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Um problema de comunicação

Painel de debate abordou desafios para o futuro num contexto de quebra de consumo. O leite tem um problema de comunicação. Impacto positivo no território e historial de inovação foram sublinhados.

20 de Junho de 2024 às 09:51
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Quais são os principais desafios para o setor do leite em Portugal e como superá-los? Foi à volta desta temática que foram ensaiadas respostas para estas e outras questões que dominam o futuro do setor. Para este debate estiveram presentes num painel o ex-ministro da Agricultura, Arlindo Cunha; Idalino Leão, presidente da CONFAGRI,  Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição), e Emídio Gomes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Para Arlindo Cunha existe claramente um problema de comunicação sobre este setor. Uma indústria que, na sua opinião, "tem evoluído, historicamente,  de uma forma fabulosa, para conseguir continuar a alimentar a humanidade, com qualidade, em especial nas últimas décadas, em que a evolução tecnológica tem sido vertiginosa".
Embora reconhecendo que a atividade tem impactos negativos, o ex-ministro afirma que os impactos positivos não são conhecidos ou valorizados pela sociedade que considera estar "desenraizada do território e da alimentação". Na sua opinião, as pessoas querem comer bem e barato sem reconhecer o esforço que é feito pelo setor para viabilizar essas necessidades.

A comunicação do setor é também um problema para Idalino Leão, que sublinha as qualidades o leite que é produzido em Portugal, que considera estarem esquecidas e mesmo desvalorizadas por influência de campanhas desleais e de um entendimento superficial do que é uma alimentação saudável. Para o presidente da CONFAGRI, vivemos num bloco onde se produz a alimentação mais segura, mais saudável e rastreada do mundo. "Temos uma dieta tradicional mediterrânica que é Património Imaterial da UNESCO e noções de nutrição, como a roda dos alimentos, que incluem leite e laticínios, e que continuam válidas como base de uma alimentação equilibrada e saudável." Para Idalino Leão, estamos "numa luta pelo estômago das pessoas." "Quem nos ataca quer ficar com o nosso lugar", atira.

Temos uma dieta tradicional mediterrânica que é Património Imaterial da UNESCO e noções de nutrição, como a roda dos alimentos, que incluem leite e lacticínios como base de uma alimentação equilibrada e saudável IDALINO LEÃO
presidente da CONFAGRI

Para o reitor Emídio Gomes, a solução para as quebras de consumo e as ameaças concorrenciais está na transferência de conhecimento e atualização do setor que é "o oxigénio da inovação". Não é algo de novo, "é algo que tem vindo a fazer evoluir o setor desde, pelo menos, que existe a Lactogal, uma empresa que pôs em prática numerosas inovações no setor", recordou. E será também pela inovação, com projetos como o Planeta Leite, que o setor irá superar os atuais problemas, afirma.

 

Quebras no consumo

Para o representante das empresas de distribuição, a quebra no consumo de leite no retalho é real, mas este continua a ser um produto-âncora em qualquer loja. Para Gonçalo Lobo Xavier, existe muita contrainformação sobre o consumo de leite e os benefícios que traz à saúde. "E isto tem de ser desmentido, o setor tem de contra-atacar e comunicar como está a fazer agora nesta iniciativa." O presidente da APED conta que, recentemente, esteve num evento da banca. Agora está num evento de outra área e vê "um setor tradicional com problemas não muito diferentes de outros setores, que já fez um caminho de modernização e inovação e que compara muito bem nos seus esforços de sustentabilidade", referiu.

Na fase final do debate houve tempo para analisar o contexto em que o setor opera, desde a relativa desvalorização da atividade pelos governos, não só pelo Ministério da Agricultura, mas pela Educação, pela Saúde, pela Coesão Territorial, e pelo Ambiente, até às dificuldades impostas pela regulamentação da União Europeia no contexto da transição ambiental. Existe até, segundo Arlindo Cunha, uma nova ortodoxia que contrapõe o vegetal ao animal e a agricultura intensiva a outros tipos de agricultura, como se não fossem realidades complementares e que são mais ou menos positivas conforme a forma e os ambientes em que são implementadas.

Para Emídio Gomes, também as questões de fixação e equilíbrio territorial continuam a não ser tratadas da forma que merecem, valorizando o contributo da pecuária. O futuro é um enorme desafio, não só face ao envelhecimento da classe de agricultores, sublinhada por Arlindo Cunha, mas também pela concorrência de novos produtos, pela necessidade de cativar e comunicar com consumidores com necessidades diferentes, como salientou Gonçalo Lobo Xavier.

Para este responsável, o caminho passa pela inovação e resiliência do setor. A que Emídio Gomes acrescentou o investimento no território e Idalino Leão, a questão da renovação geracional.
Para Arlindo Cunha a questão-chave, a acrescentar a todas as outras, é a comunicação. Que foi, no final de contas aquilo que o setor fez nesta conferência promovida pela Lactogal. Comunicar o leite como um produto saudável, indispensável a alimentação e a um território equilibrado, agora lançado  num processo de inovação para a sustentabilidade.

Temos uma dieta tradicional mediterrânica que é Património Imaterial da UNESCO e noções de nutrição, como a roda dos alimentos, que incluem leite e laticínios como base de uma alimentação equilibrada e saudável.