Atingir a neutralidade carbónica na União Europeia (UE) até 2050 é um desafio de grande dimensão para os Estados Membro, mas também para as empresas e os consumidores. Em Portugal, que antecipou a meta para 2045, a produção de energia a partir de fontes renováveis tem vindo a crescer sustentadamente ao longo dos anos, tendo o país batido sucessivos recordes nos últimos meses. No primeiro trimestre deste ano, a produção renovável assegurou 89% do consumo total de energia, o valor mais alto desde 1978 a nível europeu
Sessão da manhã
Sessão da tarde
Porém, para que seja possível acelerar a jornada de descarbonização e aumentar o peso da energia verde, será preciso trazer inovação para o setor e apostar em múltiplas formas de produção. Uma delas é a produção descentralizada, ou seja, a possibilidade de qualquer consumidor – particular ou empresarial – poder produzir eletricidade para autoconsumo através de equipamentos de pequena escala, como painéis solares É exatamente sobre os desafios e as oportunidades nesta transição energética que o Be Next – Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum pretende refletir na próxima terça-feira, dia 9, em Lisboa.
O evento, organizado pelo Grupo Greenvolt, pretende discutir as mudanças necessárias na forma como produzimos, consumimos e partilhamos energia, em especial num contexto geopolítico marcado pela forte instabilidade. As ambições de sustentabilidade da UE, aliadas à necessidade de se tornar autossuficiente, fazem da produção descentralizada um tema incontornável e com múltiplas ramificações.
Dividido em quatro blocos temáticos - regulação, financiamento, tendências e casos reais de empresas de diferentes setores de atividade - o BeNext pretende explorar diferentes perspetivas, oportunidades e avançar com soluções para enfrentar alguns dos mais prementes desafios energéticos que enfrentamos.
Sentir o pulso ao setor
O fórum europeu conta com uma programação rica, quer do ponto de vista temático, quer do ponto de vista dos oradores. São sobretudo responsáveis políticos, empresários, académicos e especialistas em energia que vão partilhar, ao longo de todo o dia, as suas visões e experiências, mas também elencar caminhos e estratégias a seguir para construir um mundo neutro em carbono.
Destaque especial para a presença de Mechthild Wörsdörfer, vice-diretora da Direção-Geral de Energia da Comissão Europeia, Leonor Beleza, presidente do Conselho de Administração da Fundação Champalimaud, Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e ainda da participação da McKinsey.
Wörsdörfer, que é responsável pela coordenação da política comunitária para a transição energética falará sobre o desenho do novo mercado de eletricidade na Europa, as ambições da Comissão Europeia e o que podem esperar as empresas para o futuro do setor. Leonor Beleza e Carlos Moedas debruçar-se-ão, respetivamente, para a forma como uma Instituição no sector da saúde e uma grande capital europeia olham para as oportunidades trazidas pela produção de energia descentralizada nos seus esforços de descarbonização. A McKinsey apresentará as principais tendências emergentes no campo da produção descentralizada e perspetivas sobre a evolução tecnológica e de crescimento de mercado.
Aprender com os pioneiros
O primeiro painel do dia vai debruçar-se sobre "Energia Descentralizada: Mudar a forma como produzimos, consumimos e partilhamos energia", abordando temas como a recente reforma do desenho do mercado elétrico europeu, o papel destas soluções para atingir os objetivos propostos pelo Green Deal e as assimetrias entre os Estados-membros da UE.
À mesa estarão João Manso Neto, CEO do Grupo Greenvolt, Walburga Hemetsberger, CEO da Solar Power Europe, Jerónimo Meira da Cunha, diretor-geral da Direção-Geral da Energia e Geologia, Adolfo Mesquita Nunes, partner da Pérez-Llorca, e Pedro Carvalho, professor e coordenador da Área Energia Científica no Instituto Superior Técnico.
Ainda no período da manhã haverá tempo para refletir sobre "Modelos financeiros para Energia Descentralizada", em particular sobre estratégias eficazes para mitigar riscos nos investimentos. O debate contará com a participação de Gilles Badot, diretor para o Mar Adriático e Região Ibérica do Banco Europeu de Investimento, Dipak Haria, líder de Infrastructure Debt EMEA na Blackrock, e Américo Carola, responsável pela Divisão de Investimento Bancário do Millennium BCP.
Segue-se uma sessão sobre "O que reserva o futuro para as soluções de energia descentralizada?", que abordará os desafios da integração de mobilidade elétrica nas cidades inteligentes, as próximas inovações nos modelos de partilha energética e ainda o papel crucial do armazenamento. Marcam presença Miguel de Castro Neto, diretor da Nova Information Management School, Michael Villa, diretor-executivo da SmartEn, Arturo Pérez de Lucia, diretor-geral da AEDIVE, e Nelson Lage, presidente do Conselho de Administração da ADENE – Agência para a Energia.
A "Energia descentralizada na prática: uma visão intersectorial para a transição energética" é o mote para o último de quatro debates no Be Next. Ao longo de uma hora, os oradores vão partilhar experiências e mostrar como os diferentes setores de atividade estão a implementar este tipo de soluções, assim como discutir os desafios que se mantêm e perceber quais as melhores estratégias de colaboração neste mercado. Stefano Fissolo, diretor senior da GLP Europe, Eamon Judge, ex diretor-executivo da Eli Lilly, Luís Delgado, membro do Conselho de Administração da Bondalti, e José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.
Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, fecha o evento com uma intervenção que versará sobre as a sustentabilidade e a integração das soluções de energia descentralizada nas cidades.
Conheça a programação completa do Be Next - Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum no site oficial, onde pode registar a sua inscrição. A participação está limitada à lotação do espaço.