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Saiba como se manter um “corporate athlete”

O líder de uma empresa é como um atleta de alta competição, sujeito a um enorme desgaste físico e psicológico. José Soares, professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto, especialista em performance humana com longa experiência com atletas, pilotos e líderes, tem treinado os CEO de grandes empresas para saberem usar a energia e os tempos de descanso

04 de Fevereiro de 2025 às 00:00
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É possível comparar o decisor de uma grande empresa com um Cristiano Ronaldo? Sim, é. A performance exigida a um CEO é equivalente e, logo, há um plano de treino para evitar o burnout e ter ren dimento até muito tarde na vida. Para o fisiologista José Soares, que trabalha desde 2008 a treinar executivos de grandes empresas para gerirem a sua energia, e que já tem uma longa experiência no coaching de atletas, pilotos e até astronautas, os líderes empresariais são "corporate athletes".

O professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto, especialista em performance humana e professor convidado da Porto Business School, explica o que são os "atletas corporativos": "Tem de ser performante não apenas durante um dia, mas durante dias, semanas e anos. Tal como num desportista de alto nível, espera-se de um líder energia, capacidade de recuperação, resiliência, gestão de stress, tomada de decisão adequada… enfim, competências que se manifestam no campo de golfe, dentro de um F1, Moto GP ou num jogador da NBA".

"A ligação permanente aos centros de decisão, aos escritórios, à empresa, implica um desgaste físico e psicológico difícil de suportar com evidentes consequências na capacidade de decisão, no equilíbrio da vida pessoal e profissional e, consequentemente, na performance. O que podemos alterar é a forma como gerimos a nossa energia no dia a dia", observa o fisiologista. "Tal e qual como um atleta de alto rendimento, um colaborador de uma organização tem de perceber que o seu rendimento profissional está dependente da forma como consegue manipular a sua energia: focando-se nos momentos decisivos, e descansando ou recuperando entre esforços."

O difícil é passar da teoria à prática e alterar comportamentos padronizados. E para mudar, é preciso conhecer a fisiologia, a "ciência dos porquês". "Por exemplo, 1% de desidratação sabe-se ter um impacto em algumas tarefas cognitivas de até 5%. O ciclo de sono REM tem uma influência decisiva nas capacidades cognitivas. O sono, aspeto essencial na performance, impacta na tomada de decisão, na memória de curto prazo e na eficiência cognitiva. Por exemplo, no dia em que muda a hora nos EUA há um aumento na ocorrência de acidentes rodoviários. Ou seja, tudo tem um preço fisiológico que merece ser avaliado e tido em conta nas nossas atividades profissionais ou pessoais. Quantos de nós já fizemos uma análise SWOT de nós próprios?" 

"Se não paras, o corpo para-te!"

De nada serve continuarmos a direcionar a nossa atenção apenas para o tempo, alerta o fisiologista. "Todos sabemos e reconhecemos a necessidade das listas ‘to do’, as matrizes de prioridades ou os fluxogramas ‘time management’. Todavia, a questão centra-se na pessoa e não no tempo".

Mas como é que se treina o descanso vital em pessoas "workaholic" habituadas a estarem sempre em modo "on"? "Tudo se treina. Em fisiologia estar ‘on’ e ‘off’ é condicionado pelo sistema nervoso autónomo. Nas pessoas com quem trabalho, ensino a ‘manipular’ estas variáveis através de métodos simples, não invasivos, nem farmacológicos, que permitem alternar entre o estado de ‘fight or flight’ e o ‘rest and digest’. Não podemos viver o tempo todo em ‘on’. Costumo dizer que ‘se não paras, o corpo para-te!’.

Nos atletas esse estado é designado por ‘overtraining’ e uma das consequências são as fraturas de fadiga." O trabalho não é uma adicção. "Da minha experiência, diria que não é tanto o trabalho, mas sim o ‘ego’. Eu sou tão importante que não posso parar… Mas, felizmente, não é assim! A fisiologia é implacável e é igual para todos. Posso ter uma função muito importante na minha organização, mas se o meu corpo não responder, tal como num atleta nos Jogos Olímpicos, o resultado vai ser mau", analisa José Soares.

O estado a que os líderes querem aspirar é o da "longevidade funcional". E o que significa? "Eu denomino ‘longevidade funcional’ ao estado de prolongamento da nossa atividade em elevada performance atenuando o impacto, inevitável, da idade. Também da minha experiência uma preocupação intrínseca no facto de a realização profissional não poder ser conseguida a todo o custo. Hoje as pessoas querem ser performantes durante mais tempo. Se atentarmos no desporto, passa-se exatamente o mesmo fenómeno. Os atletas querem prolongar as suas carreiras e não terminarem aos 25 ou 26 anos depois de terem arruinado o seu corpo pela forma como trataram o seu ‘instrumento de trabalho’. O mesmo se passa nos líderes. Se não tratar de mim, como posso tratar dos outros?"