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Setor agroalimentar tem potencial para crescer

Em Portugal, os produtores e fornecedores da atividade estão atentos e mostram sensibilidade para todas as questões ligadas à sustentabilidade e qualidade do produto.

03 de Maio de 2024 às 11:51

O setor agroalimentar é fundamental para a economia portuguesa, tanto para o consumo interno como para as exportações. Por isso, é importante esta atividade ter um crescimento sustentável e adaptado ao mercado, com uma produção que responda às expectativas do consumidor, que hoje está cada vez mais informado e exigente. Por acreditarem que este é o caminho que tem de ser trilhado, a Mercadona e a CAP criaram o Semear o Futuro, projeto que arrancou no Dia da Produção Nacional e que dá voz a diversos produtores e especialistas do setor agroalimentar. Nesse sentido, hoje, falamos com Pedro Barraco, diretor de Cadeia Agroalimentar na Mercadona, e Luís Mira, secretário-geral da CAP, sobre a sustentabilidade da atividade agroalimentar, a produção nacional e a realidade do consumidor atual.


No que diz respeito à sustentabilidade, o diretor de Cadeia Agroalimentar da Mercadona revela-se otimista, acreditando que existe "um potencial de crescimento por parte de todo o setor agroalimentar nacional". Segundo Pedro Barraco, a Mercadona tem encontrado fornecedores capacitados a garantir a máxima qualidade dos produtos, como também com uma disposição de adaptação às novas e futuras exigências do consumidor. "De norte a sul e ilhas de Portugal, os nossos fornecedores estão inteiramente comprometidos com a sustentabilidade", assegura e continua: "Hoje existe uma atenção especial no que respeita à gestão da água, com a utilização de sistemas de rega eficientes, construção de charcas ou mesmo estudo de variedades mais rústicas e adaptadas a regiões com maior tendência de seca. Todos os produtores apostam em métodos de produção integrada visando uma produção que vá ao encontro dos objetivos do Farm2Fork."

 

Já na parte energética, encontra-se hoje um setor agroalimentar "a apostar em energias alternativas e renováveis, sendo a energia solar já fundamental na autossuficiência em diversas indústrias".

"De norte a sul e ilhas de Portugal, os nossos fornecedores estão inteiramente comprometidos com a sustentabilidade." Pedro Barraco, diretor de Cadeia Agroalimentar na Mercadona

Sustentabilidade e qualidade

A evolução "verde" a que se tem assistido no setor são boas notícias para os consumidores, hoje mais preocupados com o tema da sustentabilidade, sobre o qual existe cada vez mais informação. "A qualidade do produto é fator fundamental, pelo que temos vindo a desenvolver parcerias com fornecedores portugueses fomentando a proximidade, frescura e aposta na economia local, visando, assim, a sustentabilidade da cadeia agroalimentar", explica o responsável, para quem o setor agroalimentar tem mostrado ao longo destes anos "adaptação e inovação no que respeita à sustentabilidade, indo ao encontro das metas ambientais propostas por Bruxelas, aliando também o seu compromisso em oferecer ao consumidor alimentos seguros e acessíveis."

 

Luís Mira, da CAP, também destaca que os consumidores estão cada vez mais exigentes na qualidade e na segurança alimentar, assim como na sustentabilidade e na diferenciação dos produtos que adquirem, "o que se reflete nas exigências levantadas pelas superfícies comerciais para corresponder a essa procura". Felizmente – continua o secretário-geral da CAP – "para os consumidores, a produção agrícola nacional e europeia de uma forma geral está enquadrada pelos mais elevados padrões de qualidade impostos pelas regras comunitárias".

 

Sobre a adequação da atividade agroalimentar ao mercado atual e às suas exigências, Pedro Barraco, que tem uma enorme experiência no terreno na relação com os produtores e conhecimento das preferências dos consumidores, conclui que, após cinco anos de presença em Portugal, "os fornecedores se têm adapado aos desafios lançados, havendo ainda um longo caminho de conhecimento, tanto do cliente como do setor agroalimentar nacional".



"É urgente implementar uma rede nacional de distribuição de água"


São precisas infraestruturas capazes de reter a água para os períodos de seca que afetam algumas regiões do país.

Luís Mira, secretário-geral da CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal, aponta o caminho do futuro da agricultura em Portugal. Dos desafios às oportunidades; da sustentabilidade à tecnologia. E ainda nos responde a uma pergunta de "faz de conta".

 

Quais são os atuais desafios e oportunidades da agricultura em Portugal?

A agricultura portuguesa está confrontada com um desafio de grande dimensão, relacionado com a gestão eficiente dos recursos hídricos, a nível nacional. É necessário e urgente implementar uma rede nacional de distribuição de água, com um sistema de transvazes, constituída por barragens de pequena e média dimensão, no sentido de corresponder às necessidades pontuais das várias regiões, uma vez que, como temos vindo a verificar, a pluviosidade tende a tornar-se cada vez mais assimétrica e imprevisível.

 

Um outro desafio, que é simultaneamente uma oportunidade para a agricultura portuguesa, prende-se com a exploração da capacidade biológica dos diversos organismos presentes numa exploração agrícola, aproveitando as condições naturais para desenvolver produtos com caraterísticas únicas no mercado. O conceito de sustentabilidade ambiental, económica e social que os agricultores aplicam nas suas explorações pode e deve contribuir para a diferenciação dos nossos produtos e para a sua valorização nos mercados globais.

 

Não podemos ainda esquecer que a Política Agrícola Comum é determinante na nossa produção e que uma utilização eficiente dos seus instrumentos é fundamental para a competitividade do setor no contexto europeu, dependendo da capacidade política dos nossos governantes para a sua correta aplicação.

 

Nos desafios e oportunidades falou da água, o que é inevitável. Existe mesmo escassez de água para a agricultura em Portugal ou a gestão não está a ser feita de forma eficaz?
Na realidade, não há escassez de água em Portugal. O que existe é um mau aproveitamento e uma gestão ineficiente dos recursos presentes no território, o que leva a que existam regiões com falta de água tanto para a agricultura quanto para o consumo urbano ou para qualquer outra atividade. Se não tivermos infraestruturas capazes de reter a água quando ela está disponível, certamente ela faltará nas alturas de seca.

 

Que balanço faz da incorporação da tecnologia no setor agrícola em Portugal?
A incorporação das novas tecnologias nas explorações agrícolas tem vindo a revelar-se altamente vantajosa, promovendo a eficácia, a produtividade e a sustentabilidade nas suas diversas vertentes. Tal como ao longo das últimas décadas a mecanização foi essencial para modernizar o setor, a digitalização é atualmente o fator mais relevante e diferenciador na atividade agrícola. A aplicação de sistemas de monitorização das plantas e de automatização de decisões diferenciadas em cada metro de terreno de uma exploração agrícola é já uma realidade na agricultura de cariz profissional, e a aplicação de sistemas de inteligência artificial promete ainda otimizar a produção agrícola nos anos que se aproximam.

 

A indústria agrícola no país está adaptada ao mercado atual e às exigências do consumidor?
Com efeito, é o mercado e são os consumidores de uma forma geral que determinam o que se produz e de que forma se produz, não apenas diretamente pelo que procuram quando vão às compras, mas também indiretamente, condicionando as opções políticas que são posteriormente vertidas na Política Agrícola Comum. Nesse sentido, o setor agrícola nacional está perfeitamente articulado com os mecanismos comerciais e políticos que determinam a produção.

 

Como encaram os agricultores portugueses o tema da produção sustentável?
O fator sustentabilidade deve ser considerado em todas as suas vertentes, designadamente ambiental, económica e social, e os agricultores portugueses estão completamente enquadrados com esses valores, até porque a sua vida e a continuidade das suas explorações agrícolas nas gerações seguintes dependem desse equilíbrio.

 

Hoje, os consumidores estão mais atentos e informados e focam-se mais na sustentabilidade? Existe esta preocupação?
Sem dúvida, os consumidores são cada vez mais exigentes na qualidade e na segurança alimentar, assim como na sustentabilidade e na diferenciação dos produtos que adquirem, o que se reflete nas exigências colocadas pelas superfícies comerciais para corresponder a essa procura. Felizmente para os consumidores, a produção agrícola nacional e europeia de uma forma geral está enquadrada pelos mais elevados padrões de qualidade impostos pelas regras comunitárias.

 

É expectável um novo conjunto de políticas nacionais para a agricultura e a alimentação?
É expectável que o novo governo introduza na política agrícola nacional alterações que correspondam às expectativas criadas, corrigindo os problemas que tinham vindo a ser identificados pelos agricultores ao longo dos últimos anos.

 

Se fosse ministro com esta tutela, o que mudaria?
Nessa qualidade, não poderia deixar de corrigir o atual PEPAC, de dar início à implementação de uma rede nacional de distribuição de água, de introduzir melhorias significativas no funcionamento do Ministério da Agricultura – dotando-o dos meios humanos e materiais necessários para servir os agricultores e a agricultura nacional – assim como de reverter a transferência de funções do Ministério para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.