de potenciar um histórico de informação usando ferramentas inteligentes e inovadoras, criando rapidamente serviços e produtos cada vez mais adaptados aos diferentes clientes.

 

2 – Da Inteligência Artificial às MLOps

Se a velocidade e a agilidade aplicadas nos processos de inovação fazem toda a diferença nas tendências que ditam o presente e o futuro da banca, tecnologias como Machine Learning (ML) e Inteligência Artificial (IA) são cruciais para exponenciar essa inovação.

 

Depois da era das soluções de data-analytics, é agora tempo de investir na capacidade de processamento dos dados praticamente em tempo real, conseguindo novos insights para criação rápida de produtos personalizados, definição de padrões comportamentais e mesmo desenho de modelos de previsibilidade para a tomada mais acertada de decisões (neste último caso, veja-se o exemplo das empresas de wealth management e a utilização de soluções preditivas inteligentes de longo-prazo).

 

Esta nova realidade é exatamente representada por soluções de IA e ML, mas não basta a simples implementação deste tipo de tecnologias; da mesma forma é importante investir nas chamadas MLOps, que não são mais do que ferramentas baseadas em abordagens de DevOps, mas à imagem da natureza específica das tecnologias "inteligentes" aplicadas ao setor financeiro.

 

3 – O despontar das SuperApps

O conceito de SuperApps prevê a criação de plataformas online de enorme dimensão, acessíveis através de vários devices, nas quais os utilizadores podem ter acesso a uma miríade de produtos e serviços, incluindo financeiros - de investimento, poupança, crédito e soluções de pagamento.

 

É uma realidade que já faz parte das estratégias de muitas instituições financeiras, quer como resposta aos movimentos de alguns gigantes tecnológicos, que vão ensaiando entradas mais ou menos consistentes no setor da banca, quer pelas abordagens que algumas plataformas de compras online fazem a organizações bancárias.

 

A aproximação da banca a este tipo de plataformas é, por isso, inevitável. Será prudente, no entanto, adotar modelos de parceria e soluções tecnológicas facilmente integráveis em diferentes plataformas - em oposição a uma "aventura" independente, financeiramente substancial e fora do core das instituições da banca. Se as chamadas Fintech passaram a ditar grande parte do ritmo da inovação do atual negócio financeiro, o cerne da mudança continua a ser o mesmo: a tecnologia.

 

Claro que agora sob o desígnio do digital e movida por ferramentas cada vez mais inteligentes… Mas é essa tecnologia que mantém o estatuto de game-changer e coloca ao alcance da banca a capacidade de se renovar e crescer, tal como aconteceu há várias décadas.

*Artigo de opinião de Nuno Sousa, Financial Services Director da Claranet Portugal

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