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Há 12 projetos inovadores na reciclagem de embalagens

Sociedade Ponto Verde e Beta-i convocam startups e empreendedores para ajudar empresas no desafio da reciclagem e da economia circular. Showcase Day da terceira edição do Programa re_source teve recordes de candidaturas e de projetos.

20 de Março de 2024 às 10:21

Foi no Time Out Market que teve lugar o Showcase Day, passo final do programa de inovação colaborativa re_source. Esta iniciativa da Sociedade Ponto Verde, organizada pela consultora Beta-i, juntou startups e empresas envolvidas na cadeia de valor das embalagens, em Portugal, para a apresentação conjunta de 12 projetos-piloto que vão contribuir para acelerar o desenvolvimento da nossa economia circular e aumentar a inovação na área da reciclagem de embalagens.

 

Atualmente, na Europa, apenas 11,7% dos recursos são aproveitados. Mas em Portugal as metas de reciclagem de embalagens estão a ser cumpridas, embora seja preciso continuar a fazer mais. O objetivo do país passa por estar a reciclar, daqui a um ano, pelo menos 65% das embalagens que são colocadas no mercado. Para 2050, o objetivo consagrado na legislação europeia é a reciclagem de 55% destes materiais, incluindo 65% das embalagens, bem como a redução, até aos 10%, do depósito de resíduos em aterro, até 2035. Para atingir objetivos tão ambiciosos em matéria de sustentabilidade e de economia circular, será necessário um esforço enorme de inovação para encontrar soluções que permitam fazer este caminho em tempo útil.

 

Os 12 projetos-piloto que irão agora arrancar e que permitem testar as soluções das startups no contexto de empresas e instituições abordam as mais diversas temáticas ligadas à reciclagem. Desde soluções para aumentar a taxa de separação de resíduos numa universidade, em feiras e mercados e no food court de um centro comercial, a soluções que procuram digitalizar e automatizar o processo de triagem de resíduos nas centrais de valorização de resíduos.

 

Outros projetos aplicam inteligência artificial e soluções de rastreabilidade no desenvolvimento de sacos e garrafas mais sustentáveis e rastreáveis, bem como de rotas mais eficientes de recolha de resíduos.

 

Mais 40% de candidaturas
Mas regressando ao evento que juntou no Espaço Time Out, presencialmente e online, várias dezenas de representantes das empresas e instituições que são parceiras nestes projetos, a intervenção de abertura ficou a cargo de Ana Trigo de Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, que sublinhou a adesão crescente ao programa re_source. Para esta responsável, "o crescimento do re_source prova e reforça a ideia de que os esforços para aumentar a sustentabilidade e a economia circular estão a impulsionar a inovação na economia e na sociedade". "A adoção de uma lógica colaborativa que produza sinergias e crie novas soluções é um acelerador da criação de valor no setor da gestão de resíduos. Foi nesta lógica que criámos o re_source", explica Ana Trigo Morais.

 

Nesta edição, o programa recebeu 188 candidaturas oriundas de 49 países, o que representou um aumento de 40% no número de candidaturas apresentadas, face à edição anterior. No conjunto das três edições, o re_source já atraiu mais de 400 candidaturas e gerou 20 projetos piloto que envolveram 39 entidades ao longo de toda a cadeia de valor da gestão de embalagens e resíduos de embalagens.

 

Inspiração e colaboração
A abertura do evento contou também com intervenções de dirigentes da Agência Portuguesa do Ambiente e da Direção Geral de Atividades Económicas, que sublinharam a crescente exigência dos objetivos associados à transição climática e da legislação que entrará em vigor nos próximos anos. Ainda antes da apresentação dos projetos piloto, houve a oportunidade para ouvir, pela voz da sua fundadora, Eunice Maia, a história inspiradora da Maria Granel, a primeira "loja de desperdício zero" em Portugal, uma mercearia biológica a granel e loja de acessórios plastic free, com lojas em Lisboa, nos bairros de Alvalade e Campo de Ourique.

 

Durante a tarde, a apresentação dos projetos foi feita em painéis organizados à volta de cada um dos desafios que foram propostos aos candidatos ao Programa: Inovação em processos de recolha e separação de resíduos; Materiais sustentáveis e soluções de recolha de resíduos; Mudança comportamental e envolvimento dos consumidores; Digitalização, integração e embalagens circulares. Cada projeto foi apresentado, em conjunto, pela startup que desenvolveu a solução e pela empresa ou organização que a vai testar.

 

Desenvolver um ecossistema de inovação
No fecho do evento, uma ideia foi sublinhada por Diogo Teixeira, CEO da Beta-i, consultora de inovação que organizou este Showcase Day. "Com este programa, estamos a criar um ecossistema de inovação no setor dos resíduos, que já está a crescer para fora de Portugal e a atrair inovadores de vários países", referiu Diogo Teixeira, prosseguindo: "Na área da reciclagem estamos a lidar com problemas que estão muito interligados e cuja resolução requer uma visão de toda a cadeia de valor, com intervenções como as que temos promovido neste programa."

 

Em jeito de balanço, o CEO referiu ainda: "Estamos a ter resultados muito bons, não só com esta edição, em que teremos 12 projetos-piloto com um investimento de 600 mil euros, mas no conjunto dos três anos, em que já vamos em 21 projetos realizados, o que é francamente bom.

 


"Encontrar soluções baseadas na inovação e na tecnologia"

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, falou connosco e explicou-nos como o re_source é crucial para tornar este setor mais ecológico.

 

O Programa re_source vai na sua terceira edição e tem um caráter pioneiro. Como é que surgiu o programa e a colaboração com a Beta-i?
Este programa de inovação colaborativa nasceu, em 2021, do desafio lançado pela Beta-i e da vontade da Sociedade Ponto Verde em continuar a contribuir para um futuro mais responsável, ciente de que existe uma necessidade contínua de repensar as cadeias de valor e os ciclos de vida de produtos e serviços. O seu foco está no aumento da circularidade das embalagens, na transição digital do setor da gestão de resíduos de embalagens e da reciclagem em Portugal, e em novas abordagens que tragam maior acessibilidade e conveniência para que mais cidadãos possam participar cada vez mais no processo de separação de embalagens.

 

Este setor confronta-se com objetivos ambiciosos e legislação de uma exigência crescente. Qual a importância da inovação para fazer face a estes desafios?
Há compromissos e metas europeias que precisamos de cumprir neste setor, pelo que é fundamental continuar a repensar as cadeias de valor e os ciclos de vida de produtos e serviços, encontrando soluções inovadoras que reduzam o consumo de matérias-primas e promovam a reutilização e a reciclabilidade das embalagens.

 

Atualmente, as embalagens são o único fluxo a cumprir as metas, ainda que estejamos longe de atingir as que nos são propostas para o futuro. A nível global, hoje, já não estamos a cumprir as metas de reciclagem e, por isso, todas as partes interessadas na cadeia de valor são chamadas à ação e é aqui que tanto o cidadão como as empresas têm um papel determinante. A inovação, e em particular a inovação colaborativa que tanto promovemos através do re_source, é o método que encontramos para juntar todos os agentes da cadeia de valor para pensar e estruturar novas soluções para o setor. Neste sentido, a inovação colaborativa assume um papel fulcral, sendo o único caminho que possibilita a partilha de conhecimento e a identificação de soluções inovadoras e digitais que, no seu conjunto, vão possibilitar ao setor tornar-se mais "verde", mais inclusivo e mais responsável, sendo o caminho certo para se conseguir fazer mais e melhor.

 

Que balanço faz do programa, qual é a expectativa para o futuro?
O balanço é muito positivo. A tendência do programa tem sido de crescimento ao longo das diferentes edições e, nesta terceira, quisemos continuar a envolver um número crescente de inovadores e empreendedores, tanto a nível internacional como nacional. Esperamos continuar a assistir a este crescimento e que possamos continuar também a trabalhar num regime colaborativo, de modo a conseguirmos encontrar novas soluções baseadas na inovação e na tecnologia, que vão trazer mais valor para o setor da gestão de resíduos e, em particular, para a gestão de embalagens.

 


"A resposta está na colaboração"

Diogo Teixeira, CEO da Beta-i, também falou connosco do trabalho do programa re_source e da forma como os seus resultados têm melhorado a cada edição que passa.

 

O programa re_source aposta na inovação colaborativa, nos projetos-piloto e tem uma dimensão internacional. O que explica estas opções?
Acreditamos que a resposta para os desafios sistémicos que enfrentamos na gestão de resíduos de embalagens está na colaboração. É nesse sentido que procuramos estimular o desenvolvimento de soluções entre empresas nacionais e inovadores de todo o mundo. Ao longo de três edições chegaram-nos soluções de 49 países, o que acrescenta grande valor às opções que empresas e organizações nacionais têm ao seu dispor. Uma vez selecionadas as soluções que melhor resolvem os desafios de empresas e do ecossistema, vem uma fase de teste e experimentação da ideia de um inovador num parceiro. A estas soluções desenvolvidas em conjunto chamamos projetos-piloto.

 

Tratando-se de soluções mais maduras, a sua implementação no parceiro é mais rápida, com melhor qualidade e com um menor risco. Comprovado o seu potencial, podem escalar dentro da organização, ganhando uma maior dimensão.

 

A ideia de inovação como fonte de vantagem competitiva está a fazer o seu caminho neste setor a que se dirige o programa?
Sim, sem dúvida. A gestão de resíduos está diretamente relacionada com a sustentabilidade, um dos temas mais quentes na agenda. Além de estar na ordem do dia, já não é apenas uma escolha, e tem-se tornado uma necessidade. As empresas precisam não só de acompanhar as legislações ambientais que são cada vez mais exigentes, mas também de dar resposta às necessidades dos consumidores. Para que consigam atingir esses objetivos, é fulcral que apostem na inovação e que consigam encontrar soluções mais verdes que, incorporadas na sua cadeia de valor, permitam responder a estes desafios.

 

Estivemos no Showcase Day da terceira edição do programa. Que evolução é possível observar ao longo destes anos?
Nestes últimos três anos, percebemos que os resultados têm sido cada vez melhores a cada edição que passa. Isso demonstra que continuamos a exercitar este músculo de inovação e que os stakeholders não só estão mais recetivos a estas iniciativas, mas percebem a vantagem competitiva que pode advir deste programa. Nesse sentido, temos vindo a perceber que parceiros e startups estão empenhados e comprometidos com o sucesso dos pilotos, pelo que prevemos uma implementação com impacto significativo. O Showcase Day foi relevante para dar visibilidade e demonstrar os resultados práticos dos projetos desenvolvidos. Esta envolvência pode gerar um efeito de contaminação positiva no ecossistema, inspirando outros players com desafios e objetivos comuns a também procurarem soluções diferentes. Apenas com esta sinergia é possível inovar e evoluir um setor por completo.