A Sogenave está integrada na Trivalor, que é uma empresa de capital 100% português. O grupo especializa-se no segmento de Facility Service e emprega mais de 23 mil pessoas em Portugal, de quarenta nacionalidades. Fundada em 1973, completou este ano cinquenta anos.
Falámos com João Simões, presidente do conselho de administração da Sogenave, empresa que este ano se junto à ELITE para fazer crescer o negócio e desenvolver a área internacional, nomeadamente nas importações e exportações, graças à ligação privilegiada com outras empresas do ecossistema ELITE, que permite fortalecer parcerias com o mercado internacional e identificar novos parceiros.
Fale-nos um pouco sobre a Sogenave e os principais produtos/serviços.
Somos um dos maiores operadores nacionais na área da distribuição alimentar e não alimentar. Temos soluções únicas e uma cobertura total do território nacional através de oito plataformas logísticas, cinco no continente e três nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Temos uma oferta para todos os segmentos do mercado, desde grandes instituições da área da saúde passando por supermercados, armazenistas e toda a área da hotelaria e da restauração. Também temos algum negócio de exportação e uma área de negócio que é mais recente – tem cerca de cinco anos –, de equipamentos de cozinha, chamamos food equipment, em que desenvolvemos projetos de cozinha, salas de refeição e executamos esses projetos. O nosso objetivo é trabalhar com os clientes desde a sua origem, desde o seu projeto, e depois continuarem a ser abastecidos por nós.
Temos perto de 450 pessoas a trabalhar, cerca de vinte mil referências de produtos com que trabalhamos nas várias temperaturas – produtos de ambiente frio positivo e frio negativo –, temos marcas próprias, temos marcas de representação exclusiva, não exclusiva. Distribuímos, diariamente, 300 a 500 toneladas de produtos alimentares e não alimentares por dia. Temos cerca de sete mil pontos de entrega e temos, diariamente, 120 a 150 viaturas a fazer uma cobertura capilar de todo o território nacional.
A Sogenave tem dois grandes mercados: o mercado interno do grupo Trivalor, em que fazemos o abastecimento integral das nossas empresas do grupo, e o mercado externo ao grupo de Trivalor, o qual temos vindo a desenvolver mais nos últimos anos, tirando partido da nossa capacidade instalada e aí abastecemos todos os segmentos de mercado.
Atualmente, cerca de 60% das vendas são internas e 40% são de vendas externas. É nessas vendas externas que nós temos estado a investir e temos um ambicioso plano de crescimento. Até 2027, temos o objetivo de alcançar uma paridade de vendas internas e externas.
Como é que a Sogenave se destacou no mercado em que opera?
O que nos tem feito crescer nestas cinco décadas de existência pode resumir-se a duas grandes vantagens competitivas: uma cobertura total do território nacional e uma oferta integrada de produtos alimentares e não alimentares.
Uma só viatura faz a entrega. O restaurante ou o hotel não tem necessidade de fazer encomendas a dez ou vinte fornecedores diferentes e ter entregas e receções todo o dia. Portanto, vai um carro da Sogenave e leva tudo o que é necessário para um hotel ou restaurante trabalhar. É isso que nos distingue.
Trata-se de um sortido completo e inovador, a custos controlados. Com integração de sistemas destas encomendas até à faturação, fazemos casar os nossos temas com os dos nossos clientes para que comuniquem entre si e, claro, garantindo níveis de serviço adequados para aquilo que os clientes esperam.
Este ano, celebram o 50º aniversário da empresa. O que é que este importante marco representa para a Sogenave?
É um número bem redondinho. Nós estudámos os números do setor empresarial português e vimos que a duração média das empresas em Portugal é de 13 anos e apenas um terço atinge os 19 anos. Nós estamos nesse leque de 20% de empresas que alcançam os cinquenta anos. Isso acaba por ser um marco importante, que simboliza naturalmente longevidade. Mas o importante aqui é preparar os próximos cinquenta e nós acreditamos que o segredo para a longevidade é replicar os nossos princípios até agora.
Temos de ter um ponto de redundância, para que, se alguma coisa falhar, não deixarmos os nossos clientes sem soluções. Temos de abraçar a diversidade. Temos de ser modelares, e nós temos várias plataformas precisamente para estar próximo dos clientes. Temos de ter uma capacidade de adaptação muito rápida. Veja-se o que vivemos nos últimos anos com a covid-19, em que a nossa atividade mudou radicalmente de dia um dia para o outro. As atividades abrem e fecham e nós tivemos de nos adaptar a isso. Temos de ser prudentes, por exemplo, na concessão de crédito. Não podemos prescindir de determinados princípios sob pena de impulsionarmos o nosso futuro e temos de trabalhar em rede. Portanto, isto são princípios que nós acreditamos que nos fizeram chegar até aqui.
Vamos continuar a trabalhar, para ser cada vez mais reconhecidos no mercado, com as nossas soluções de abastecimento para as várias tipologias de cliente e queremos contribuir para o crescimento do turismo em Portugal, que tem sido um grande motor do desenvolvimento desta área de negócio alimentar, apesar de todos os problemas que tivemos com a inflação alimentar e as ruturas nas cadeias de abastecimento.
O que levou a Sogenave a aderir à ELITE?
Nós trabalhamos em rede. Analisamos as oportunidades para desenvolver o nosso networking e que possa acrescentar valor. Tivemos conhecimento do programa ELITE através do World Trade Center Lisboa International Academy by ELITE, do qual somos sócios, e achámos que tinha interesse a Sogenave associar-se, porque o ecossistema ELITE podia ajudar-nos a desenvolver a área internacional. Apesar de nós não operarmos fora do nosso país, há muitos anos que importamos.
Temos essa atividade com o estrangeiro e, por isso, a ligação a outras empresas do ecossistema vão ser interessantes para desenvolvermos e fortalecermos parcerias com o mercado internacional e identificar novos parceiros que nos permitam fazer mais negócio. Esse foi esse o objetivo que nos levou a aderir à ELITE.
Quais são as expectativas iniciais da empresa em relação ao ecossistema ELITE?
As nossas expetativas são conhecermos alguns dos membros nacionais e internacionais do ecossistema ELITE que tenham afinidade com o nosso negócio para procurar oportunidades de negócio que permitam acelerar o processo internacional da empresa. Eu não lhe chamo bem internacionalização, mas das relações de importação e exportação. Por outro lado, também queremos dotar os nossos quadros de mais formação e ferramentas de gestão que ajudem na elaboração dos planos de negócio.
A ELITE promove a colaboração entre as empresas participantes. Como é que a Sogenave pode beneficiar dessa colaboração?
Através do networking com as empresas participantes. Há muitos anos que fazemos importação em países como Itália. Historicamente, é um dos principais mercados de onde importamos e sendo a ELITE uma escola de formação de Itália, com uma grande base de empresas parceiras em Itália e noutros países, queremos desenvolver esses contactos no exterior. No fundo, é essa rede que nos interessa desenvolver para fazer crescer o nosso mundo.
Como é que a ELITE pode contribuir para melhorar a competitividade da Sogenave no mercado?
Queremos continuar a ser competitivos e crescer no mercado. Para isso, temos de continuar a ter acesso aos melhores produtos, aos melhores mercados, às melhores soluções e aos melhores preços. O ecossistema ELITE vai ajudar-nos nesse propósito e, por isso, estamos com boas expectativas que nos ajude a manter-nos competitivos. Isto é, que continuamos a dar sequência ao ambicioso plano de crescimento, tendo acesso aos melhores produtos e aos melhores preços no mercado.
Como é que recursos como o acesso a novas habilidades e a formação de alto nível com os melhores especialistas, relações peer-to-peer com PME ambiciosas e o acesso a ferramentas de financiamento alternativas podem promover um crescimento mais sustentável da empresa?
O tema da sustentabilidade está na ordem do dia. Aliás, a ELITE vai promover um workshop no início de setembro sobre sustentabilidade em Paris e nós vamos estar presentes para fazer formação sobre a evolução do mercado nestas áreas. Nós estamos muito atentos a isso.
Aquilo que é a pegada carbónica dos alimentos em toda a logística de distribuição. Vamos tentando ter práticas mais sustentáveis. Acreditamos que a ELITE pode contribuir como uma escola de formação de primeira linha e fazer com que nós também nesta área tenhamos um crescimento sustentável.
Temos de continuar a desafiar-nos diariamente. Contamos trazer as boas práticas e skills a nível internacional para dentro da Sogenave para que os nossos quadros estejam preparados para esses desafios.
A Sogenave está a considerar expandir para outros países-alvo da ELITE (Itália, França, Holanda, Bélgica, Noruega)? Conte-nos sobre os planos futuros da empresa.
A Sogenave não tem no seu horizonte próximo internacionalizar a atividade a ponto de operar fora de Portugal. Mas vamos continuar a desenvolver a atividade de importação e de exportação nos países com os quais já trabalhamos e com novos países. Aí, contamos que esta rede da ELITE nos ajude a identificar parceiros, quer para comprar quer para vender, mas a operar e fazer distribuição capilar como fazemos em Portugal. Não está nos nossos planos fazer operação fora do país.
A nossa atividade tem muito de internacional por esta via da importação e da exportação. Por isso, estes países onde a ELITE já está são países que conhecemos há muito tempo no âmbito da importação e também alguma exportação, mas são mercados que nos interessa conhecer melhor, porque há muitas oportunidades que precisamos desenvolver. Os nossos planos futuros passam também por incrementar esta nossa atividade.
A ELITE, a rede europeia da Euronext para PME, acelera o processo de acesso aos mercados de capital privado e público. Porque é que a ELITE pode ser a oportunidade transformadora que as empresas devem considerar?
Quando conhecemos o programa da ELITE vimos nele três vantagens: uma rede de networking que pode ser desenvolvida, uma área de formação que nos interessa desenvolver e também esta vertente de acesso a mercado de capital, privado e público para o financiamento da atividade exportadora.
Para já, esta área é a que que menos interesse tem para a Sogenave, porque não estamos a preparar uma internacionalização da atividade – a não ser manter a atividade de importação. Por isso, os contactos internacionais, para nós, são muito relevantes e cada vez mais.
Uma mensagem final sobre a experiência da Sogenave com a ELITE e a importância deste ecossistema para as PME em Portugal.
Sem dúvida de que Portugal é conhecido como tendo excelentes quadros, mas, por vezes, temos dificuldade em segurá-los no país. Por isso, para o mercado nacional e o mercado das PME, acreditamos que é fundamental esta experiência internacional de formação de alto nível, de desenvolvimento das redes de networking e também de acesso a fontes de financiamento para lançar as atividades fora do país.
O que a ELITE está a fazer em Portugal é muito vantajoso para o tecido empresarial português porque vem trazer esse know-how às empresas que acedem a este ecossistema. Por isso, assim que tivermos conhecimento, juntamo-nos à primeira edição em Portugal, porque acreditamos que de facto vai trazer valor acrescentado.