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Engexpor e Effisus apostam na expansão internacional com a World Trade Center Lisboa International Academy by ELITE

Tanto a Engexpor como a Effisus estão presentes em mercados internacionais, mas querem ir mais longe. Este é um dos motivos que as levaram a participar na segunda edição do programa ELITE da Euronext, realizado em parceria com o World Trade Center, BBVA e Associação das Empresas Familiares.

23 de Dezembro de 2024 às 11:37
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A obtenção de conhecimento, através das sessões de formação, a troca de experiências, proporcionada pelo networking, e o acesso a novas formas de financiamento estão no radar destas duas empresas portuguesas.


Engexpor quer entrar "noutros países da Europa" com o suporte da ELITE


Com quatro décadas de história, a Engexpor está presente em três continentes, tem mais de 300 colaboradores e contabiliza mais de 11 mil milhões de euros em volume de obras geridas. Atua na área do imobiliário, energia, infraestruturas e indústria, além de prestar serviços de consultoria na área dos investimentos.



Miguel Alegria
CEO da Engexpor

Segundo Miguel Alegria, CEO da Engexpor, em Portugal, a empresa participou em transações de grande dimensão como a compra dos hotéis Dom Pedro e esteve envolvida em grandes projetos na área da indústria, como o hyper data center de Sines ou as novas instalações da Hovione no Seixal.

O Brasil é, desde 2011, um mercado estruturante para a Engexpor: além de desenvolver projetos em áreas como o imobiliário, shoppings e hotéis, tem também muita atividade no setor das energias renováveis, onde estão a concluir "o maior parque solar da América do Sul". Na Europa, só estão presentes em Portugal e pretendem fazer a expansão "para outros países de forma gradual e sustentada". Para isso, contam com o apoio e o conhecimento do programa ELITE, no qual também pretendem conhecer os "diferentes modelos de financiamento que têm à disposição das empresas".


A Engexpor fez, este ano, 40 anos desde que foi fundada. Quais é que diria que foram os principais marcos?


É um caminho muito longo e no decorrer desses 40 anos houve bastantes marcos. A empresa teve, com certeza, os seus altos e baixos. No passado mais recente, os marcos mais relevantes são dois: em 2011, a nossa aposta no mercado internacional, sobretudo no Brasil, e o segundo marco foi que, desde janeiro de 2017, iniciámos um processo de rejuvenescimento e modernização da empresa. Investimos muito em tecnologia e criámos, inclusivamente, uma plataforma de gestão de projetos chamada "My site".

Investimos também na organização interna da empresa, em instalações novas, na melhoria do nosso sistema de gestão de qualidade e em marketing e comunicação – fizemos um rebranding importante.

Em suma, fizemos uma grande transformação que permitiu à empresa chegar onde está hoje.


Quando fala nesse rejuvenescimento, refere-se também aos recursos humanos?


Sim, refiro-me também aos recursos humanos. Houve uma renovação significativa em áreas-chave, especialmente aquelas ligadas ao suporte e ao backoffice das nossas operações, o que permitiu ter a empresa organizada para o crescimento que se veio mostrar rápido nos anos seguintes.


Em 2021, lançaram a DCS – Digital Construction Services, que disponibiliza serviços e ferramentas digitais para os clientes, e reforçaram os serviços nas áreas ambientais e de sustentabilidade. Porque sentiram esta necessidade? Como é que os clientes responderam?


Foi a partir de janeiro de 2017, quando iniciámos esta nova etapa da empresa, que fomos diversificando a nossa área de atuação e tentando responder àquilo que eram as necessidades e as preocupações dos nossos clientes. Começámos uma área muito relevante de advisory services, em que apoiamos muitos clientes no início dos seus investimentos.

Quando estão a tomar uma decisão sobre investimento num determinado ativo, realizamos a technical due diligence [avaliação da estrutura tecnológica de uma empresa]. Temos participado em transações de grande dimensão, como a compra recente dos hotéis Dom Pedro, a aquisição de Vilamoura há uns anos, a compra dos vários ativos, ou de uma parte significativa deles, que a Davidson Kempner adquiriu, e que estavam sob gestão da ECS Capital. Foi uma área que registou uma evolução significativa.

Outra área que o mercado pedia era a área de sustentabilidade e ambiente. Há muitos anos, devido aos projetos relacionados com os centros comerciais, que acompanhamos processos de certificação. Desde 2017, este tema tornou-se mais relevante, sendo hoje em dia impossível falar de imobiliário sem mencionar a sustentabilidade.

Portanto, nós sentimos essa necessidade de criar uma equipa, um departamento dedicado a esta temática, que falasse a linguagem da sustentabilidade e conseguisse apoiar os nossos clientes nos processos de certificação dos seus investimentos. Hoje, estamos totalmente preparados para apoiar qualquer tipo de certificação.

O mesmo aconteceu na área digital. As áreas de arquitetura, engenharia e construção são tradicionalmente segmentos de mercado mais old school. Têm evoluído, sobretudo no passado mais recente, com utilização de tecnologia digital, em particular o BIM – Building Information Modeling. O BIM é uma metodologia de elaboração dos projetos, que no nosso país não está a evoluir ao mesmo ritmo que noutros países do norte da Europa, mas está a fazer o seu caminho. E nós tivemos de nos preparar – e bem – para esta evolução e esperamos que, no futuro, seja cada vez mais relevante ter serviços digitais nesta área.


E como é que os vossos clientes responderam a esta nova oferta de serviços?


Responderam muito bem. São áreas que acabam por ser de apoio à nossa atividade principal, que é a gestão de projetos desde o início até ao fim. Dentro da nossa atividade principal, crescemos muito. No fundo, é uma resposta dos nossos clientes à nossa reorganização em quatro setores, que são: o imobiliário tradicional – temos muitos projetos nas áreas residencial, de hotelaria e turismo, e também de escritórios.

Temos um segundo setor de grande atividade na área de energia, sobretudo de energias renováveis, incluindo parques solares e parques eólicos. Outro setor no qual trabalhamos em alguns projetos na área das infraestruturas é o segmento aeroportuário. Por último, o setor que nos tem trazido mais desafios em termos de evolução é o industrial. Portugal tem tido, sobretudo nos últimos anos, grandes projetos na área da indústria, com um nível exigente, como o hyper data center de Sines; as novas instalações da Hovione no Seixal; alguns componentes para a Autoeuropa.

A Engexpor tem-se posicionado nesses projetos, consolidando a sua posição com bastante sucesso. Crescemos nestas quatro áreas e muito disso foi fruto da nossa inovação, diversificação e da preparação da empresa para este crescimento.



No ano passado, expandiram significativamente a atividade no Brasil, com projetos marcantes, como a construção de um complexo solar fotovoltaico em Minas Gerais, a gestão de projetos e obras de sete aeroportos no norte do país e iniciativas no setor do turismo. Este mercado continua a desempenhar um papel estratégico para a Engexpor? Como avaliam o impacto dessas operações no crescimento global da empresa?


O mercado brasileiro é mais do que estratégico, é um mercado relevante e estruturante para a Engexpor. Já estamos no Brasil há bastantes anos, mas diria que foi a partir de 2011 que nos organizámos de forma estruturada no país.

Entrámos no mercado com uma equipa muito sólida, que constituiu uma marca hoje muito reconhecida. Atuamos sobretudo em três áreas muito específicas: o setor imobiliário, na área dos shoppings e dos hotéis; com vários projetos. Curiosamente, em Portugal, por exemplo, a era dos shoppings já terminou. Ninguém está a fazer shoppings novos. No Brasil, ainda há muitos.

Na área da energia, temos contribuindo com diversos projetos, como parques solares, eólicos, e este que está a referir em Minas Gerais, na localidade de Arinos, é o maior parque solar da América do Sul, com cerca 620 megawatts de capacidade, uma dimensão completamente diferente daquilo a que estamos habituados na nossa realidade portuguesa, por exemplo.

No setor aeroportuário, no Brasil fizemos a grande ampliação e a renovação do aeroporto de Salvador da Bahia. Mais recentemente, um conjunto de sete aeroportos em que a Vinci ganhou a concessão na região norte do Brasil, cujas obras de adaptação e melhoramento têm sido apoiadas pela Engexpor.



Como é que avalia o impacto destas operações que mencionou agora no crescimento global da Engexpor?


Foi relevante. Como empresa, temos evoluído ao longo dos anos e crescido significativamente. O Brasil deu, com certeza, um impulso importante.

Uma das vantagens em estarmos em mercados diferentes é a capacidade de reduzir o risco em termos do seu consolidado. Por exemplo, Angola já foi mais relevante do que é hoje em dia para o nosso grupo. Note-se que no Brasil, apesar de termos crescido, sofremos também com a desvalorização da moeda, o que impacta quando consolidamos as nossas contas. Portugal já foi muito menos relevante do que é hoje em dia.

A diversificação geográfica traz-nos maior segurança e capacidade de mitigar o risco.


Em relação à expansão internacional da empresa, começou, em parte, com a Expo 98, em Lisboa. Depois seguiu-se a entrada em mercados como o Brasil, Moçambique, Angola. Como é que essa expansão evoluiu ao longo dos anos e que estratégias é que implementaram para fortalecer a presença na Europa?


Em termos da expansão internacional, o primeiro passo relevante foi em 2004 quando iniciámos a nossa atividade em Angola. O mercado de Angola cresceu bastante desde essa altura e permitiu à Engexpor consolidar-se, inclusive quando veio a grande crise económica na Europa, em 2009. Por isso, acabou por ser um mercado muito relevante para a sustentabilidade do nosso grupo.

O segundo passo importante foi em 2011 a nossa reaposta no Brasil: tivemos uma equipa extremamente forte que se deslocou para o Brasil e montou aquilo que é hoje a nossa organização lá e que foi bastante relevante em termos de médio e longo prazo, para se tornar hoje num mercado estruturante e relevante para nós.

Na Europa, o único país onde estamos presentes é Portugal, em que, desde janeiro de 2017, com o grande investimento que fizemos, como há pouco relatei, temos tido um crescimento significativo. Em 2016, a nossa equipa em Portugal era de 15 a 20 pessoas. No final deste ano, vamos fechar com 180 pessoas, num total de 300 pessoas que o grupo tem.

Esta evolução mostra oito anos de um grande crescimento e isso foi possível porque fizemos efetivamente esses investimentos na melhoria da empresa e fomos diversificando muito os nossos serviços e consolidando para outros setores.


Mas pretendem fortalecer essa presença na Europa, para além de Portugal, ou estão mais focados nos restantes mercados que mencionou?


Pretendemos. Essa é a ambição que temos. Sabemos que não é fácil, que é difícil para uma empresa de serviços da nossa dimensão progredir para outros países da Europa. Traz diversos desafios e foi um dos principais motivos que nos fizeram juntar à ELITE. Foi um pouco entender melhor como é que conseguimos fazer essa expansão para outros países da Europa de forma gradual e sustentada e também entender que fontes de financiamento existem dentro do universo que a ELITE oferece, que permitam fazer essa expansão internacional na Europa.


Em relação ao programa ELITE, já deu o exemplo que um dos objetivos era preparar a expansão da empresa para o resto da Europa, além de Portugal. De que forma? Além desse objetivo, que outros é que vos levaram a participar no grupo da ELITE?


A nossa ambição é moderada no sentido em que queremos estar presentes em mais países da Europa, mas de forma gradual. A nossa participação na ELITE foi motivada por dois importantes objetivos. Um é o nível do conhecimento: queremos aprender e perceber como é que os outros países estão organizados e de que maneira é que esta plataforma nos consegue ajudar a implantar em novos mercados. O outro é do ponto de vista do financiamento, ou seja, a implantação de uma empresa de serviços noutro país envolve custos significativos, seja pela deslocação de pessoas para esse país, seja pela aquisição de empresa locais que depois possam ser transformadas naquilo que é o nosso modelo e forma de trabalhar.

Por isso, é necessário apoio ao nível de financiamento e temos a expectativa de, com a ELITE, aprender quais os diferentes modelos que têm à disposição das empresas. Portanto, foram estes dois vetores principais que nos levaram a aderir à World Trade Center Lisboa International Academy.



Effisus quer "crescer" e "abrir horizontes" com a ELITE


Começou há 20 anos em Famalicão e está presente um pouco por todo o mundo. A Effisus está focada, essencialmente, em duas linhas de negócio: a impermeabilização e a proteção antifogo para fachadas de edifícios. Com subsidiárias nos Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Espanha, já esteve envolvida em projetos emblemáticos como o estádio Santiago Bernabéu, em Espanha; o Hudson Yards, em Nova Iorque; a sede da Apple, na Califórnia; o Museu do Futuro e a torre Burj Al Arab, no Dubai, entre muitos outros.



Miguel Costa Freire
co-CEO da Effisus

Há cerca de um ano, a Viriato Capital, uma empresa de investimento que tem como fundadores Miguel Costa Freire e Pablo Alvarez Guerra, adquiriu a Effisus por reconhecer o "potencial" da empresa, com "um leque de produtos que podem ser aplicados em qualquer lugar do planeta".

De acordo com Miguel Costa Freire, atual co-CEO da Effisus, "o projeto da Viriato com a Effisus é de longo prazo" e o objetivo "é crescer". Para isso, contam também com o apoio da World Trade Center Lisboa International Academy by ELITE, com o objetivo de abrir os horizontes da equipa de direção através do networking e da formação, assim como partilhar experiências com outras empresas.


A Effisus foi fundada em 2005. Com quase 20 anos de existência, quais é que diria que foram os principais marcos?


Acredito que existiram vários marcos na trajetória da empresa. O primeiro que realmente mudou a nossa estratégia ocorreu em 2011, fruto do primeiro projeto internacional que fizemos em 2009 e 2010, relacionado com a sensibilização dos produtos ao fogo, portanto, materiais antifogo.

Este marco foi muito importante na história da Effisus porque fomos pioneiros, a nível mundial, neste framework dos materiais antifogo. Em 2011, a Effisus recebeu a primeira certificação internacional britânica para estes produtos antifogo dentro da linha das fachadas. Foi um virar de página, não só na empresa, mas também na concorrência e no próprio mercado, que começou por ser o britânico e que depois se foi expandindo para outros países.

Outro marco foi a abertura das subsidiárias internacionais, concretamente a entrada no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2019, quando a empresa foi constituída neste país, e, dois anos mais tarde, em 2021, quando abrimos o escritório no Reino Unido. Em julho deste ano, já sob o controlo da Viriato Capital, abrimos uma sucursal em Espanha e estamos agora a ponderar a abertura em novos mercados, como na Arábia Saudita, por exemplo.



No portefólio da Effisus existem soluções resistentes ao fogo, sistemas respiráveis, sistemas pára-vapor, entre outros. Estas soluções também contribuem para uma eficiência energética maior nos edifícios?


Nós temos, essencialmente, duas linhas de negócio. Uma de membranas de impermeabilização para as fachadas dos edifícios, normalmente os chamados arranha-céus. Outra mais vocacionada para a parte industrial e comercial, e que assenta em soluções de estancagem de pontos de infiltrações de água.

No que respeita às membranas de impermeabilização, o que estas fazem é, além de prevenir que a água entre, permitem um controlo da energia entre a temperatura do exterior e a temperatura no interior. De um ponto de vista prático, qual é a implicação a nível de eficiência energética mais imediata? É que, provavelmente, as casas não precisam de estar com o ar condicionado a funcionar no interior. Podem até nem ter ar condicionado.

Como estamos a falar de fachadas de edifícios altos, surge também a questão do fogo. O fogo normalmente, propaga-se de baixo para cima. Os nossos materiais em fachadas têm esta proteção antifogo: basicamente, impossibilitam, param ou reduzem o nível de propagação do fogo.

Tivemos vários exemplos internacionais que mudaram muito o marco regulatório deste tipo de produtos. Por exemplo, no Reino Unido, em 2017 ou 18, houve um incêndio gigante em que faleceram perto de 80 pessoas, na torre Grenfell. Aconteceu exatamente o que acabei de descrever: o incêndio começou nos pisos térreos e propagou-se para cima. Isto reforça a importância dos nossos produtos e soluções nesta parte das fachadas.

Em relação às soluções de estancagem, em qualquer ponto da estrutura do edifício onde possa haver infiltrações, temos produtos e soluções para qualquer situação. E a verdade é que 30% dos problemas de um edifício, em média, vêm de problemas de impermeabilização ou de infiltrações, o que depois pode levar a formação de bolor e consequentes problemas respiratórios.

Portugal tem um grande problema a nível do isolamento. Não só da impermeabilização, mas também acústico e térmico. E nós passamos frio dentro dos edifícios por causa disto. O que leva também a uma ineficiência energética brutal. Não são a maioria das casas que têm aquecimento central ou ar condicionado. Se olharmos para o todo do país, verificamos que essa é a exceção. Isto pode ser aplicado ao segmento residencial, como pode ser aplicado às infraestruturas.

Felizmente temos um portefólio de projetos bastante emblemático, porque somos reconhecidos como uma empresa que tem produtos de qualidade que se adequam às soluções pretendidas, mas também pelo nosso acompanhamento técnico – sobre o tipo de produtos, como é que os podemos aplicar, como é que os podemos manter, etc.

Dando exemplos, em Portugal, estivemos envolvidos nos dois edifícios da sede da EDP. Em Espanha, participámos na sede do BBVA, e, mais recentemente, no estádio Santiago Bernabéu; em Nova Iorque, fizemos o Hudson Yards, em Manhattan; trabalhámos também nos headquarters da Apple, na Califórnia. No Dubai, fizemos basicamente todos os edifícios emblemáticos, desde o Museu do Futuro ao Burj Al Arab – a torre semelhante à nossa Torre Vasco da Gama, na Expo – e estamos também no aeroporto de Dubai… Na Arábia Saudita, fizemos um projeto muito emblemático, que é uma nova estação de metro em Riad, na zona financeira, com a Martifer.

Neste momento, temos bastantes projetos em aeroportos, estamos a implementar um projeto gigante no metro do Dubai, e estamos a trabalhar em estádios de futebol. Posso partilhar que já trabalhámos com as coberturas dos anéis dos estádios dos três grandes, para que as pessoas que estão a assistir ao jogo possam estar abrigadas da chuva.





A Effisus faturou 7,8 milhões de euros em 2022 e terminou 2023 com uma faturação superior a 10 milhões. Que fatores contribuíram para este crescimento e quais são as expectativas para este ano?


Em relação ao ano passado, foi essencialmente o resultado da continuidade da nossa postura de proximidade e acompanhamento dos clientes, o lançamento de um novo produto e, sobretudo, uma maior expansão no mercado do Médio Oriente. Em 2023, começámos a participar em mais projetos na Arábia Saudita, que é uma tendência que estamos a ver este ano também.

Este ano, com a entrada da Viriato, o nosso objetivo, ao fazermos este investimento na Effisus, é crescer. Mas crescer apresenta muitos desafios, muitas dores de crescimento. E é realmente isto que estamos a fazer: focarmo-nos em estabelecer os processos e estruturas que permitam a uma empresa que foi fundada há 20 anos, em Famalicão, ser agora uma multinacional robusta, sólida, com processos escaláveis.

O reforço do capital humano também está a ser uma grande prioridade do novo grupo. Desde que entrámos [Viriato Capital] no capital da Effisus quase duplicámos o número de pessoas relacionadas com a parte comercial, tendo sido feito também um reforço ao nível internacional. Queremos continuar a ter como base Portugal – essa será a nossa sede –, mas queremos reforçar também as nossas subsidiárias a nível de capital humano, tanto no Reino Unido, como no Dubai ou em Espanha.

No geral, a entrada [da Viriato Capital] foi a pensar na profissionalização, no investimento em capital humano e na entrada em novos mercados.


Em termos de faturação, quer adiantar alguma previsão para este ano?


Esperamos fechar o ano com um crescimento em relação aos anos anteriores. Mas o projeto da Viriato com a Effisus é de longo prazo. Estamos mais focados em dar os passos certos agora e fazer os investimentos que mencionei para podemos catapultar a empresa para outros voos nos próximos anos.


Porque é que a Viriato Capital resolveu investir na Effisus? E, em contrapartida, em que é que a Effisus beneficia com a entrada da Viriato Capital?


A razão pela qual decidimos entrar na Effisus é clara: identificámos uma empresa com bastante potencial, um track record de projetos impressionante com um leque de produtos que servem um mercado muito grande e que podem ser aplicados em qualquer lugar deste planeta. Isto foi uma coisa que nos fascinou. Vimos oportunidades por todo o lado e também gostámos da parte cultural da empresa.

Os antigos acionistas fizeram um trabalho muito bom, criaram uma cultura ambiciosa, trabalhadora, com algumas práticas anglo-saxónicas, com as quais as empresas em Portugal podem beneficiar muito, especialmente empresas que competem no "teatro" global.

A entrada da Viriato trará mais estrutura e processos para podermos escalar não só mais rapidamente, mas de forma sustentável. A questão da entrada de novas pessoas é um desafio. Manter a parte cultural é uma das prioridades que vimos como uma das grandes vantagens desta empresa, mas, ao mesmo tempo, é um desafio. À medida que vamos adicionando novas nacionalidades, mais pessoas, talvez até, mais descentralização, ou seja, com um maior peso no estrangeiro, assistimos a um desafio também cultural: vamos adicionando mais religiões, mais culturas. Nós somos uma empresa com cerca de 40 colaboradores com 12 nacionalidades diferentes.

Estou confiante que a Viriato, ao ser um investidor financeiro muito presente e com muita experiência em PME, pode realmente ajudar a Effisus nesse sentido. Eu e o meu sócio estamos 100% dedicados à gestão da empresa, o que é uma grande diferença face a outro tipo de investidores financeiros.

Normalmente os fundos de private equity investem num portefólio de cinco ou dez empresas, mas depois têm uma participação no Conselho de Administração, porém, é uma participação não executiva. No nosso caso, também estamos nesse Conselho de Administração, mas somos 100% executivos.

Depois contamos com o apoio de vários investidores tanto locais, em Portugal, como estrangeiros, que têm uma experiência global e que nos podem abrir outro tipo de portas ao atuarmos neste "teatro" global.



Quais são as razões que motivaram a vossa participação na segunda edição da World Trade Center Lisboa International Academy by ELITE? Dentro dos três pilares da proposta de valor – formação, networking, fontes alternativas de financiamento –, quais é que estão nas prioridades da Effisus?


O objetivo principal foi o networking e permitir que várias pessoas da nossa equipa de direção pudessem ter esta exposição. Nós queremos ter uma empresa cada vez mais internacional e, para podermos executar este nosso plano, é importante que não só nós, como os restantes colaboradores, a começar pela nossa equipa de direção, que atualmente é constituída por nós os dois mais outras seis pessoas, tenham também esta possibilidade de abrir os horizontes, fazer networking e de se atualizarem a nível de formação.

Tentámos adotar uma estratégia em que vários membros da direção participassem, porque também as necessidades de cada um são diferentes. Acho que todos podemos beneficiar com o networking e com a formação também.

Em relação a alternativas de financiamento, estive presente numa sessão organizada pela ELITE com conteúdos dados pela Deloitte, em Lisboa, e, apesar do meu background ser financeiro – com experiência em banca de investimento e na gestão da Viriato – esta sessão foi muito útil, já que me permitiu não só atualizar os conhecimentos sobre as práticas de mercado ao nível de soluções de dívida e de capitais próprios, mas também ficar com uma melhor perceção de casos concretos, alguns mais pontuais, fruto da experiência dos outros membros da ELITE.

Essa é a grande diferença: quando passamos da parte teórica para a prática, ouvimos experiências de empresas que são completamente diferentes da nossa, mas que têm desafios semelhantes. Apesar de algumas operarem só lá fora ou só em Portugal ou não terem nada que ver com a impermeabilização, como gestor ou como gestores, há ali um overlap bastante forte dos desafios. Esta troca de ideias bem organizadas e estruturada facilitada pela ELITE e pelo World Trade Center Lisboa realmente traz mais-valias para uma empresa como a nossa.