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Rumo à neutralidade carbónica: é Portugal um bom exemplo?

O país está entre os seis Estados-membros que mais energia renovável produzem e conseguiu, em 2023, assegurar seis dias de consumo elétrico com origem verde. Refletir sobre as estratégias, oportunidades e desafios da neutralidade carbónica é o objetivo do EDP Business Summit, a 7 de março, em Lisboa.

20 de Fevereiro de 2024 às 10:45
Há muito a fazer para que Portugal atinja, até 2045, a neutralidade carbónica. Especialistas defendem o aumento da capacidade de produção de energias renováveis, maior rapidez nos processos de licenciamento e investimento comprometido para os próximos anos. Segundo o ainda ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, o país deverá captar mais de 60 mil milhões de euros para a transição energética até ao final desta década. Estes são alguns dos temas que serão abordados durante a 3.ª edição do evento internacional EDP Business Summit, que regressa a Lisboa no dia 7 de março, com um vasto conjunto de oradores de renome nacional e internacional. O diagnóstico está feito: é preciso limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 graus, substituindo os combustíveis fósseis por fontes como a eólica, a solar e a hídrica, aumentando assim a penetração de fontes renováveis no sistema elétrico. O desafio é comum à humanidade e requer a participação de todos – consumidores, empresas e Estado – para que as metas climáticas sejam cumpridas.

Até 2030, os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) vão ter de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 55%, valor que deve aumentar para 90% em 2040.

A COP28 estabeleceu um compromisso global histórico no sentido de abandonar os combustíveis fósseis e adotar as energias renováveis. No cerne da questão está a oportunidade única que o mundo tem de responder a preocupações imediatas relacionadas com segurança energética, a acessibilidade económica, o crescimento económico e criação de emprego, ao mesmo tempo que se persegue o objetivo a longo prazo de assegurar um planeta habitável para as gerações futuras. Nesta reunião mundial, mais de 130 governos nacionais, incluindo a União Europeia, concordaram em trabalhar em conjunto para triplicar a capacidade instalada de energias renováveis a nível mundial para, pelo menos, 11.000 GW até 2030, em conformidade com o Cenário Zero Emissões Líquidas até 2050 (NZE) da AIE – Agência Internacional de Energia.

Energia em Portugal: cada vez mais verde
Portugal foi em 2022, o sexto país da UE com maior consumo energético com origem verde, logo depois de países como Finlândia, Letónia, Dinamarca e Estónia. Os dados do Eurostat são confirmados pelos números da REN, que assegura que, em 2023, as renováveis abasteceram 61% do consumo total de energia no país. Este é o valor mais elevado de sempre.

O país está assim cada vez mais perto de atingir o objetivo de ter, em 2026, pelo menos 80% de toda a energia produzida a partir de fontes renováveis. Esta é uma das metas revistas no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), que define ainda a duplicação da capacidade de produção de eletricidade dos atuais 23 GW de potência para os 47 GW em 2030. Para este crescimento abrupto, o Governo prevê um aumento significativo da produção eólica (em terra e no mar) e fotovoltaica. Em janeiro, de acordo com dados da REN, as energias renováveis abasteceram 81% do consumo total no território. A maior fatia foi garantida pela produção hídrica (47%), seguida da eólica (25%), da biomassa (5%) e da energia solar (4%).

Principais desafios do país
Apesar de pioneiro no desenvolvimento de projetos eólicos há mais de duas décadas e de ter feito avanços importantes em alguma legislação necessária para gerar os incentivos certos, Portugal ainda pode acelerar o seu caminho na transição energética. Os principais desafios são a burocracia, a falta de agilidade nos licenciamentos e alguma falta de investimento em infraestrutura de rede. É por isso que a EDP, uma das principais empresas do setor renovável em Portugal e no mundo, está a desenvolver soluções inovadoras.

EDP investe 850 milhões
Nos últimos anos, multiplicaram-se os períodos de seca, cada vez mais frequentes e mais prolongados, e aumentaram as cheias e inundações causadas por fenómenos climáticos. Estes são apenas alguns sinais da fraca saúde do planeta, cuja melhoria depende da ação de todos. Em Portugal, a EDP tem-se afirmado como líder na produção de energias renováveis nas últimas duas décadas, sendo que há 20 anos apenas 20% da sua produção era proveniente de fontes renováveis para agora estar acima dos 85%. A EDP tem como objetivo atingir mais de 90% no próximo ano e ser totalmente renovável até 2030. Até 2026, a EDP vai investir mais de 850 milhões de euros para aumentar em 1,8 GW a capacidade renovável do país, nomeadamente através de projetos para aumentar capacidade de armazenamento hídrico, projetos de modernização e aumento de eficiência energética, solar (de larga escala ou distribuído), sobre- -exploração ou hibridização de projetos já em operação com outras tecnologias, num plano que prevê uma aposta total de 3 mil milhões de euros do grupo EDP em Portugal.

Um esforço global
Em 2023, a nova capacidade renovável global aumentou quase 50%, para cerca de 510 GW instalados apenas num ano. No entanto, com as atuais políticas e condições de mercado, estima-se que a capacidade global de energias renováveis atingirá um valor muito superior - 7.300 GW - até 2028. No entanto, essa trajetória de crescimento ficaria abaixo do objetivo de triplicação até 2030. A superação deste desafio exigirá a superação de obstáculos como incertezas políticas, investimento insuficiente em infraestrutura de rede, barreiras administrativas e falta de financiamento em economias emergentes. A Agência Internacional de Energia destaca que enfrentar esses desafios pode resultar num crescimento quase 21% maior das energias renováveis, colocando o mundo no caminho certo para cumprir o compromisso global de triplicação.

Portugal está no bom caminho, mas tem de acelerar o passo

Para Portugal cumprir as metas de descarbonização, tem de acelerar o investimento, tanto em produção de energia como nas infraestruturas, alerta Duarte Bello, administrador da EDP Renováveis para a Europa e América Latina.


Em 2023, Portugal conseguiu garantir que 61% de toda a energia consumida tinha origem em fontes renováveis. O objetivo nacional é atingir o marco de 80% em 2026. O que precisamos de fazer para dar esse salto?
Portugal tem dado passos muito significativos no desenvolvimento de renováveis nos últimos anos, o que valeu ao país ser destacado pelo Fórum Económico Mundial como parte do Top 20 dos países com políticas de transição energética mais eficazes entre 2014 e 2023. E continuamos a ter bons indicadores - em janeiro de 2024, segundo dados da REN, 81% da eletricidade do país foi de origem renovável. Dois meses antes, Portugal dependeu apenas de fontes de energia limpas para a eletricidade que todo o país necessitou durante seis dias. Mas atingir os objetivos de descarbonização implica acelerar o investimento, tanto em geração como nas infraestruturas. No caso do desenvolvimento de energia eólica e solar, é necessário desbloquear vários constrangimentos como a escassez de capacidade de rede, atrasos no licenciamento de novos projetos e a falta de recursos humanos disponíveis para esta enorme transformação.



Como se garante a viabilidade financeira dos projetos?
Precisamos de garantir que existem diferentes opções para a viabilidade financeira destes projetos, incluindo uma combinação de contratos de longo prazo para fornecimento da energia produzida (PPA), que devem ser simplificados, com leilões periódicos para contratação desta energia, com vista a atrair investimentos. Serão estes mecanismos que irão garantir preços estáveis e competitivos para os consumidores. Do lado dos produtores de energia, temos também de ter a capacidade de promover soluções inovadoras que acelerem esta transição e a EDP tem dado bons exemplos disso. Fomos os primeiros a colocar em operação parques híbridos, que combinam duas ou mais tecnologias renováveis num só local, aproveitando recursos, espaços e infraestruturas para produzir mais energia. Fomos pioneiros com a implementação de painéis solares na albufeira da barragem do Alqueva e, no último ano, voltámos a ser inovadores, ao instalarmos energia solar junto a vários parques eólicos já em operação em Portugal, Espanha e Polónia.

Tendo em conta as características naturais do território nacional, acredita que Portugal pode afirmar-se no panorama europeu como líder na produção de energias limpas?
Portugal já é um exemplo de antecipação da transição energética e tem todos os recursos para se manter numa posição de liderança. Devido às suas condições atmosféricas e geográficas, Portugal dispõe de um grande acesso a recursos naturais, o que lhe permite promover as energias limpas, principalmente a eólica e a fotovoltaica. Também tem promovido várias medidas para aumentar a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, como a eletrificação dos transportes, a política de fiscalidade verde e a descarbonização da indústria. Uma das principais consequências destes desenvolvimentos é a redução da dependência energética do país, bem como o crescimento da contribuição do setor para a economia do país e a criação de emprego. Apesar da sua costa com águas profundas, Portugal foi também um dos pioneiros a nível mundial na instalação de energia eólica offshore, com o Windfloat Atlantic, um parque eólico semissubmersível desenvolvido pela EDP. Todas estas medidas contribuíram para que mais de metade da eletricidade em Portugal em 2023 tenha tido origem em fontes eólicas, hídricas e solar. São números que nos devem orgulhar, mas que não serão suficientes para cumprir as metas de descarbonização. Portugal está no bom caminho, mas tem de acelerar o passo.

Quais são neste momento os maiores obstáculos a uma aceleração da transição energética?
Apesar dos dados positivos de Portugal sobre o seu compromisso com a transição energética, a implementação de energias renováveis no país ainda não é suficiente e terá de ser mais rápida. É preciso tornar as redes de transporte e distribuição de eletricidade mais modernas e eficientes, garantir que a regulação é estável e atrai o investimento, simplificar os obstáculos à instalação de mais infraestruturas renováveis e facilitar o licenciamento dos novos projetos. A EDP trabalha diariamente para responder a estes desafios, seja no desenvolvimento de vários tipos de projetos renováveis como na cooperação permanente com as entidades responsáveis pelo setor. Temos todas as oportunidades para alcançar as metas nacionais nos próximos anos, se os setores público e privado trabalharem em conjunto e em parceria pelo futuro do país.