O Vinho Verde é ímpar. A flagrante tipicidade e originalidade provém, por um lado, das características do solo e clima e, por outro, das peculiaridades das castas regionais e das formas de cultivo da vinha. Os tintos são encorpados, de cor intensa e espuma rosada ou vermelho-viva. Os rosés vão do levemente rosado ao rosa carregado, apresentando aromas de fruta fresca vermelha, como morangos, cerejas ou framboesas. Os brancos têm geralmente cor citrina ou palha, algum floral, fruta citrina, branca e de caroço e grande frescura.
A região é o reino dos vinhos marcados pela aromática casta Loureiro e berço da carismática casta Alvarinho e da característica casta Trajadura, algumas das variedades que melhor distinguem os vinhos desta zona do país.
Sofisticação e distinção
Os aromas da casta Loureiro são marcados pelas notas de flor de loureiro e de laranjeira, tília, fruta citrina e maçã verde. Podem ser servidos jovens ou durante muitos mais anos, se guardados em lugar escuro, sem oscilações de temperatura e humidade. Devem ser servidos entre os 8 e os 12 °C no copo, para apreciar a evolução dos aromas à medida que aquecem. Enquanto jovens são grandes parceiros de gambas e outros mariscos cozidos, pratos de peixe e pastas. Pratos um pouco mais sofisticados, como arroz de lingueirão, são boas companhias para este vinho com alguma idade, quando se torna mais fino e elegante, concentrado, e se destina a outras parcerias com a comida.
Os vinhos da casta Alvarinho, produzidos na sub-região de Monção e Melgaço, são perfumados, com aromas que incluem notas florais e frutadas enquanto jovens, até à mineralidade, mel, cera e uma sofisticação inigualável com o passar do tempo. A natureza singular exige que sejam bebidos frescos, a uma temperatura entre os 10° e os 12 °C, de preferência arrefecidos lentamente para conservarem melhor os aromas. Se tiverem alguma idade, a garrafa deve ser aberta com alguma antecedência e o vinho decantado e servido de preferência num decanter à mesa. São parceiros excelentes de marisco, mas também de pratos de peixe e carnes brancas. Pela estrutura e complexidade aromática, acompanham pratos de paladares mais fortes, como o bacalhau, polvo, pratos de carne grelhados e assados. Casam também de uma forma muito harmoniosa com enchidos e queijos.
Associada geralmente a lotes com esta casta, a Trajadura mostra aromas discretos de fruta de branca e de caroço. Com grau alcoólico elevado e acidez moderada, é utilizada em lote para equilibrar os vinhos nos quais entra.
Clima ajuda a modelar os vinhos
A atual Região Demarcada dos Vinhos Verdes estende-se por todo o Noroeste do país, na zona tradicionalmente conhecida como Entre-Douro-e-Minho. Tem, como limite a norte, o rio Minho, na fronteira de Portugal com a Galiza. A nascente e a sul delimitam-na zonas montanhosas, e, a oeste, o oceano Atlântico. É precisamente a ação das brisas marítimas, que entram, terra adentro, por sobre o vasto anfiteatro que se vai elevando para o interior minhoto, que mais condicionam o clima. Influenciam o elevado vigor vegetativo das vinhas e ajudam a modelar as características dos vinhos.
É uma boa opção para quem procura conhecer melhor a região, visitar produtores, escolher os melhores sítios de comer, visitar monumentos e outros motivos de interesse, convivendo com as suas pessoas. Não há nada como deambular pelo país, conhecer um pouco melhor todos os locais do mapa e verificar que há, em cada canto, sempre algo mais para descobrir.
Comeres do mar e do campo
Quem já foi a muitos sítios deste país, de Vila Real de Santo António a Caminha, sempre de mente aberta e à procura de algo novo para admirar, não pode deixar de ir de vez em quando ao Noroeste do país, a região berço dos Vinhos Verdes, uma denominação diversificada e versátil em estilos e perfis de vinho, conhecida por produzir não só vinhos leves e frescos, mas também vinhos minerais, complexos e estruturados, que facilmente acompanham um menu inteiro.
No percurso, a cor que designa a região é dominante numa paisagem onde o relevo domina, contendo cursos de água refrescante, separando terras sedutoras como Melgaço, Monção, Arcos de Valdevez ou Ponte de Lima, entre outras, bons locais de repasto e outros motivos de visita.
Perto do Porto, a região demarcada inclui um cordão de praias que se estende até à foz do rio Minho, na fronteira com Espanha. Vale a perna percorrê-la, à procura de peixe fresco e marisco, grandes companheiros de mesa dos vinhos verdes das castas Loureiro, Alvarinho, Trajadura, Avesso e Arinto, entre outras castas, ou dos seus lotes.
Mais para o interior, a gastronomia passa a ser dominada pelos pratos de carne. Rojões, sarrabulhos e cabrito do monte são bons parceiros do verde tinto. Mas também a lampreia, na altura dela, tal como acontece com o sável, se for servido frito.
E não nos podemos esquecer do bacalhau à minhota, prato imperdível e difícil de encontrar noutra zona do país, apesar da simplicidade da sua feitura.
Há muito para ver nesta região de vinhos. Por isso, o melhor é informar-se, até porque há empresas de vinho que oferecerem também alojamento, para além da visita e a possibilidade de nelas fazer uma refeição e provar vinhos.
A Região dos Vinhos Verdes inclui nove sub-regiões, cujas características de solos e clima influenciam o ciclo da videira e as características dos vinhos. Por isso, as castas plantadas em cada uma delas pelos viticultores são as que melhor se adaptam às condições locais, para produzirem vinhos de qualidade que expressam todo o potencial de cada terroir. São as seguintes:
Monção e Melgaço
Castas principais: Alvarinho, Loureiro, Trajadura (branca); Alvarelhão, Pedral, Borraçal e Vinhão (tintas)
Lima
Castas principais: Loureiro, Arinto e Trajadura (brancas); Vinhão, Borraçal e Espadeiro (tintas)
Cávado
Castas principais: Arinto, Loureiro e Trajadura (brancas); Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro e Vinhão (tintas)
Ave
Castas principais: Arinto, Loureiro e Trajadura (brancas); Borraçal, Espadeiro e Vinhão (tintas)
Sousa
Castas principais: Arinto, Loureiro, Trajadura, Azal e Avesso (brancas); Amaral, Borraçal, Vinhão e Espadeiro (tintas)
Paiva
Castas principais: Arinto, Loureiro, Trajadura e Avesso (brancas); Amaral, Borraçal e Vinhão (tintas)
Baião
Castas principais: Arinto, Azal e Avesso (brancas); Alveralhão, Amaral, Borraçal e Vinhão (tinta)
Amarante
Castas principais: Arinto, Avesso, Azal e Trajadura (brancas); Amaral, Borraçal, Vinhão e Espadeiro (tintas)
Basto
Castas principais: Arinto, Azal, Batoca e Trajadura (branca); Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Rabo-de-Anho e Vinhão (tinta)
Escolha o melhor copo para o Vinho Verde
Cada tipo de vinho revela os aromas de forma diferente. A forma como percecionamos a intensidade e complexidade depende do tamanho e configuração do balão dos copos, que devem contribuir para valorizar as particularidades e realçar as qualidades do conteúdo. Outro cuidado essencial é o que se tem de ter com as temperaturas de serviço.
Aprecie-o à temperatura ideal
Num vinho demasiado fresco não se sente praticamente o paladar ou os aromas. Por outro lado, um tinto aquecido rapidamente perde qualidades. Por isso, nunca poderemos apreciá-lo como deveria ser. É por isso que os vinhos têm de ser arrefecidos ou aquecidos gradualmente.
Brancos, rosados e espumantes são mais agradáveis se apreciados frescos. Os tintos devem apenas ser ligeiramente refrescados, para que a libertação dos aromas se vá fazendo mais lentamente depois de serem vertidos no copo. Assim, cada um de nós poderá usufruir melhor do prazer que podem proporcionar. Estas são as temperaturas ideais para os Vinhos Verdes:
Brancos: 8 a 12 °C
Rosados: 10 a 12 °C
Tintos: 12 a 15 °C
Espumantes: 6 a 8 °C