O final do ano foi turbulento. Ficou o receio de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que levou os mercados accionistas a conhecerem quedas que, tempos antes, pareciam improváveis. Juntando a isso a continuação das baixas taxas de juro, os investidores perceberam a necessidade de procurar outros produtos capazes de rentabilizar as suas carteiras.
Os warrants permitem gerar mais-valias independentemente da tendência do mercado, motivo pelo qual é um instrumento financeiro que está a atrair maior interesse dos investidores. Quem o afirma é um perito do Banco de Investimento Global, o intermediário financeiro com maior volume negociado de warrants em Portugal.
O interesse pelos warrants ressurgiu, dado serem um instrumento que "possibilita ao investidor ter exposição a mercados e activos subjacentes bastante diversos, nomeadamente acções nacionais e internacionais, índices accionistas, moedas e matérias-primas, que, de outra forma, teria maior dificuldade em realizar, com um reduzido investimento inicial", como refere Pedro Henriques, gestor de produto do BiG.
O maior senão dos warrants passa por serem normalmente considerados um produto financeiro algo complexo. Ainda assim, como sublinha Pedro Henriques, "apresentam-se como um produto muito procurado por todos os tipos de investidores - aqueles que pretendem efectuar uma cobertura de risco da sua carteira bem como os investidores que querem negociar instrumentos alavancados como forma de dinamizar os seus investimentos sem correr o risco de perda de capital superior ao investido". Os warrants abrem desta forma uma nova dimensão de investimento para investidores que tenham consciência do risco associado.
O que são warrants?
De uma forma simples, os warrants são valores mobiliários cotados em bolsa que não têm valor nominal e incorporam direitos. Podem ser negociados tal como as acções.
Os warrants são instrumentos financeiros associados a um ativo subjacente (como ações, índices, moedas ou máterias-primas) pré-definido em que o seu detentor fica com o direito, mas não com a obrigação de comprar (Call Warrants) ou vender (Put Warrants) o ativo subjacente a um nível pré-determinado, num período de tempo específico entre a data de aquisição e a data de maturidade.
O warrant termina numa data previamente definida, a chamada maturidade. Para o comprador obter esse direito, tem de pagar um prémio que está reflectido no preço do Warrant no momento da compra.
Na prática, não existe liquidação física, ou seja, o detentor do warrant não compra nem vende o ativo subjacente, mas ocorre sim uma liquidação financeira automática em todos os warrants listados em Portugal. Neste caso, o detentor irá receber um reembolso em dinheiro, que representa o valor do warrant na data de maturidade, não havendo necessidade de qualquer instrução para o efeito. O reembolso será positivo ou nulo, já que o investidor não poderá perder mais do que o seu investimento inicial.
Quando ocorre a compra de um warrant, o investidor paga um prémio e posteriormente é possível acompanhar a evolução do preço, pois para cada warrant existe uma cotação de compra e de venda fornecida pelo emitente do produto. A diferença entre o preço do comprador e do preço do vendedor designa-se por spread.
Existem os Call warrants que beneficiam com a subida do ativo subjacente. Se o ativo subjacente se valorizar e cotar na data de maturidade acima do preço de exercício (strike), o investidor receberá um reembolso. No caso adverso, o investidor não recebe qualquer reembolso e perde o seu investimento inicial.
Em sentido inverso, há os Put warrants, em que o investidor beneficia quando o ativo subjacente se encontra em queda. Com a desvalorização do ativo subjacente, o valor do Put warrant irá subir. O reembolso a receber pelo investidor será a diferença entre a cotação do subjacente na data de maturidade e o preço de exercício ou strike.
Em ambos os casos, a mais-valia do investidor será a diferença entre o reembolso e o prémio pago pelo investidor aquando da compra do activo financeiro. No caso do investidor não ficar com os warrants até à data de maturidade, irá ser a diferença entre o preço a que é vendido o warrant e o preço a que é comprado.
A característica mais conhecida dos warrants é o efeito de alavancagem, o que significa que amplificam os movimentos do activo subjacente. Este efeito surge do reduzido investimento de capital, quando comparado com um investimento direto num ativo subjacente, e resulta na possibilidade dos investidores obterem mais-valias mais elevadas em termos proporcionais com pequenos movimentos do activo subjacente.
Esta mecânica "permite replicar uma posição de investimento directa no activo subjacente com um investimento inicial mais reduzido. Ou seja, através de warrants, o investidor obtém uma exposição a variações do preço do subjacente, por exemplo uma acção, que corresponderia a um investimento bastante superior, caso optasse por adquirir as acções no mercado à vista", como realça Pedro Henriques, do BiG.
Cuidados a ter
Pelo exposto, entende-se que, "ao contrário dos CFDs, futuros e das opções, os warrants não comportam o risco de se perder mais do que o capital investido".
Pedro Henriques, gestor de produto do BiG, sublinha, contudo, ser "importante o investidor conhecer bem os seus objectivos neste tipo de investimento em warrants, caso se esteja a falar de uma posição especulativa. Isto porque a alavancagem poderá provocar fortes valorizações e desvalorizações na posição, sendo que uma evolução negativa poderá levar rapidamente à perda total do investimento inicial".
Por isso, "o investidor deverá fixar o nível máximo de ganhos e de perdas que está disposto a assumir para uma determinada posição em warrants. Estes limites deverão ser fixados de acordo com a evolução do activo subjacente, visto que os outros factores que provocam alterações no preço do warrant, tais como a volatilidade, a taxa de juro e a variação do activo subjacente, têm uma evolução e efeitos mais difíceis de controlar".
O gestor sublinha ainda ser fundamental "ter plena consciência do risco que se pretende assumir, pois este vai influenciar o tipo de maturidade que se deseja, assim como o preço de exercício que mais se adequa a esse risco. O investidor deverá ter consciência de que se comprar um call warrant cujo preço de exercício se encontre muito inferior ao preço actual do activo e se o adquirir com uma maturidade mais longa, ficará com uma posição muito próxima de uma posição no mercado à vista e as suas possibilidades de alavancar o lucro são baixas."
Negociar com o BiG
Possui "o preçário mais reduzido em Portugal para estes produtos", como sublinha Pedro Henriques, o BiG oferece aos investidores informação sobre o mercado de warrants e a possibilidade de "negociar todo o tipo de instrumentos financeiros a nível mundial com uma única conta, desde aplicações com capital garantido até investimentos financeiros recorrendo à alavancagem".
Além da plataforma online MyBolsa ou da página na internet dedicada aos warrants, o BiG permite ainda a negociação em horário alargado (das 8h às 21h) através da plataforma Direct Trade, que disponibiliza activos emitidos pelo Commerzbank.
Desta forma, o investidor tem um "elevado número de produtos disponíveis para negociação, cerca de 12 mil sobre diversos activos subjacentes", sejam acções, índices, divisas, obrigações ou matérias-primas, como salienta Pedro Henriques.
Por tudo isto, segundo os indicadores mensais de recepção de ordens publicados pela CMVM, o BiG foi, de Janeiro a Outubro, o intermediário financeiro com o maior volume negociado de warrants, atingindo uma quota de mercado de 40,4%.