Vantagens em toda a linha e para todos! Este é o resultado que se alcança no setor agroalimentar com as sinergias criadas pela proximidade geográfica de todos os elos da cadeia. Os principais benefícios, para produtores e consumidores, residem essencialmente "no desenvolvimento do potencial da região, na sobrevivência de determinado setor, na preservação de património e tradições, além de todas as vantagens no âmbito da sustentabilidade, quer económica quer ambiental", explica Manuel Costa e Silva, presidente da Horpozim – Associação Empresarial Hortícola, sediada na freguesia de Aguçadoura, no concelho da Póvoa de Varzim, epicentro da produção hortícola da zona norte. E ilustra o que diz: "Uma proximidade entre um produtor hortícola com a Mercadona, por exemplo, cria menor impacto ambiental em termos logísticos, permite circular a economia local e o consumidor terá acesso a produtos não só mais frescos como também com custos mais baixos."
A proximidade na cadeia de abastecimento agrícola traz "uma série de vantagens tanto para os produtores quanto para os consumidores", reforça Paulo Martins, diretor comercial da Hortaibérica, uma empresa familiar situada igualmente no concelho da Póvoa de Varzim, especializada na produção e comercialização de produtos hortofrutícolas e com mais de 15 anos de experiência no setor. No que concerne aos produtores – prossegue o responsável da Hortaibérica –, aponta "a redução dos custos de transporte, maior controlo sobre a qualidade e os métodos de produção, desenvolvimento de parcerias e oportunidades de cooperação". Do lado dos consumidores, verifica-se "o acesso a produtos mais frescos e de melhor qualidade, transparência e rastreabilidade, suporte à economia local e a redução do impacto ambiental." Em suma, a proximidade entre todos os elos da cadeia de abastecimento agrícola beneficia tanto os produtores quanto os consumidores, promovendo a eficiência, a qualidade, a transparência e o desenvolvimento económico local.
Trabalho em conjunto que pode envolver empresas de outras áreas
Não restam dúvidas de que a cooperação entre produtores agrícolas e empresas locais (também de outras áreas) só beneficia essa região. Manuel Costa e Silva, da Horpozim, salienta que as sinergias, sejam elas públicas ou privadas, são essenciais para o bem-estar e sobrevivência de todos, dando como exemplo o caso da parceria estabelecida "entre uma empresa privada da região que instala painéis fotovoltaicos e produtores que candidataram a sua exploração ao apoio ao investimento específico para esta medida". "Na Horpozim, tentamos sempre fazer o elo de ligação entre organismos públicos – empresas privadas – associados para que todo o setor possa continuar o seu caminho de progresso e desenvolvimento", informa o responsável da associação poveira.
Constata-se assim que as parcerias estabelecidas entre diferentes setores locais são cruciais, mas Manuel Costa e Silva vai mais longe e aconselha, inclusive, o estabelecimento de sinergias entre associações, organizações, cooperativas e entidades públicas de diferentes regiões do país, com o intuito de "disseminar informação para contribuir com o conhecimento e o enriquecimento dos associados que se encontram ligados a cada um destes organismos".
Por sua vez, Paulo Martins, diretor comercial da Hortaibérica, recorda que as sinergias e parcerias locais baseadas na proximidade geográfica são fundamentais para o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais e agrícolas, identificando como principais vantagens "a redução de custos e o aumento da eficiência, uma vez que, ao trabalhar em conjunto, os produtores locais podem reduzir os custos de transporte, armazenamento e distribuição, aproveitando a proximidade geográfica". Essa proximidade – é-nos explicado – dá origem ao aumento da eficiência e da rentabilidade das operações agrícolas, facilitando também a troca de recursos entre os produtores, como equipamentos agrícolas, mão de obra sazonal e fatores de produção.
Além disso, as parcerias locais promovem a partilha de conhecimentos e experiências, o que pode levar a melhores práticas agrícolas e inovação. "As sinergias e parcerias locais baseadas na proximidade geográfica são para a Hortaibérica essenciais para o fortalecimento das comunidades rurais e agrícolas, promovendo a eficiência, a resiliência, a segurança alimentar, o desenvolvimento económico e a sustentabilidade", destaca o responsável da empresa agrícola.
Associações de produtores são cruciais
Nenhum deste trabalho que tem sido executado no agroalimentar e que tem contribuído decisivamente para a evolução da área seria possível sem as associações de produtores, as quais têm "uma importância vital na sobrevivência do setor agrícola porque tentam manter ativo o elo de ligação entre a produção e os diferentes organismos públicos". "No nosso caso em particular, é na Horpozim que os associados podem encontrar as respostas às dúvidas burocráticas que vão surgindo e apoio nas candidaturas a fundos comunitários que auxiliam a sobrevivência da sua atividade. É na associação que são partilhadas muitas vezes as dificuldades que têm sido sentidas e tentamos dar voz a essas consternações na procura de respostas", refere Manuel Costa e Silva.
Já do lado da Hortaibérica, Paulo Martins recorda-nos que as associações de produtores são "peças-chave no desenvolvimento sustentável do setor agrícola, promovendo a colaboração, partilha de recursos e representação dos interesses dos agricultores".
"As sinergias e parcerias locais baseadas na proximidade geográfica são para a Hortaibérica essenciais para o fortalecimento das comunidades rurais e agrícolas, promovendo a eficiência, a resiliência, a segurança alimentar, o desenvolvimento económico e a sustentabilidade." Paulo Martins, diretor comercial da Hortaibérica
O sítio certo para esclarecer dúvidas e receios
O papel desempenhado pelas associações na criação de sinergias na atividade hortícola tem sido amplamente reconhecido. A Horpozim é uma das associações que se têm destacado por ajudar a tornar possível essas parcerias e é nesse contexto que participa no projeto Semear o Futuro, criado pela CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal e Mercadona, cujo objetivo é discutir temas atuais do setor agroalimentar, destacar boas-práticas e dar a conhecer projetos inovadores procurando estabelecer a ligação entre a produção e o consumidor.
O êxito das sinergias que têm sido estabelecidas entre os produtores e as entidades públicas e privadas obrigou a Horpozim a "alargar a sua abrangência para uma associação de âmbito nacional", pois os sócios precisam dos seus serviços em todo o território nacional. "Os associados procuram-nos não só como entidade com informação privilegiada e fidedigna no que concerne ao setor hortícola, bem como um elo de ligação entre os diferentes organismos para que possam esclarecer as suas dúvidas e os seus receios. E para que possam, inclusivamente, partilhar as suas reivindicações, sempre com o objetivo de garantir a subsistência de um setor não só atualmente como nas gerações futuras", sublinha Manuel Costa e Silva, presidente da Horpozim.
Em Portugal, valoriza-se a produção nacional e os nossos agricultores?
A questão da valorização da produção nacional e dos nossos agricultores é muito vaga porque consideramos que o consumidor valoriza o nosso produto, os mercados estrangeiros reconhecem a qualidade do produto nacional e estão dispostos a pagar por isso. Mas a verdade é que assistimos a medidas que nos comprometem constantemente e que desvalorizam não só o nosso produto como o setor primário.
Os nossos agricultores, que trabalham com muito esforço físico, que estão sujeitos a condições edafoclimáticas muitas vezes adversas, que são autênticos investidores de risco (que plantam, mas não sabem se vão colher), não veem a sua atividade reconhecida com o estatuto de atividade de risco.
Os apoios que são distribuídos no âmbito da PAC, com objetivos claros de diminuir os custos unitários da produção na venda ao consumidor, continuam a promover não a produção unitária, mas sim a área, havendo aqui um claro desfasamento de apoios financeiros para quem efetivamente produz mesmo com uma pequena área e grandes explorações que apenas se concentram em manter a paisagem do território.
Acreditamos que o futuro do setor agrícola reside na valorização da atividade através da informação ao consumidor sobre a produção nacional, sobre a agricultura no geral, sobre as boas-práticas que são promovidas, gerando assim maior interesse neste setor, sobretudo das próximas gerações, para que possamos caminhar não só para a autonomia alimentar bem como a geração de riqueza financeira, ambiental e social.
Autor: Manuel Costa e Silva, presidente da Horpozim